JUSTIÇA | Notícia

Léo Lins condenado à prisão: entenda a decisão e a reação de outros humoristas

Condenação do humorista pela Justiça Federal tem gerado bastante discussão nas redes sociais, sobretudo entre humoristas e atores

Por Emannuel Bento Publicado em 06/06/2025 às 13:21 | Atualizado em 06/06/2025 às 13:23

* Com informações do Estadão Conteúdo

A condenação do humorista Léo Lins pela Justiça tem gerado bastante discussão nas redes sociais, sobretudo entre humoristas e atores.

A Justiça Federal condenou o comediante a oito anos e três meses de prisão, em regime inicialmente fechado, sob a acusação de ter feito "discursos preconceituosos contra diversos grupos minoritários" em uma apresentação divulgada no YouTube.

Ele também deverá pagar multa equivalente a 1.170 salários mínimos, considerando os valores da época da gravação, além de uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. Cabe recurso contra a sentença.

O que diz a defesa de Léo Lins

A defesa do humorista criticou a sentença e informou que vai recorrer. “Trata-se de um triste capítulo para a liberdade de expressão no Brasil, diante de uma condenação equiparada à censura”, disseram os advogados Carlos Eduardo Ramos e Lucas Giuberti.

Vídeo que originou denúncia

A condenação acolheu denúncia do Ministério Público Federal. O vídeo, produzido em 2022, mostra o show Perturbador, no qual o humorista fez uma série de declarações contra negros, idosos, obesos, pessoas vivendo com HIV, homossexuais, indígenas, nordestinos, evangélicos, judeus e pessoas com deficiência.

Em agosto de 2023, quando a veiculação do vídeo no YouTube foi suspensa por decisão judicial, a publicação já somava mais de três milhões de visualizações.

A disponibilização do conteúdo pela internet e a “grande quantidade de grupos sociais atingidos” foram fatores considerados pela Justiça para o aumento da pena. A decisão também apontou como agravante o fato de as declarações terem sido feitas em “um contexto de descontração, diversão ou recreação”.

Segundo a Procuradoria, “ao longo do show, o réu admitiu o caráter preconceituoso de suas anedotas, demonstrou descaso com a possível reação das vítimas e afirmou estar ciente de que poderia enfrentar problemas judiciais devido ao teor das falas”.

Humoristas defendem Léo Lins

LOURIVAL RIBEIRO/SBT
Danilo Gentili apresenta o programa The Noite, na TV Jornal/SBT - LOURIVAL RIBEIRO/SBT

Danilo Gentili saiu em defesa do comediante: “[A condenação] foi exagerada, passou de todos os limites.” O apresentador do The Noite iniciou um vídeo questionando a liberdade de expressão: “Qual foi o crime do comediante Léo Lins? Contar piadas em um show de humor."

"Piadas não geram gente morrendo, não geram intolerância, preconceito. São apenas piadas [...] Nos últimos tempos, algumas autoridades passaram a tratar comédia e ficção como se fossem verdade. Isso é regressão", afirmou Gentili.

Globo / Trouva
TELEVISÃO Marcos Mion apresenta o "Caldeirão" na TV Globo - Globo / Trouva

Entre as muitas opiniões sobre o caso, Marcos Mion e Marcelo Tas também se manifestaram, ambos a favor do comediante.

Mesmo discordando das piadas ofensivas, características do estilo de Léo Lins, Mion e Tas defenderam a liberdade artística. Para eles, é "absurdo" e "sem sentido" prendê-lo por isso.

Nos stories de seu perfil no Instagram, Mion refletiu sobre o caso e relembrou que já teve um embate com Lins no passado, por conta de uma piada sobre autismo. Mesmo assim, descreveu-o como um “excelente humorista”.

Pedro Cardoso apoia condenação

REPRODUÇÃO
Pedro Cardoso - REPRODUÇÃO

Uma voz dissonante foi a de Pedro Cardoso, conhecido por interpretar Agostinho Carrara em A Grande Família, que se posicionou favoravelmente à condenação.

Em um texto publicado na quinta-feira (5), no Instagram, Cardoso criticou duramente parte da cena do stand-up comedy no Brasil, afirmando que o gênero se tornou um espaço fértil para a propagação de discursos fascistas disfarçados de piada.

“Eu tenho dito, faz muito tempo, que o tipo de teatro a que chamam 'stand-up' se tornou um ninho no Brasil onde se desenvolveu o ovo da serpente do fascismo”, escreveu o ator. Para ele, embora existam bons comediantes no formato, muitos usam o palco como palanque para promover ideias agressivas.

Compartilhe

Tags