Cinema São Luiz recebe Adélia Sampaio, primeira mulher negra a dirigir longa no Brasil
"Amor Maldito", de 1984, será exibido neste sábado (12), com presença da diretora que abriu portas para a discussão de raça e gênero no audiovisual
O Cinema São Luiz, no Centro do Recife, terá uma exibição histórica neste sábado (12), às 15h, com uma sessão de "Amor Maldito", de Adélia Sampaio, primeira mulher negra a dirigir um longa distribuído comercialmente no Brasil. A diretora estará presente na exibição.
Se atualmente não existe equidade racial e de gênero nas produções cinematográficas e audiovisuais brasileiras, essa realidade era ainda mais difícil no lançamento desse longa, em 1984.
Sem recursos ou financiamentos, a diretora finalizou a obra inteiramente de modo cooperativo. O filme assim se tornou um marco político que ecoa até hoje por sua inventividade formal e enfrentamento de temas políticos relacionados à sexualidade, gênero e raça.
"Eu acho que o primeiro é um momento histórico de exibição de 'Amor Maldito' com a presença de Adélia Sampaio na sala, uma realizadora fundamental do cinema brasileiro que colocou na tela um debate sobre as questões de sexualidade, identidade, gênero e raça há 40 anos", disse o programador do Cinema São Luiz, Pedro Severien.
Indígena
Em seguida, haverá uma exibição de "Martírio", de Vincent Carelli, traz registros da grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá através de filmagens do nascedouro do movimento na década de 1980.
Carelli busca as origens deste genocídio, um conflito de forças desproporcionais: a insurgência pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.
Vincent Carelli é um antropólogo, indigenista e documentarista franco-brasileiro, fundador do projeto Vídeo nas Aldeias (1987), que forma cineastas indígenas.
"Esse é um dos filmes mais contundentes e mais importantes do cinema brasileiro contemporâneo na abordagem da relação dos povos indígenas com o território. A forma como os Guarani Kaiowá defendem o território demonstra, através da busca histórica que o filme faz, a necessidade de valorização, proteção e transformação da sociedade brasileira com a ação dos povos indígenas", diz Severien.
Confira a programação:
Sábado (12/04/25)
15h Amor Maldito (Classificação indicativa: 16 anos)
Adélia Sampaio, 1984, RJ, 80’
17h Martírio
Vincent Carelli, 2017, SP, 161’
Domingo (13/04)
11h Cinema para a Criança (Classificação Livre) Gratuita
Ciranda Feiticeira
Lula Gonzaga, 2023, PE, 8’
Direção: Lula Gonzaga e Tiago Delácio
Fazenda Rosa
Chico Beloto, 2017, PE, 9’
Meu nome é Maalum
Luísa Copetti, 2021, RJ, 8’
A menina e o pote
Valentina Homem e Tati Bond, 2024, 12’
