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TEORIA LITERÁRIA Ensaísta português é especialista na obra do autor de Os Lusíadas
Valentine Herold
Publicado em 28/10/2020 às 2:00
CAMPO Especialista nos séculos 16 e 17, Aguiar e Silva foi contra o acordo ortográfico da Língua Portuguesa Foto: DIVULGAÇÃO


O português Vítor Aguiar e Silva, professor universitário e autor de uma obra ensaística sobre Teoria Literária, foi anunciado como vencedor do Prêmio Camões 2020. Seu nome foi divulgado ontem pela Cultura de Portugal, Graça Fonseca, e escolhido por um júri formado por dois representantes brasileiros, dois portugueses e dois jurados de países africanos de língua portuguesa.

Conhecido por ser um dos signatários da Petição em Defesa da Língua Portuguesa Contra o Acordo Ortográfico, Vítor Aguiar e Silva nasceu em 1939, na freguesia de Real, na região de Penalva do Castelo.

Importante teórico português, é autor de 16 livros, dentre os quais Teoria da Literatura (1967), A Estrutura do Romance (1974), Camões: Labirintos e Fascínios (1994) e Dicionário de Luís de Camões (2011). Seu objeto de pesquisa é, há anos, a literatura portuguesa dos séculos 16 e 17, assim como a obra do próprio Luís Camões.

A admiração de Vítor Aguiar e Silva por Camões é notória. Ele participou da elaboração da proposta de criação do Instituto Camões, no início da década de 1990, como coordenador do grupo de trabalho. Também coordenou a Comissão Nacional de Língua Portuguesa (CNALP), tendo ainda sido membro do Conselho Nacional de Cultura.

"A atribuição do Prêmio Camões a Vítor Aguiar e Silva reconhece a importância transversal da sua obra ensaística, e o seu papel ativo relativamente às questões da política da língua portuguesa e ao cânone das literaturas de língua portuguesa", diz a justificativa da ata da reunião do júri.

Ainda acrescenta que, "no âmbito da teoria literária, a sua obra reconfigurou a fisionomia dos estudos literários em todos os países de língua portuguesa. Objeto de sucessivas reformulações, a Teoria da Literatura constitui-se como exemplo emblemático de um pensamento sistematizador que continuamente se revisita. Releve-se igualmente o importante contributo dos seus estudos sobre Camões."

O júri desta 32ª edição do Camões foi constituído pelos professores universitários António Hohlfeldt e Antonio Cícero, representando o Brasil; o escritor Tony Tcheka, de Guiné-Bissau, e o professor Nataniel Ngomane, de Moçambique; e os portugueses Carlos Mendes de Sousa e Clara Rowland, ambos professores.

O PRÊMIO

Criado em 1988 e lançado no ano seguinte pelos governos de Portugal e do Brasil, o Camões é dos mais prestigiados prêmios literários de língua portuguesas. Especialistas já apontavam para um nome português nesta edição, já que nas edições passada e retrasada os vencedores foram, respectivamente, o brasileiro Chico Buarque e o cabo-verdiano Germano Almeida.

O valor do prêmio é de 100 mil euros, valor dividido entre os dois países organizadores, e os autores vencedores são escolhidos não por um único título, mas pelo conjunto da obra.

Das 32 edições do Camões, 13 tiveram como vencedores escritores brasileiros. São eles: João Cabral de Melo Neto (1990), Rachel de Queiroz (1993), Jorge Amado (1994), Antonio Cândido (1998), Autran Dourado (2000), Rubem Fonseca (2003), Lygia Fagundes Telles (2005), João Ubaldo Ribeiro (2008), Ferreira Gullar (2010), Dalton Trevisan (2012), Alberto da Costa e Silva (2014), Raduan Nassar (2016) e Chico Buarque de Hollanda (2019).

A nomeação do cantor, compositor e escritor brasileiro na última edição causou inclusive uma polêmica internacional quando o presidente Jair Bolsonaro se recusou a assinar o diploma do prêmio. "A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo prêmio Camões", disse Chico Buarque na ocasião. A cerimônia de entrega do prêmio 2019 deveria ter ocorrida no último mês de abril, mas foi adiada devido à pandemia do novo coronavírus.

 

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