Fim de contratos expõe etarismo

Publicado em 20/09/2020 às 2:00


Após quase 54 anos de contrato, a TV Globo não renovou com o ator Tarcísio Meira, prestes a completar 85. Nem com a atriz Glória Menezes, sua esposa, que em outubro fará 86. Em março, o mesmo ocorreu a Stênio Garcia, 88 anos, com 47 de casa. Em junho, com Renato Aragão, o Didi, aos 85; 44 deles na empresa. E também com José de Abreu, de 74 anos, Vera Fischer, 68, e Miguel Falabella, 63. Já na última semana, a emissora encerrou os 44 anos de contrato fixo com Antônio Fagundes, hoje com 71. Embora, o novo regime contratual que a Globo implementa — por obra e pronto — atinja artistas de outras faixas etárias, as "demissões" desses nomes acenderam alerta que já rendeu a campanha virtual #EuQueroVeteranosNaTV. "[Desde] que haja um papel para mim, um papel adequado", disse Tarcísio Meira, ele volta à TV. Aí tem-se mais um problema: nas produções, são poucos os papéis para atores velhos; e menos ainda são os de relevância ou protagonismo. A opção por findar contratos longevos e a escassez de papéis revelam etarismo, discriminação contra pessoas ou grupos baseado na idade. A nossa sociedade vangloria a juventude e menospreza a velhice. O caso na TV deve acender alerta para geral, nas áreas diversas. Afinal, segundo o IBGE, os idosos já são 13% da população, percentual que deve dobrar nas próximas décadas. E tem outra: só não envelhece quem morre antes.

 

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