PL Antifacção asfixia PF, tira dinheiro da Receita e enfraquece operações, diz Haddad
Ministro reforçou importância de fortalecer órgãos como Ministérios Públicos Federal e dos Estados, PF, Receita e Coaf para combater crime organizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (19) que o texto do projeto de lei antifacção aprovado pela Câmara dos Deputados na noite de terça vai "asfixiar financeiramente" a Polícia Federal e retirar recursos da Receita.
O texto foi relatado pelo deputado federal e secretário de Segurança Pública licenciado do governo de São Paulo, Guilherme Derrite (PP-SP).
"Nós estamos com três operações muito importantes - e as maiores da história - em curso: o combate aos fundos da Faria Lima, que estavam lavando dinheiro para o crime organizado; temos o combate à máfia do combustível do Rio de Janeiro; e nós temos, desde ontem, a questão da fraude do serviço bancário", disse Haddad a jornalistas, no prédio da Vice-Presidência da República, em Brasília. "Essas operações vão ser enfraquecidas com esse projeto", pontuou.
O ministro também afirmou não ter conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o texto aprovado, mas destacou que deve levar ao presidente preocupações com a operação das aduanas, a cargo da Receita, e que haverá tempo para isso em uma viagem à África do Sul.
Haddad reforçou a importância de fortalecer órgãos como os Ministérios Públicos Federal e dos Estados, a PF, a Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para combater o crime organizado.
Para ele, o governo tem avançado para combater delitos como fraudes nos fundos de pensão, que atingiram até 25% do fundo de pensão de servidores públicos do Rio.
"Em menos de quatro meses, conseguimos começar a desbaratar quatro grandes esquemas de corrupção, crime organizado, lavagem de dinheiro. Nós não podemos deixar essas operações serem enfraquecidas por um relatório açodadamente votado, sem que os especialistas fossem ouvidos, sem que os órgãos fossem ouvidos adequadamente, à luz do dia", concluiu.