Roupas camufladas e drones com bombas: as táticas de guerra do CV na operação mais letal do Rio
Enquanto o governador Cláudio Castro chamou a ação de "sucesso", moradores denunciaram corpos com sinais de tortura e decapitação.
 
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Fotos e vídeos da megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, revelam que o Comando Vermelho (CV) utilizou táticas de guerra para enfrentar as forças de segurança. A ofensiva, que se tornou a mais letal da história do estado, terminou com 121 mortos, incluindo quatro policiais.
Segundo especialistas, a reação da facção criminosa expôs um novo e alarmante nível de sofisticação. Membros do CV foram vistos usando uniformes camuflados, coturnos e balaclavas. A tática mais chocante foi o uso de drones comerciais adaptados para lançar bombas (como granadas de mão) contra os policiais, uma estratégia que repete cenas de conflitos internacionais, como na Ucrânia e em Gaza.
O arsenal da facção incluía ainda câmeras termográficas para monitorar os policiais e bloqueadores de GPS.
Balanço oficial da operação
Na quarta-feira (29), a cúpula da segurança pública do Rio de Janeiro divulgou um balanço da operação, que visava reprimir o narcotráfico e apreender armamentos:
- Mortos: 121 (incluindo 4 policiais).
- Presos: 113 (dos quais 33 eram de outros estados).
- Adolescentes apreendidos: 10.
- Armas apreendidas: 118 (sendo 90 fuzis, 26 pistolas e 1 revólver).
- Explosivos apreendidos: 14 artefatos.
- Munições e Drogas: Milhares de munições e toneladas de drogas ainda não foram totalmente contabilizadas.
"Sucesso" x "Cena de necrotério"
Apesar de o governador Cláudio Castro (PL) ter classificado a operação como um "sucesso" e afirmado que as únicas "vítimas" foram os quatro policiais mortos, os relatos de moradores no dia seguinte pintam um cenário de terror e possíveis crimes de guerra.
Moradores relataram ao Estadão que precisaram recolher dezenas de corpos da mata. Segundo a associação de moradores da Penha, 72 corpos foram levados para a Praça São Lucas.
Testemunhas que participaram dos resgates afirmaram ter encontrado corpos com "sinais de tortura", amarrados, com marcas de facadas e pelo menos um caso de decapitação. "Fizeram um necrotério lá dentro da favela: abriram os corpos como se fossem médicos", relatou uma familiar de um dos mortos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)
 
                         
                                                                                             
                                                                                             
                                                                                    
                                            