Canibais de Garanhuns: condenado por matar mulheres 'reaparece' como pastor

Em vídeo, que só agora está viralizando nas redes sociais, Jorge Beltrão Negromonte afirmou que virou evangélico após apoio de missionário

Por Raphael Guerra Publicado em 24/07/2025 às 8:49

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O trio que ficou conhecido mundialmente como os "Canibais de Garanhuns" voltou a ganhar os holofotes novamente. Desta vez, após um vídeo antigo viralizar nas redes sociais mostrando que Jorge Beltrão Negromonte da Silveira virou pastor. Condenado por assassinatos de mulheres, ele confessou ter comido carne humana.

As imagens foram gravadas na Penitenciária Professor Barreto Campelo, na ilha de Itamaracá, onde Jorge cumpria pena. Desde 1º de abril deste ano, a unidade foi desativada. O condenado agora está no Presídio Policial Penal Leonardo Lago, no Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife. 

No vídeo, ao lado de dois evangélicos, Jorge relatou que mudou de vida após um missionário ajudá-lo, mostrando a palavra de Deus. "Muitos não sabem quem é Jorge Beltrão agora", afirmou o próprio. Não é possível determinar quando o vídeo foi gravado. 

REPRODUÇÃO
Vídeo foi gravado na Penitenciária Professor Barreto Campelo, que está desativada desde 1º de abril de 2025 - REPRODUÇÃO

Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) informou que oferece assistência religiosa em todas as unidades prisionais do Estado, "respeitando a liberdade de crença e as escolhas individuais das pessoas privadas de liberdade".

"A assistência é prestada por representantes de diversos segmentos religiosos, contribuindo para o fortalecimento espiritual, emocional e social dos internos", disse o texto. 

RELEMBRE O CASO DOS CANIBAIS DE GARANHUNS

Em abril de 2012, Jorge Beltrão, Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva ficaram conhecidos como os "Canibais de Garanhuns"

Eles foram presos no município de Garanhuns, Agreste de Pernambuco, após confessarem os assassinatos de mulheres que estavam desaparecidas na região.

Os restos mortais estavam enterrados na casa onde o trio morava com uma criança de 5 anos - filha de uma das vítimas. 

Na delegacia, Isabel deu o depoimento mais surpreendente. Confessou que, além do canibalismo, o trio fazia empadas com os restos mortais das vítimas. Os salgados eram vendidos pelas ruas de Garanhuns, segundo ela. Forminhas foram encontradas na residência.

Desenhos macabros e um livro com textos confusos e perturbadores feitos por Jorge, também foram achados e investigados pela polícia.

Eles chegaram a falar em até oito mulheres vítimas do "Cartel", uma suposta seita criada para diminuir a população do planeta - sob o argumento que aquelas mulheres atraídas pelo trio com a promessa de emprego deveriam ser mortas porque eram mães solteiras e não tinham condições de criar os seus filhos.

Depois que as vítimas eram assassinadas e esquartejadas, partes dos corpos serviam de alimento para trio.

As vítimas dos Canibais de Garanhuns

Jéssica Camila da Silva Pereira tinha 17 anos quando foi vista pelos canibais, em 2008. Ela estava com a filha nos braços andando pelas ruas do bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Recebeu uma proposta de emprego como doméstica e aceitou. Na época, Jorge, Bruna e Isabel viviam numa casa no bairro de Rio Doce, em Olinda, também no Grande Recife. Meses depois, Jéssica foi morta.

Somente com a prisão dos canibais, em 2012, a polícia investigou o desaparecimento da adolescente e descobriu que restos mortais estavam escondidos em paredes da casa. Exames de DNA comprovaram a identidade da vítima. Em depoimento à polícia, o trio contou que comeu a carne humana da adolescente e ainda deu para a criança - na época com idade entre 2 e 3 anos.

As outras vítimas foram Alexandra Falcão da Silva e Giselly Helena, cujos corpos foram encontrados enterrados na residência do trio em Garanhuns. As duas também haviam sido atraídas com propostas de empregos de babás, já que Isabel e Jorge se apresentavam como verdadeiros pais da criança.

Depois de meses de investigações, a polícia só conseguiu confirmar três assassinatos praticados pelo trio. 

ARTES JC
Vítimas dos canibais de Garanhuns - web - ARTES JC

CONDENAÇÕES

Os Canibais de Garanhuns foram condenados por todos os crimes. O trio segue cumprindo as penas em regime fechado. Isabel e Bruna estão na Colônia Penal Feminina de Buíque. 

No júri popular relacionado à morte de Jéssica, em 2014, Jorge foi condenado a 21 anos e seis meses de prisão e um ano e seis meses de detenção. Isabel e Bruna receberam as mesmas penas: 19 anos de prisão e um ano de detenção.

O Ministério Público recorreu em segunda instância e, em 2019, houve aumento das penas. Jorge recebeu 27 anos de prisão e um ano e meio de detenção. Isabel e Bruna passaram para 24 anos de prisão e um de detenção.

Mas, em dezembro de 2021, o recurso da defesa foi aceito pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reduziu novamente as penas dos Canibais de Garanhuns, graças à exclusão de algumas qualificadoras. Jorge passou para 18 anos e quatro meses de prisão e um ano de detenção. As duas mulheres ficaram com 17 anos e 8 meses de reclusão e um ano de detenção.

Em relação às mortes das vítimas em Garanhuns, Jorge recebeu a pena de 71 anos de prisão. Isabel pegou 68 anos. E Bruna foi condenada a 71 anos e dez meses de prisão. A defesa recorreu da sentença, mas a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) manteve as condenações

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