Guarda de Ipojuca, morto após agressão de adolescente, é sepultado sob forte comoção
Carlos Henrique atuava na Autarquia Municipal de Trânsito de Ipojuca há 14 anos, conhecido porsua dedicação, ele deixa esposa e um filho de 13 anos

O corpo do agente de trânsito Carlos Henrique Alves, de 44 anos, que morreu após ser agredido por um adolescente, foi sepultado no fim da manhã deste domingo (6), no Cemitério da Várzea, na Zona Oeste do Recife. Familiares, amigos e colegas de trabalho estiveram presentes para prestar homenagens.
Carlos Henrique atuava na Autarquia Municipal de Trânsito de Ipojuca há 14 anos. Em nota divulgada após a confirmação do falecimento, a Prefeitura destacou que ele era um profissional dedicado, de conduta exemplar e muito respeitado pela corporação.
"Neste momento, a dor é muito grande — sinto que só aumenta —, mas me sinto muito confortada com a quantidade de pessoas que vieram até aqui, desde amigos da nossa infância até os guardas que trabalharam com ele, inclusive de outros locais. Fico muito feliz, porque sei que meu irmão amava o que fazia", afirmou a enfermeira Bárbara Cristina Medeiros, irmã de Carlos Henrique, em entrevista à TV Jornal.
"Eu espero que ele [adolescente] pague pelo que fez. Em relação a ele e à família, preciso ser sincera e dizer que meu coração está em paz. Só queria que mudassem protocolos e leis, que houvesse alguma melhoria na proteção à vida dos guardas. Todo mundo entende que policiais civis e militares sabem se defender e têm todos os 'escudos', mas esquecem que os guardas municipais também são uma força — diferente, sim, mas com um papel muito importante", afirmou.
Bárbara também afirmou que a esposa de Carlos Henrique e o filho, de 13 anos, vão preservar o legado e a memória deixados por ele, mas que a família pretende se mudar de cidade após o crime.



O primo do guarda municipal, Márcio Medeiros, também falou com muita emoção. Ele relembrou a paixão de Carlos pelo time do coração, o Sport, mencionando diversos momentos vividos juntos desde a infância. Márcio destacou ainda a decisão da família de doar os órgãos do guarda.
"Já era um desejo manifestado por ele, então os irmãos e a esposa se reuniram e acharam por bem realizar a doação. Foram doados os dois rins, o fígado, o coração e as córneas", explicou. As informações são da repórter Cinthia Ferreira, da TV Jornal, que acompanhou o sepultamento no cemitério.
Morte Encefálica
Carlos Henrique estava em um posto de gasolina às margens da BR-101, na última quarta-feira (2), quando foi brutalmente agredido. De folga no momento do crime, ele estava sentado atrás de um carro quando um adolescente de 17 anos se aproximou e desferiu vários golpes em sua cabeça com um barrote. Câmeras de segurança registraram o momento da agressão.
O agente da Guarda Civil foi socorrido por colegas de trabalho e levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ipojuca. Devido à gravidade dos ferimentos, foi transferido para o Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, área central do Recife.
A morte encefálica foi confirmada pela família na manhã de sexta-feira (4). Segundo os familiares, o protocolo clínico para constatar a morte encefálica — dividido em três etapas — foi iniciado ainda na noite de quinta-feira (3) pela equipe médica do HR, com o objetivo de verificar a ausência de atividade cerebral.
Motivação ainda é desconhecida
O adolescente foi apreendido pela Polícia Civil enquanto estava na casa de parentes, no bairro do Jordão, Zona Sul do Recife. Após a captura, foi encaminhado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), localizado no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da cidade.
Familiares da vítima revelaram que a agressão pode ter sido motivada por um episódio ocorrido em abril deste ano. Na ocasião, o jovem, que tinha 16 anos na época, foi abordado por guardas municipais enquanto pilotava uma motocicleta sem capacete. Havia suspeita de que o veículo fosse roubado.
O caso aconteceu em frente à sede da Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes de Ipojuca, no bairro de Nossa Senhora do Ó. Câmeras de segurança registraram uma troca de agressões entre o adolescente e o agente. A confusão terminou com a apreensão da motocicleta.