VIOLÊNCIA URBANA | Notícia

Recife: 74% dos adolescentes e jovens não se sentem seguros nas comunidades onde vivem

Diante desse contexto, a Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2 lança, nesta quarta-feira (11), projeto de cultura de paz em 5 localidades da capital

Por Raphael Guerra Publicado em 10/06/2025 às 14:49

A falta de ações do poder público para tirar os adolescentes e jovens da situação de vulnerabilidade nas comunidades do Recife é indicada pela maioria deles como um entrave no combate à criminalidade. Uma pesquisa revelou que 74% dos entrevistados da faixa etária entre 14 a 29 anos se sentem pouco ou nada seguros onde vivem. 

O estudo é uma iniciativa do projeto Juventudes pela Cultura de Paz, que será lançado nesta quarta-feira (11) na capital pernambucana pela Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2, organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O objetivo é promover ações que evitem a violência - tão presente sobretudo nas áreas periféricas. 

De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 252 pessoas foram assassinadas no Recife somente entre janeiro e maio deste ano. Mais de 47% das vítimas eram adolescentes ou jovens. É essa faixa etária que será alvo da iniciativa, com foco em cinco localidades: Morro da Conceição, Alto José Bonifácio, Alto do Brasil (no bairro do Alto Santa Terezinha), Linha do Tiro e Brejo da Guabiraba.

"A escolha das localidades levou em consideração os índices de vulnerabilidade e violência, mas também onde a Igreja Católica já conta com iniciativas de cultura de paz. O Alto do Brasil, por exemplo, tem com aulas de karatê para os jovens", explicou Mona Mirella, assessora do Programa Infância, Adolescência e Juventude (PIAJ) da Cáritas Nordeste 2. 

Na pesquisa, 93% dos 1,5 mil entrevistados disse não conhecer ações de prevenção à violência juvenil na comunidade onde vivem ou escola. Além disso, em relação à violência no ambiente escolar, as formas mais citadas por eles foram o bullying, racismo e LGBTfobia.

"Embora muitas pessoas saibam identificar violências de gênero, racial ou policial, a maioria ainda não sabe como denunciar essas violações, o que revela uma desconexão preocupante entre os direitos garantidos por lei e o acesso real à justiça nas comunidades. Esse cenário reforça a urgência de implementar ações consistentes e participativas, que fortaleçam o protagonismo juvenil, articulem redes comunitárias de apoio e disseminem uma cultura de paz”, disse Mona Mirella. 

O projeto é uma parceria com a Cáritas Alemã e terá duração inicial de quatro anos. Prevê a formação de redes de jovens, capacitações em direitos humanos para agentes da segurança pública, criação de centros de mediação de conflitos e ações de incidência política.

EVENTO DE LANÇAMENTO

O lançamento será na quadra do Centro de Reabilitação e Valorização da Criança (Cervac), localizada no Morro da Conceição, a partir das 14h, com apresentações culturais e participação de grupos, coletivos e juventudes locais. O projeto também será realizado de forma simultânea na Paraíba e Ceará. 

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