SISTEMA PRISIONAL | Notícia

Presídio de Igarassu, o mais superlotado de PE e investigado por corrupção, terá transferência de presos

Unidade conta com mais de 5,7 mil detentos, mas só tem capacidade para cerca de 1,2 mil. Parte será levada para o Complexo Prisional do Curado

Por Raphael Guerra Publicado em 08/05/2025 às 15:34 | Atualizado em 08/05/2025 às 15:38

O Presídio de Igarassu, atualmente o mais superlotado de Pernambuco e alvo de investigação pelo forte esquema de corrupção, vai passar por um processo de transferência de parte dos presos. Atualmente, há mais de 5,7 mil, mas a capacidade é de cerca de 1,2 mil.

Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), diante da grave situação em que se encontra a unidade prisional, detentos serão removidos, ao longo do mês de maio, para o Presídio Policial Penal Leonardo Lago, localizado no Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife. 

A unidade, inaugurada no final do ano passado, tem capacidade para 954 presos. No entanto, parte das vagas já é ocupada por detentos que estavam na Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá, desativada no mês passado devido à falta de estrutura. 

Apesar das transferências previstas, o número de vagas disponíveis é insuficiente. Na prática, haverá pouco impacto e o Presídio de Igarassu vai permanecer superlotado.

A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização informou, em nota, que "por medida de segurança, não repassa o quantitativo de presos que serão realocados".

A superlotação no Presídio de Igarassu se agravou a partir do final de 2022, quando houve a determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que 70% dos presos do Complexo Prisional do Curado fossem retirados - devido à condenação do Estado brasileiro pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. 

Nos meses seguintes, o Presídio de Igarassu e o Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel) passaram a contar com mais detentos e a situação só piorou. 

ANÁLISE DE PROCESSOS DOS PRESOS

O TJPE informou que, desde o início do ano, foi criada uma força-tarefa para analisar e, se necessário, "agilizar o andamento de processos de encarcerados no Presídio de Igarassu que ainda não possuem sentença condenatória, atuando em conjunto com os juízos criminais e de execução responsáveis".

POLÍCIA FEDERAL INVESTIGA CORRUPÇÃO NO PRESÍDIO DE IGARASSU

O Presídio de Igarassu ganhou destaque nacionalmente após a deflagração da operação La Catedral, em 25 de fevereiro deste ano. Na ocasião, o ex-diretor da unidade Charles Belarmino de Queiroz e mais sete policiais penais foram presos preventivamente suspeitos de integrar uma organização criminosa que beneficiava presos em troca de propina. 

O inquérito da Polícia Federal, ainda em andamento, indica que detentos tinham acesso a drogas, bebidas alcoólicas, garotas de programa e festas. Em troca, policiais penais e o ex-diretor recebiam pagamentos em dinheiro, via Pix, comidas por meio de delivery e até joias. 

No dia 8 de abril, na segunda fase da operação, o ex-secretário executivo de Administração Penitenciária e Ressocialização, André de Araújo Albuquerque, também foi preso preventivamente

As investigações continuam para identificar outros servidores e presos envolvidos no esquema de corrupção na unidade.

Os investigados devem responder pelos crimes de tráfico e associação para o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, corrupção, prevaricação, promoção ou facilitação de ingresso de aparelho telefônico em presídio e participação em organização criminosa.

"Com relação aos atos de corrupção verificados na unidade, há uma investigação em curso, efetivada pela Polícia Civil e pelo Judiciário, que afastou agentes penitenciários de suas funções, cumprindo determinações judiciais", afirmou, em nota, o TJPE.

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