Última quimioterapia vira momento de emoção e homenagem no Recife

Tetraplégica e em tratamento contra câncer de mama, Yoko recebe homenagem emocionante da equipe de remoção ao encerrar ciclo de quimioterapia

Por Vinícius Veloso, Maria Clara Trajano Publicado em 04/12/2025 às 16:03 | Atualizado em 04/12/2025 às 16:40

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Cinco meses depois de iniciar o tratamento contra o câncer de mama, Yoko Farias Sugimoto viveu, nesta terça-feira (2), um dos capítulos mais marcantes de sua trajetória recente.

Com tetraplegia desde a juventude e enfrentando uma das fases mais desafiadoras de sua vida, ela encerrou o ciclo de quimioterapia cercada de balões, cartazes e mensagens de apoio preparadas pela equipe da ambulância responsável por suas remoções.

O gesto inesperado transformou o percurso até o hospital em uma celebração de força, fé e resistência.

“Foi profundamente tocante. Assim que entrei na ambulância, vi balões, cartazes e mensagens como ‘guerreira’, ‘determinada’ e ‘dia da vitória’. Do lado de fora, tinha ‘última quimio, buzine’”, relatou Yoko.

Durante todo o trajeto, ela ouviu motoristas de carros, motos e caminhões aderindo ao gesto e buzinando em apoio. “Cada buzina era como um abraço. Senti que não estou sozinha nessa luta”.

Surpresa em um dia que quase não aconteceu

O momento ganhou ainda mais significado porque, naquela manhã, um problema com o plano de saúde havia impedido a autorização do transporte. Mesmo assim, a equipe da ambulância decidiu levá-la.

“A remoção foi excepcional. Eles se solidarizaram e me tranquilizaram. Isso me comoveu muito”, disse Yoko.

A técnica de enfermagem Wendy e o motorista Floro, que acompanharam Yoko durante todo o tratamento, foram os responsáveis pela homenagem — e fizeram questão de participar mesmo estando de folga. A ideia, conta Wendy, nasceu da própria alegria da paciente.

Cortesia
Yoko e equipe da ambulância - Cortesia

“Ela sempre dizia que queria que o dia da última quimio fosse especial. Então pensamos: por que não fazer algo alegre, que deixasse esse momento ainda mais marcante?”, contou a técnica.

Segundo Wendy, mesmo nos dias mais difíceis, Yoko mantinha fé e leveza.

“Na ambulância, colocávamos louvores, músicas, conversávamos. Ela nunca deixou de sorrir ou agradecer a Deus. A alegria dela estava sempre viva”.

“Deus enviou anjos”

Para Yoko, que perdeu a mãe ainda jovem, cresceu sob os cuidados da avó e não tem familiares próximos, o carinho recebido tem um significado ainda maior.

“Por ser órfã, Deus enviou anjos amigos ao longo da vida. Eles me visitaram no hospital, comemoraram comigo. E a maneira como a equipe me tratou fez toda a diferença. Floro e Wendy se tornaram anjos nesse processo”, disse, emocionada.

Uma nova etapa após meses de luta

A história de Yoko foi contada pelo Jornal do Commercio em agosto, quando ela buscava recursos para manter o tratamento oncológico e renovar as cadeiras de rodas desgastadas pelo tempo.

Na ocasião, relatou sua rotina de desafios impostos pela tetraplegia e pelas barreiras de acessibilidade — dificuldades que seguem presentes, mas agora acompanhadas por uma rede ainda maior de solidariedade.

Ao olhar para trás, ela resume a jornada com gratidão: “Essa homenagem é um reconhecimento da força que precisei encontrar dentro de mim. Se não fosse Deus na minha vida, tudo seria mais difícil. Hoje, sinto esperança”.

Com o fim da quimioterapia, Yoko inicia uma nova fase do tratamento, seguindo acompanhada pela equipe oncológica.

“Eu agradeço por cada gesto, cada oração e cada buzina. A luta continua, mas sigo com fé, com força e cercada de pessoas que Deus colocou no meu caminho”, conclui.

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