Ministério da Saúde cria auxílio para transporte de pacientes com câncer em radioterapia
Novo benefício custeará deslocamento, alimentação e hospedagem de pacientes do SUS, reduzindo o abandono do tratamento e as desigualdades regionais
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Pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que precisam se deslocar longas distâncias para realizar tratamento de radioterapia passam a contar com um auxílio financeiro exclusivo.
O Ministério da Saúde anunciou a criação do benefício, que cobre custos de transporte, alimentação e hospedagem, garantindo que nenhum paciente deixe de se tratar por falta de recursos financeiros.
Atualmente, os pacientes do SUS percorrem, em média, 145 quilômetros até os centros de radioterapia. Com a nova medida, cada paciente e seu acompanhante receberão R$ 150 para refeições e hospedagem e R$ 150 por trajeto. O objetivo é reduzir as desigualdades no acesso e o abandono de tratamento.
“Ninguém deixará de se tratar por falta de recursos”
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que a iniciativa faz parte do programa Agora Tem Especialistas, criado para ampliar o diagnóstico e o tratamento do câncer em todo o país.
“Estamos fazendo o maior Outubro Rosa da história dos 35 anos do SUS. Nosso desafio é consolidar a maior rede pública de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer”, afirmou.
O secretário de Atenção Especializada à Saúde, Mozart Salles, reforçou o impacto social da medida:
“Quase 40% dos pacientes do SUS buscam atendimento fora de sua região de saúde. Esse benefício representa um alívio no custo das famílias e garante acesso para quem vive em regiões rurais”.
Ampliação o atendimento oncológico
O novo auxílio integra um pacote de ações do Agora Tem Especialistas. O Ministério anunciou um investimento adicional de R$ 156 milhões por ano para que os serviços de radioterapia ampliem o atendimento, incluindo até 60 novos pacientes por unidade.
O valor total repassado ao setor chegará a R$ 907 milhões anuais — um aumento de 20,7%.
Com a nova portaria, os repasses passam a ser feitos conforme o número de procedimentos realizados, estimulando o uso máximo dos aceleradores lineares — equipamentos que realizam as sessões de radioterapia.
Serviços que ampliarem o número de atendimentos receberão bônus de produtividade:
- 10% a mais por procedimento entre 40 e 50 novos pacientes;
- 20% entre 50 e 60;
- 30% acima de 60 novos pacientes.
Expansão da rede
A estratégia também envolve a mobilização do setor privado. Hospitais e clínicas com e sem fins lucrativos poderão atender o SUS se destinarem pelo menos 30% da capacidade instalada à rede pública por um período mínimo de três anos.
Outra medida é a criação da Assistência Farmacêutica Oncológica (AF-Onco), que garante financiamento federal integral para medicamentos de câncer no SUS. Com isso, o ministério espera reduzir os preços em até 60% nas compras nacionais e reembolsar estados e municípios por gastos com demandas judiciais.
Expansão da radioterapia no País
Com investimento total de R$ 2,4 bilhões, o Agora Tem Especialistas prevê a entrega de 121 novos aceleradores lineares até 2026, o que permitirá o tratamento de mais de 84 mil pacientes por ano. Hoje, o SUS conta com 369 equipamentos, que realizaram 180,6 mil procedimentos em 2024, um aumento de 16% em relação a 2022.
Também estão em andamento ações itinerantes para diagnóstico e prevenção. As 28 carretas da saúde da mulher percorrem 22 estados com foco no câncer de mama e do colo do útero, enquanto mutirões em áreas indígenas e hospitais universitários já somam 65 mil atendimentos neste ano.
“Essas portarias reorganizam toda a lógica de cuidado ao paciente com câncer, conectando atenção básica, especializada e hospitalar”, destacou o secretário executivo Adriano Massuda.
*Com informações do Ministério da Saúde