Exercícios regulares ajudam a reduzir dor e melhorar qualidade de vida de mulheres com endometriose
Atividade física fortalece a região lombo-pélvica, diminui crises de dor e pode até reduzir o risco de desenvolver a doença, aponta especialista
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A endometriose afeta, aproximadamente, uma em cada dez mulheres no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, e provoca dores intensas que comprometem a rotina e a qualidade de vida.
Além dos tratamentos clínico e cirúrgico, a atividade física regular tem se mostrado uma aliada importante no cuidado dessas pacientes, aponta o ginecologista Jardel Pereira Soares, especialista em videolaparoscopia e autor do livro Descomplicando a Endometriose.
Segundo o médico, diversos estudos recentes indicam que o exercício físico atua diretamente na melhora da dor, na força abdominal e na estabilidade lombo-pélvica, fatores essenciais para aliviar sintomas que acompanham muitas mulheres por anos.
“Os programas de atividade física supervisionada têm demonstrado benefícios importantes, inclusive para reduzir pensamentos catastróficos relacionados à dor e melhorar o bem-estar emocional”, afirma.
Soares destaca que programas multimodais, que combinam exercícios aeróbicos, de resistência e estabilização pélvica, são os que apresentam melhores resultados. Ele ressalta, porém, que o plano de treino deve ser individualizado. “São pacientes que, muitas vezes, convivem há muito tempo com dor intensa. É preciso adaptar cargas e permitir progressão gradual”.
Alimentação e suplementação antes do treino
Para evitar desconfortos ou sobrecarga pélvica durante os exercícios, o ginecologista orienta priorizar alimentos leves antes do treino.
“A recomendação é escolher itens de fácil digestão, pobres em gordura e ricos em carboidratos complexos, como raízes e cereais integrais, com proteína moderada”, explica. Ele cita como boas opções:
- banana;
- arroz branco;
- pão integral;
- iogurte natural;
- ovos cozidos;
- frutas vermelhas;
- castanhas.
Sobre suplementos, o uso é permitido, mas requer cautela. “Os energéticos devem ser evitados, pois geralmente contêm doses altas de cafeína, taurina e guaraná, substâncias que podem interferir negativamente nos focos da endometriose”, alerta.
Exercício regular também ajuda na prevenção
A prática contínua de atividade física pode ainda reduzir o risco de desenvolver a doença. Soares destaca um estudo publicado no American Journal of Epidemiology, que acompanhou 3.800 mulheres e mostrou que aquelas que se exercitavam regularmente desde a adolescência tinham redução de até 40% no risco de desenvolver endometriose.
O efeito protetor foi ainda maior em quem realizava treinos vigorosos por três horas semanais ou mais.
O ginecologista reforça que o exercício não substitui o tratamento médico, mas agrega resultados importantes. “A supervisão de um profissional capacitado é essencial para evitar movimentos inadequados que possam agravar a dor. Com orientação correta, é possível ganhar força, mobilidade e qualidade de vida”.