Exercícios regulares ajudam a reduzir dor e melhorar qualidade de vida de mulheres com endometriose

Atividade física fortalece a região lombo-pélvica, diminui crises de dor e pode até reduzir o risco de desenvolver a doença, aponta especialista

Por Maria Clara Trajano Publicado em 18/11/2025 às 17:21

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A endometriose afeta, aproximadamente, uma em cada dez mulheres no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, e provoca dores intensas que comprometem a rotina e a qualidade de vida.

Além dos tratamentos clínico e cirúrgico, a atividade física regular tem se mostrado uma aliada importante no cuidado dessas pacientes, aponta o ginecologista Jardel Pereira Soares, especialista em videolaparoscopia e autor do livro Descomplicando a Endometriose.

Segundo o médico, diversos estudos recentes indicam que o exercício físico atua diretamente na melhora da dor, na força abdominal e na estabilidade lombo-pélvica, fatores essenciais para aliviar sintomas que acompanham muitas mulheres por anos.

“Os programas de atividade física supervisionada têm demonstrado benefícios importantes, inclusive para reduzir pensamentos catastróficos relacionados à dor e melhorar o bem-estar emocional”, afirma.

Soares destaca que programas multimodais, que combinam exercícios aeróbicos, de resistência e estabilização pélvica, são os que apresentam melhores resultados. Ele ressalta, porém, que o plano de treino deve ser individualizado. “São pacientes que, muitas vezes, convivem há muito tempo com dor intensa. É preciso adaptar cargas e permitir progressão gradual”.

Alimentação e suplementação antes do treino

Para evitar desconfortos ou sobrecarga pélvica durante os exercícios, o ginecologista orienta priorizar alimentos leves antes do treino.

“A recomendação é escolher itens de fácil digestão, pobres em gordura e ricos em carboidratos complexos, como raízes e cereais integrais, com proteína moderada”, explica. Ele cita como boas opções:

  • banana;
  • arroz branco;
  • pão integral;
  • iogurte natural;
  • ovos cozidos;
  • frutas vermelhas;
  • castanhas.

Sobre suplementos, o uso é permitido, mas requer cautela. “Os energéticos devem ser evitados, pois geralmente contêm doses altas de cafeína, taurina e guaraná, substâncias que podem interferir negativamente nos focos da endometriose”, alerta.

Exercício regular também ajuda na prevenção

A prática contínua de atividade física pode ainda reduzir o risco de desenvolver a doença. Soares destaca um estudo publicado no American Journal of Epidemiology, que acompanhou 3.800 mulheres e mostrou que aquelas que se exercitavam regularmente desde a adolescência tinham redução de até 40% no risco de desenvolver endometriose.

O efeito protetor foi ainda maior em quem realizava treinos vigorosos por três horas semanais ou mais.

O ginecologista reforça que o exercício não substitui o tratamento médico, mas agrega resultados importantes. “A supervisão de um profissional capacitado é essencial para evitar movimentos inadequados que possam agravar a dor. Com orientação correta, é possível ganhar força, mobilidade e qualidade de vida”.

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