Endometriose: descubra os seis D’s por trás de uma das doenças mais comuns entre mulheres
Marcada por dor intensa e dificuldade para engravidar, a endometriose afeta cerca de 7 milhões de brasileiras. Conheça os principais sintomas

Dor durante a menstruação, nas relações sexuais e até para ir ao banheiro. Esses são alguns dos sinais da endometriose, condição que afeta cerca de 7 milhões de mulheres no Brasil e 186 milhões no mundo, segundo dados recentes do censo internacional.
Os seis D’s
Para facilitar a identificação da doença, especialistas costumam resumir os principais sintomas na chamada “doença dos seis D’s”:
- Dismenorreia: dor intensa durante a menstruação
- Dispareunia: dor durante a relação sexual
- Disquesia: dor ou dificuldade para defecar
- Disúria: dor ou dificuldade ao urinar
- Dificuldade para engravidar: um dos principais fatores de infertilidade
- Dor pélvica crônica: dor constante na região pélvica
Apesar de tão prevalente, o diagnóstico da endometriose ainda costuma ser tardio — muitas vezes, só é feito quando a paciente tenta engravidar e descobre que está com dificuldades.
A gravidade da doença se manifesta principalmente em dois aspectos: dor e infertilidade.
“A dor pélvica é um dos sintomas mais intensos, frequentemente causada por infiltrações nos órgãos próximos ao útero, como o reto, a bexiga, os ovários ou as trompas de Falópio", explica o ginecologista Ricardo de Almeida Quintairos, presidente da Comissão de Endometriose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
"Essa dor pode ser debilitante e afetar significativamente a qualidade de vida das mulheres. Por outro lado, a infertilidade também é um sintoma grave da endometriose. Embora algumas mulheres não sintam dor intensa, elas enfrentam dificuldades para engravidar e o diagnóstico da doença vem, muitas vezes, quando a mulher apresenta a dificuldade em conceber”, ressalta.
No Dia Internacional da Luta Contra a Endometriose, 7 de maio, especialistas reforçam a importância do diagnóstico precoce.
A doença será um dos temas abordados no 62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (CBGO), de 14 a 17 de maio, no Riocentro (RJ).
Além dos fatores genéticos e imunológicos, um dos principais mecanismos que contribuem para o surgimento da endometriose é a menstruação retrógrada, quando o fluxo menstrual retorna para a cavidade abdominal, permitindo que células do endométrio se implantem fora do útero.
Estilo de vida saudável ajuda no controle
Embora ainda não haja cura definitiva, é possível controlar os sintomas da endometriose.
Práticas como exercícios físicos regulares, alimentação equilibrada, redução de açúcares e carne vermelha, além da ingestão adequada de água, ajudam a controlar a inflamação causada pela doença.
“A endometriose é uma doença inflamatória e, como tal, adotar um estilo de vida saudável pode melhorar significativamente a qualidade de vida das mulheres afetadas”, afirma Quintairos.
O tratamento costuma começar com abordagens clínicas, que podem incluir mudanças na alimentação e uso de hormônios que inibem a ovulação. Quando os sintomas persistem, a cirurgia é considerada — principalmente nos casos em que a doença afeta intestino, ovários ou nervos.
“A decisão de partir para a cirurgia depende da localização da endometriose, seja no intestino, no peritônio, nos nervos ou nos ovários”, detalha o médico.
Conscientização é essencial
A falta de diagnóstico precoce é uma das principais razões para a evolução da doença a quadros mais graves, com dores crônicas e até sequelas irreversíveis.
Daí a importância de ações educativas voltadas às mulheres e também à capacitação de profissionais de saúde.
“Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, mais eficaz será o tratamento, evitando que a paciente desenvolva sequelas irreversíveis. O objetivo é que as mulheres possam procurar ajuda de forma espontânea e, com isso, reduzir o impacto da endometriose em suas vidas”, finaliza o médico.