Tornado no Paraná: coordenador do Samu Recife integra missão da Força Nacional do SUS para ajudar vítimas da tragédia

Médico segue para Rio Bonito do Iguaçu, cidade que teve 80% da área urbana devastada por ventos de 250 km/h. Mais de 10 mil pessoas estão desalojadas

Por Cinthya Leite Publicado em 08/11/2025 às 19:08 | Atualizado em 08/11/2025 às 19:19

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O Ministério da Saúde enviou, neste sábado (8), uma equipe da Força Nacional do SUS (FN-SUS) ao município de Rio Bonito do Iguaçu (PR), epicentro de um tornado de grande intensidade que devastou cerca de 80% da área urbana. Entre eles, está o médico Leonardo Gomes, coordenador-geral do Samu Metropolitano do Recife e coordenador do Serviço Aeromédico da Força Nacional do SUS.

Ele tem atuação destacada em áreas de atendimento pré-hospitalar e emergências, como as enchentes que já ocorreram no Rio Grande do Sul. "A FN-SUS está onde o Brasil precisa. Essa frase diz muito, em mais uma missão que eu sigo. Que eu possa ajudar quem mais precisa neste momento, que Deus siga cuidando da minha saúde e da minha família", diz Leonardo. 

A comitiva do governo federal avalia os danos, presta assistência imediata e coordena ações conjuntas de resposta com o governo do Paraná e a Defesa Civil Nacional.

"Rio Bonito do Iguaçu é uma cidade de cerca de 14 mil habitantes, e, infelizmente, cerca de 10 mil dessas pessoas estão hoje desalojadas. Quase tudo está destruído. Os ventos chegaram a 250 quilômetros por hora (algo comparável ao que seria uma categoria 5, o que representa o nível mais alto de destruição)", destaca Leonardo. 

De acordo com dados da Defesa Civil do Paraná e do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), o Estado do Paraná registrou 55 municípios impactados por tempestades, com mais de 31 mil pessoas afetadas.

Ari Dias/AEN
Equipes da Saúde do Paraná já fizeram mais de 750 atendimentos a vítimas do tornado - Ari Dias/AEN

Em Rio Bonito do Iguaçu, a tragédia foi a mais severa: 10 mil moradores (o equivalente a 77% da população) foram diretamente atingidos, com cinco mortes confirmadas, 125 feridos e mais de mil pessoas desalojadas.

"Nosso papel é realizar um diagnóstico situacional: entender o que está acontecendo, quais são as principais demandas e como está a assistência à população desalojada. Há muita gente ferida, pessoas doentes, e também o risco de disseminação de doenças nos abrigos, já que há muita aglomeração", frisa Leonardo. 

A equipe da Força Nacional do SUS foi mobilizada em Nível Operacional 2, com capacidade de resposta intermediária e foco em recompor o funcionamento da rede local de saúde.

As primeiras ações incluem triagem e estabilização de feridos, reorganização dos fluxos assistenciais e farmacêuticos, avaliação de risco sanitário secundário (água, resíduos e vetores), além do apoio psicológico à população.

A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA-PR) informa que, com a mobilização de hospitais de diferentes cidades, mais de 750 pessoas que ficaram feridas no tornado já foram atendidas neste sábado (8). Além de unidades de Laranjeiras do Sul, Guarapuava e Cascavel, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também foi mobilizado.

Um dos hospitais de Laranjeiras do Sul já fez 448 atendimentos, incluindo três cirurgias de ortopedia e uma geral. E 52 pacientes dessa unidade foram transferidos para os de maior porte, em Guarapuava e Cascavel. Na outra unidade hospitalar, foram 136 atendimentos, incluindo de crianças e gestantes, além da realização de cinco procedimentos cirúrgicos.

Na UBS, 125 pessoas foram atendidas, e outros 18 atendimentos foram realizados na faculdade. 

Caso seja necessário, a FN-SUS está pronta para instalar um hospital de campanha modular, com capacidade de até 150 atendimentos diários, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA-PR).

"O trabalho da Força Nacional do SUS é justamente oferecer esse suporte inicial, organizar a assistência à saúde e, a partir disso, convocar outros profissionais que possam se somar a essa missão. O cenário é muito grave, mas a gente vai com o objetivo de ajudar a reestruturar minimamente o atendimento e dar um apoio às pessoas que estão em uma situação de extrema vulnerabilidade", diz Leonardo. 

Situação da rede saúde local

Com a destruição de parte significativa das unidades de saúde e o colapso parcial dos serviços de energia e abastecimento, os atendimentos de urgência foram redirecionados para o Hospital Regional de Laranjeiras do Sul, que atua como referência provisória para a região.

As Unidades Básicas de Saúde da zona rural seguem parcialmente inoperantes, e há comprometimento nos estoques de medicamentos e vacinas.

"Nossa prioridade é garantir que cada pessoa atingida receba atenção em saúde, escuta e acolhimento. Atuaremos ao lado do governo do Estado e do município para restabelecer o funcionamento da rede de saúde e devolver um pouco de segurança e esperança às famílias de Rio Bonito do Iguaçu", diz o coordenador da Força Nacional do SUS, Rodrigo Stabeli.

A Força Nacional do SUS

Desde 2023, a Força Nacional do SUS realizou mais de 60 missões em 23 Estados, com mais de 60 mil atendimentos diretos e 1.500 profissionais capacitados.

Em 2025, as ações se concentraram em respostas a arboviroses, secas, enchentes e grandes eventos, como a COP30, em Belém (PA), com hospital de campanha operando 24 horas.

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