Especialistas apontam relação entre uso de canetas emagrecedoras e queda de cabelo

Médicos também abordaram tratamento multidisciplinar durante inauguração do Centro de Pesquisa e Ciência Capilar do Grupo Boticário

Por Laís Nascimento Publicado em 05/11/2025 às 22:55

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Movimentando mais de 50 milhões de dólares, o mercado das canetas emagrecedoras tem sido objeto de estudo para diferentes especialidades médicas em todo o mundo. A projeção é que até 2030, o movimento no mercado quadruplique e chegue a quase 200 milhões de dólares.

No Brasil, país que só fica atrás do Estados Unidos na venda das canetas e buscas nos meios digitais, o debate tem afetado também o setor da beleza.

O tema foi discutido na última segunda-feira (3) durante a inauguração do Centro de Pesquisa e Ciência Capilar do Grupo Boticário em São José dos Pinhais, no Paraná.

Mediado por Gustavo Dieamant, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo, o painel “O impacto das canetas emagrecedoras na saúde capilar e no futuro do mercado de beleza” contou com a presença do Dr Carlos André Minanni, endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein, e da Dra Romana Novais, médica tricologista.

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Especialistas debateram impacto das canetas emagrecedoras na saúde capilar e no mercado de beleza - Divulgação

Segundo Minanni, a popularização das canetas emagrecedoras está diretamente ligada ao aumento do excesso de peso da população.

Ele destacou que “estamos vivendo uma pandemia relacionada ao ganho de peso da população”: em 2006, 12% da população tinha excesso de peso e, na última pesquisa, o número subiu para 30% - se somar aos índices de sobrepeso, chega a 60% das pessoas.

Entre os efeitos adversos observados com o uso das canetas, Romana Novais destacou queda de cabelo, afinamento e mudanças na textura dos fios. De acordo com ela, esses sintomas são efeitos secundários, ou seja, respostas indiretas do organismo à rápida perda de peso provocada pelo tratamento.

Minanni explicou que isso acontece porque as canetas “imitam” um hormônio que o intestino produz, com o objetivo de sinalizar que o corpo já recebeu alimento suficiente, tornando a digestão mais lenta e reduzindo o apetite.

“O que os remédios fazem é mimetizar esse efeito, com potencial de atingir 20 a 22% de perda de peso, que só se observava com cirurgia bariátrica”, explicou.

Os especialistas afirmaram que com o emagrecimento rápido e excessivo, o organismo se readequa aos gastos energéticos e, por isso, "reserva" os principais nutrientes para órgãos vitais como o coração, os pulmões e os rins.

Para Gustavo Dieamant, os benefícios das canetas emagrecedoras “são inegáveis”, mas ainda há lacunas científicas sobre seus efeitos adversos.

“O que nos motivou a fazer essas pesquisas é para tratar as possíveis causas e consequências para melhorar tanto a saúde do folículo como do fio que já está preso no couro cabeludo”, completou.

Tratamento

Durante o painel, os médicos abordaram o tratamento para combater a queda de cabelos durante o uso das canetas emagrecedoras.

Carlos André e Romana Novais pontuaram que é essencial que o tratamento seja multidisciplinar e que os efeitos adversos mudam de acordo com cada paciente, reunindo especialidades como nutrição e endocrinologia.

Investimento em pesquisas

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Centro de Pesquisa e Ciência Capilar do Grupo Boticário estuda soluções e produtos sobre cabelo e couro cabeludo com especialistas - Divulgação

Além do estudo científico sobre as canetas emagrecedoras, o Centro de Pesquisa e Ciência Capilar do Grupo Boticário firma parcerias com pesquisadores e especialistas para desenvolver soluções e produtos sobre cabelo e couro cabeludo.

Dentre as novidades apresentadas está o uso de biotecnologia proprietária, uma solução de menor impacto ambiental que atende à demanda por cosméticos naturais e veganos.

Também são desenvolvidas tecnologias como a pele 3D com folículo, que permite testar a eficácia de produtos, o mapeamento da microbiota do couro cabeludo brasileiro, com fomento Embrapii e em parceria com o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados e o uso de bioinformática e sequenciamento genético para compreender a saúde capilar ao longo do tempo.

Além da relação entre o uso das canetas emagrecedoras e a queda de cabelos, outro estudo apresentado na inauguração do Centro abordou a biologia do envelhecimento capilar.

De acordo com a pesquisa, após os 45 anos de idade, a densidade dos fios de cabelo das mulheres pode cair até 20% devido às mudanças hormonais, a redução na produção de óleo e o dano ao microbioma. De acordo com o Grupo, o estudo permite desenvolver novos produtos que possam atender às necessidades de cada cliente.

*A repórter viajou e acompanhou o painel a convite do Grupo Boticário

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