Governo federal cria sala de situação para monitorar intoxicações por metanol e reforça estoques de antídotos no SUS
Medida foi anunciada após aumento atípico de casos em São Paulo e Pernambuco. Ministério da Saúde coordena distribuição emergencial de antídotos

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O governo federal oficializou, por meio de publicação no Diário Oficial da União desta segunda-feira (6), a sala de situação nacional – intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica, com o objetivo de monitorar casos e coordenar ações de resposta em todo o País.
A criação do grupo ocorre após o aumento anormal de notificações de intoxicação por bebidas adulteradas, principalmente nos estados de São Paulo e Pernambuco.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a medida é uma resposta rápida diante de um cenário inédito. “Estamos diante de uma situação anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica em relação à intoxicação por metanol no país”, afirmou.
Estrutura e funcionamento da sala de situação
De caráter colegiado e temporário, a sala será coordenada pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) e reúne representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Conselho Nacional de Saúde (CNS), além das secretarias de Saúde de Pernambuco e São Paulo.
Também participam os ministérios da Agricultura e Pecuária e da Justiça e Segurança Pública, responsáveis pelo controle e investigação dos casos.
O espaço permitirá o acompanhamento sistemático das notificações, articulação entre os centros de toxicologia (CIATox) e os laboratórios públicos, além da orientação técnica aos Estados e municípios sobre diagnóstico e tratamento.
Ampliação dos estoques de antídotos
Como parte das ações emergenciais, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol, medicamentos essenciais no tratamento de intoxicações por metanol.
O envio das primeiras remessas começou no último sábado (4), contemplando os estados de Bahia, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal.
Esses novos lotes se somam às 4,3 mil ampolas já entregues aos estoques do SUS, em parceria com a Ebserh.
Parcerias e protocolos internacionais
A aquisição do fomepizol foi viabilizada em parceria com o Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e um fabricante japonês.
“O etanol farmacêutico e o fomepizol são tratamentos comprovados e reconhecidos pela comunidade médica internacional. Essa ampliação assegura que nenhum paciente fique sem acesso ao tratamento adequado”, destacou Padilha.
Diagnóstico e resposta rápida
Três laboratórios públicos foram mobilizados pela Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária (RNLVISA) para análise imediata das amostras: o Lacen-DF, o Laboratório Municipal de São Paulo e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).
A Anvisa também identificou 604 farmácias de manipulação aptas a produzir etanol farmacêutico, garantindo cobertura em todas as capitais.
Riscos e orientações à população
O metanol é uma substância altamente tóxica e pode causar cegueira, sequelas neurológicas graves e morte. Os sintomas incluem dor abdominal, visão turva, confusão mental e náuseas, que podem surgir entre 12 e 24 horas após o consumo.
As autoridades reforçam que a população deve evitar bebidas sem rótulo, selo fiscal ou lacre de segurança e procurar atendimento médico imediato em caso de suspeita. Profissionais de saúde devem notificar os casos e acionar o CIATox local para receber orientações sobre o manejo clínico.
*Com informações da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República