Alterações motoras podem ser sinal de autismo e ainda passam despercebidas na infância

Na semana do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, curso propõe capacitação para promover inclusão por meio de estratégias terapêuticas

Por Cinthya Leite Publicado em 16/09/2025 às 17:13 | Atualizado em 16/09/2025 às 17:18

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Imagine uma criança que não consegue ficar sentada à mesa por muito tempo para fazer algo simples, como desenhar, escrever ou estudar. Ela se mexe constantemente, escorrega da cadeira, apresenta expressões desconfortáveis e tem dificuldades para manter a atenção por alguns minutos.

À primeira vista, esses comportamentos podem parecer apenas desatenção ou agitação comuns da infância, mas especialistas alertam: também podem ser sinais sutis de um comprometimento motor.

O problema é que nem todo mundo consegue identificar essas pistas. Segundo as terapeutas ocupacionais Kelly Lins e Manuella Maciel, alterações motoras podem ser um dos primeiros indícios clínicos em crianças que apresentam o transtorno do espectro autista (TEA).

Dificuldades no controle postural, na coordenação motora e no equilíbrio são recorrentes e muitas vezes negligenciadas nos ambientes em que as crianças estão inseridas. A escola é um deles. 

Capacitação

O curso Alterações motoras, autismo e cotidiano: avaliação e intervenção tem como foco disseminar essa mensagem e compartilhar orientações sobre o tema. As aulas serão ministradas nos dias 20 e 21 de setembro (sábado e domingo), de forma presencial, por Kelly e Manuela.

O conteúdo programático considera os princípios da integração sensorial, do Conceito Bobath e da Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) da Organização Mundial de Saúde. O curso é voltado a acompanhantes terapêuticos, educadores, estudantes e profissionais de terapia ocupacional.

A formação dos próximos dias 20 e 21 propõe uma reflexão sobre o papel dos profissionais na participação social de crianças neurodivergentes, ao alinhar a atuação clínica com os princípios da inclusão e do pertencimento.

Para Kelly Lins, a verdadeira inclusão acontece quando a criança participa de seu cotidiano com independência.

"Identificar precocemente as alterações motoras é fundamental para que possamos intervir no momento certo, com estratégias que façam sentido para a vida da criança e sua família, promovendo o verdadeiro sentimento de pertencimento", reforça Kelly.

Atenção aos sinais

As especialistas destacam que uma dificuldade no planejamento motor, por exemplo, impacta nas ações cotidianas, como amarrar os sapatos, andar de bicicleta, vestir-se sozinho, desenhar ou escrever.

Já o déficit de equilíbrio pode comprometer a participação nas brincadeiras, em atividades físicas, nas apresentações da escola e, até mesmo, na locomoção.

Também são comuns sinais como hipotonia, que é o baixo tônus muscular, alterações posturais e padrões de marcha atípicos, como andar na ponta dos pés.

Intervenção precoce faz a diferença

A falta da percepção corporal e da intervenção precoce pode gerar impactos em outras áreas do desenvolvimento infantil.

"Queremos alertar que uma dificuldade motora não é apenas aquela criança que não andou ou não engatinhou. Muitas vezes, isso não está claro nem para os profissionais da infância. Precisamos aprender a observar o movimento como uma variável que pode interferir em aspectos cognitivos, emocionais e sociais", explica Manuella.

Ela acrescenta que esse olhar mais amplo já é bastante discutido fora do Brasil. "Agora, queremos trazer essa discussão para a nossa realidade e para outros profissionais."

 

Serviço: 

  • Curso Alterações motoras, autismo e cotidiano: avaliação e intervenção
  • Datas: 20 e 21 de setembro de 2025
  • Local: Praça Miguel de Cervantes, 60 - Ilha do Leite, Recife - Empresarial Pernambuco Corporate, Sala 605
  • Inscrições pelo Sympla: https://encurtador.com.br/trzlw
  • Investimento: R$ 704,70. Inscrição pode ser parcelada em até 12 vezes. 

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