Pernambuco registra 3,5 mil mortes por doenças cardíacas em apenas cinco meses de 2025
Óbitos crescem em faixas etárias mais jovens; especialistas reforçam importância do diagnóstico precoce e de hospitais acreditados no atendimento

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As doenças cardiovasculares seguem como uma das maiores ameaças à saúde pública no Brasil e no mundo. Entre janeiro e maio de 2025, Pernambuco registrou 3.532 mortes relacionadas a problemas no coração, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE).
O número preocupa, sobretudo, porque os óbitos não se concentram apenas entre idosos: pessoas a partir dos 40 anos já representam uma parcela significativa das vítimas.
De acordo com o levantamento, homens são os mais afetados, com 1.964 mortes, contra 1.566 entre mulheres. Na faixa dos 40 a 49 anos, foram 228 óbitos; entre 50 e 59 anos, 484; já dos 60 aos 69, 783; entre 70 e 79, 892. O maior número, porém, está entre pessoas com mais de 80 anos, que somaram 1.008 mortes.
Doenças cardiovasculares em perspectiva global
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, em 2022, 19,8 milhões de pessoas morreram em decorrência de doenças cardiovasculares — cerca de 32% de todas as mortes registradas no planeta.
Desses casos, 85% foram causados por infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Mais de três quartos ocorreram em países de baixa e média renda, como o Brasil.
No cenário nacional, o Ministério da Saúde confirma que as doenças cardiovasculares, especialmente o infarto agudo do miocárdio, continuam liderando o ranking de mortalidade. Apenas no primeiro semestre de 2025, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 1,6 milhão de atendimentos ambulatoriais relacionados ao infarto.
Pernambuco também enfrenta mortes por AVC
Além dos problemas cardíacos, Pernambuco soma números elevados de acidentes vasculares cerebrais. Entre janeiro e maio deste ano, foram 1.470 mortes por AVC e outros 303 casos com sequelas. A faixa etária acima dos 80 anos concentrou 444 óbitos, seguida por pessoas de 70 a 79 anos (412), 60 a 69 (303) e 50 a 59 anos (176).
Em 2024, o Estado já havia registrado 3.777 mortes causadas pelo AVC. No Brasil, entre 2023 e junho de 2025, o Ministério da Saúde destinou R$ 949,2 milhões para custear procedimentos relacionados à doença, tanto hospitalares quanto ambulatoriais.
Acreditação hospitalar pode salvar vidas
Na avaliação de especialistas, a qualidade do atendimento no pronto-socorro é determinante para evitar mortes por infarto e AVC. A acreditação hospitalar, processo conduzido por entidades como a Organização Nacional de Acreditação (ONA), tem se mostrado essencial para padronizar fluxos clínicos e agilizar diagnósticos.
“O protocolo de dor torácica, por exemplo, exige que um eletrocardiograma seja realizado em até 10 minutos após a chegada do paciente com dor no peito. Essa rapidez aumenta as chances de diagnóstico precoce e tratamento adequado, salvando vidas”, explica Gilvane Lolato, gerente geral de Operações da ONA.
Além disso, hospitais acreditados reforçam a cultura de segurança do paciente, utilizando checklists, comunicação clara entre equipes e treinamentos frequentes para médicos, enfermeiros e técnicos.
“O preparo da equipe multiprofissional faz toda a diferença. Reconhecer sintomas, agir com rapidez e evitar falhas de comunicação pode reduzir significativamente os índices de mortalidade”, acrescenta Gilvane.