Setembro Amarelo: conheça a origem da campanha de prevenção ao suicídio
Inspirada em iniciativa dos EUA, ação da Associação Brasileira de Psiquiatria mobiliza sociedade há mais de 10 anos para falar sobre saúde mental

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O Setembro Amarelo, maior campanha de conscientização sobre prevenção do suicídio no Brasil, nasceu de uma iniciativa comunitária nos Estados Unidos, em 1994.
Naquele ano, o jovem Mike Emme, de 17 anos, tirou a própria vida. Apaixonado por carros, ele havia restaurado um Mustang 1968 e pintado de amarelo.
Durante o funeral, familiares e amigos distribuíram cartões com laços amarelos e mensagens de apoio, gesto que deu início a um movimento nacional em defesa da saúde mental.
Inspirado por essa experiência, o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), trouxe a campanha para o Brasil em 2013.
No ano seguinte, a ação foi oficialmente incorporada ao calendário nacional em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM).
Crescimento no Brasil
Em mais de uma década, a campanha ampliou seu alcance, levando ações de conscientização para empresas, escolas, órgãos governamentais e organizações da sociedade civil.
A ABP estima que já foram realizados milhares de eventos, palestras e atividades educativas em todo o País, incentivando o diálogo aberto sobre saúde mental.
O movimento também chegou ao Legislativo e firmou parcerias estratégicas, como a realizada em 2024 com o Ministério da Defesa, que ajudou a expandir a campanha para diferentes regiões do País.
Dados preocupantes
Segundo o Ministério da Saúde, entre 2016 e 2021 o Brasil registrou um aumento expressivo nas taxas de mortalidade por suicídio entre adolescentes: 49,3% entre jovens de 15 a 19 anos e 45% entre crianças de 10 a 14 anos.
A maioria dos casos está relacionada a transtornos mentais não diagnosticados ou tratados de forma inadequada.
Esses números reforçam a importância de políticas públicas de saúde mental e de campanhas como o Setembro Amarelo para reduzir o estigma e ampliar o acesso a atendimento qualificado.
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Materiais e prevenção
Para fortalecer a mobilização, a ABP produziu cartilhas gratuitas com informações seguras e baseadas em evidências. O material é direcionado a diferentes públicos:
- Pais e responsáveis, com orientações sobre como abordar saúde mental com crianças e adolescentes;
- Profissionais da imprensa, com recomendações para noticiar casos de forma ética e responsável;
- População em geral, com informações sobre sinais de alerta e onde buscar ajuda.
Um compromisso contínuo
Com o lema “Se precisar, peça ajuda”, o Setembro Amarelo reforça que o suicídio pode ser prevenido. O investimento em saúde mental, ampliação de serviços públicos especializados e combate ao estigma são passos fundamentais para salvar vidas.
Embora o mês de setembro concentre as ações, especialistas lembram que o tema deve estar presente durante todo o ano.
“Falar sobre saúde mental e garantir acesso a tratamento gratuito e de qualidade precisa ser um compromisso diário”, reforça a ABP.