De símbolo a estratégia digital: Zé Gotinha continua forte, e campanhas ganham novo impulso com o iFood

Campanhas de saúde pública não podem mais se limitar ao "intramuros" das unidades de saúde. É preciso atravessar a rua, o bairro e o feed de notícias

Por Cinthya Leite Publicado em 27/08/2025 às 16:34 | Atualizado em 27/08/2025 às 17:27

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O acordo firmado entre o Ministério da Saúde e o iFood, que prevê a divulgação de campanhas de vacinação, saúde do homem e outras iniciativas através do aplicativo, site e rede da empresa, é um exemplo de como políticas públicas precisam dialogar com a vida das pessoas.

De uns tempos para cá, campanhas educativas e de vacinação se concentraram em cartazes nos postos de saúde, anúncios oficiais em redes sociais e chamadas na TV aberta. Embora importantes, esses formatos já não são suficientes em uma sociedade hiperconectada, na qual a atenção da população está pulverizada em aplicativos e plataformas digitais.

Ao firmar uma cooperação com o iFood, que alcança mais de 55 milhões de clientes e 450 mil entregadores em todo o Brasil, o Ministério da Saúde expande suas mensagens para espaços do cotidiano.

Isso mostra que não adianta mais apenas divulgar informes, mas ir até onde as pessoas estão: nas telas do celular além das redes sociais, nos aplicativos que fazem parte da rotina diária, nos pontos de apoio de entregadores.

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Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e CEO do iFood, Diego Barreto - DIVULGAÇÃO

Na década de 1980, o Zé Gotinha nasceu para mobilizar multidões e dar rosto às campanhas de imunização. Hoje ele continua na mesma missão, com um alcance simbólico que precisa ser renovado. As campanhas devem se reinventar, encontrar novas linguagens e ocupar outros espaços para manter a relevância.

Esse movimento precisa ser entendido como estratégico e não pontual. Se a meta é aumentar a cobertura vacinal, combater desinformação e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), é preciso multiplicar parcerias como essa: com aplicativos, empresas de tecnologia, redes varejistas, serviços de streaming e qualquer espaço onde circulam milhões de brasileiros.

Campanhas de saúde pública não podem mais se limitar ao intramuros das unidades de saúde. Elas precisam atravessar a rua, o bairro e ir além do feed de notícias. Dessa forma, os governos ampliam sua capacidade de comunicação e transformam a mensagem em algo próximo, acessível e inserido na rotina.

O desafio da saúde pública no século 21 não é apenas oferecer serviços, mas construir adesão, que se conquista quando a mensagem chega de forma clara, frequente e no lugar certo.

O acordo com o iFood é um passo importante nessa direção. Agora, o que se espera é que secretarias estaduais e municipais sigam o exemplo e multipliquem esse tipo de iniciativa.

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