Centenários em expansão: Pernambuco dobra número de idosos a partir de 100 anos em duas décadas
Número de pessoas que chegam a 100 anos cresce. Cenário reforça necessidade de políticas preventivas para transformar longevidade em qualidade de vida
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O crescimento da população centenária no Brasil expõe tanto conquistas quanto dilemas. Se, de um lado, a longevidade é celebrada como fruto do avanço da saúde pública e da medicina, de outro, impõe ao País o desafio de garantir que envelhecer mais também signifique envelhecer melhor: com autonomia, qualidade de vida e acesso a cuidados especializados.
Só em Pernambuco, de acordo com dados do Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas com 100 anos ou mais quase dobrou em pouco mais de duas décadas: passou de 1.121, em 2000, para 2.141 em 2022. O aumento representa um crescimento de 91%.
O Recife desponta como a sexta cidade do Brasil e a terceira do Nordeste com maior número absoluto de centenários. São 338 moradores da capital pernambucana que ultrapassaram o marco dos 100 anos.
No cenário brasileiro, a quantidade de centenários saltou 67% entre 2010 e 2022: passou de 22,7 mil para 37,8 mil pessoas. Hoje, o País tem 55 idosos (com 65 anos ou mais) para cada 100 jovens de até 14 anos. Há apenas uma década, essa proporção era de 31 para cada 100.
O bônus da longevidade
"Viver mais não é mais um feito raro. Mas viver bem, com autonomia e saúde, é o verdadeiro desafio da longevidade", diz o diretor médico da MedSênior no Recife, Alexandre Cunha. A MedSênior tem previsão de inauguração da primeira unidade própria, na cidade, ainda em 2025. A operadora é especializada no atendimento ao público a partir dos 49 anos, com foco em medicina preventiva.
"Com acompanhamento médico, atenção à saúde metabólica e hábitos preventivos adotados desde a meia-idade, é possível chegar aos 80, 90 ou 100 anos com qualidade de vida", frisa Alexandre.
Para o médico, a longevidade deixou de ser um acaso para se tornar um projeto. "A ciência mostra que boa parte do nosso envelhecimento é determinado por hábitos saudáveis, e não apenas pelo nosso histórico familiar. Com informação, orientação médica e mudança de mentalidade, é possível envelhecer com saúde e independência", explica.
O novo idoso
O médico destaca que as pessoas atualmente com 50, 60 e até 70 anos não se parecem mais em nada com a imagem do idoso que era retratada há algumas décadas. "Essas pessoas estão cada vez mais ativas - social, profissional e economicamente. A cada ano que passa, representam uma fatia maior da população."
Em Pernambuco, além dos mais de 2 mil centenários, a população idosa (65 anos ou mais) já representa 10,2% dos habitantes do Estado. No recorte regional, o Nordeste concentra 43% de toda a população centenária do Brasil, o que reforça a importância de se discutir políticas públicas, serviços, cuidados e hábitos voltados ao envelhecimento saudável e ativo.
"É inviável discutir longevidade hoje sem falarmos de qualidade de vida. E, sem dúvida, a maior aliada desse debate é a medicina preventiva. Essa especialidade é a principal responsável por munir os pacientes de informação, promover a mudança de mentalidade e transformá-los nos protagonistas do seu próprio projeto de bem envelhecer", destaca Alexandre.