Programa federal envia 17 médicos especialistas a Pernambuco, quatro vezes menos que ao Ceará

Distribuição contempla todos os Estados do Nordeste; Pernambuco recebeu menos que Ceará, Bahia, Maranhão, Rio Grande do Nort e Piauí

Por Cinthya Leite Publicado em 26/08/2025 às 20:40 | Atualizado em 26/08/2025 às 20:53

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O Ministério da Saúde selecionou 501 médicos que vão atuar em todo o País pelo programa Agora Tem Especialistas. Distribuídos em 212 municípios dos 26 Estados e do Distrito Federal, eles serão encaminhados a regiões onde há falta desses profissionais.

Para o Nordeste, que historicamente conta com menor número de médicos especialistas, serão 260 profissionais. Distribuição contempla todos os Estados da região: Pernambuco recebeu mais que Paraíba, Alagoas e Sergipe, mas menos que Ceará, Bahia, Maranhão, Rio Grande do Norte e Piauí.

O destaque vai para o Ceará, que receberá 64 médicos, e a Bahia, com 48.

Já para o Maranhão serão destinados 43 profissionais; Rio Grande do Norte, 32; Piauí, 27; Pernambuco, 17; Paraíba, 14; Alagoas, 10; e Sergipe, 5.

O Ministério da Saúde informa que, para a distribuição das vagas, observou as demandas do Sistema Único de Saúde (SUS) nos Estados e municípios. Assim, priorizou regiões com número de especialistas abaixo da média nacional, de 184 especialistas por 100 mil habitantes.

A pasta diz ter considerado também a capacidade instalada da rede pública para a oferta da assistência especializada, além do perímetro de deslocamento da população até o local onde o atendimento é realizado.

No interior

Do total de médicos selecionados, 67% reforçarão o atendimento no interior do Brasil em especialidades como cirurgia geral, ginecologia, anestesiologia e otorrinolaringologia.

O objetivo é ampliar a assistência à saúde da população, o que reduz o deslocamento para os grandes centros urbanos. Ao considerando as regiões remotas do País, 25,7% atuarão em áreas classificadas como de alta ou muito alta vulnerabilidade; 20% na região da Amazônia Legal; e 9% em áreas de fronteira.

Esses profissionais integram a primeira chamada de edital inédito do Agora Tem Especialistas - que, pela primeira vez, selecionou médicos que já são especialistas para atuarem no Sistema Único de Saúde (SUS).

Com 12 anos de experiência em média, eles vão reforçar o atendimento em 258 hospitais, policlínicas, centros de apoio diagnóstico e outras unidades da rede pública nas cinco regiões do Brasil.

"Precisamos de iniciativas ousadas como o Mais Médicos Especialistas, que vai garantir, pela primeira vez, a atuação de profissionais especialistas no SUS e reduzir o tempo de espera da população por atendimento", comentou o ministro Alexandre Padilha, em coletiva que anunciou o resultado da seleção.

A iniciativa atraiu o interesse de 993 médicos especialistas, que se inscreveram. Desse total, 501 já vão iniciar o atendimento a partir de setembro.

Outros 400 profissionais não selecionados, nesta primeira chamada, ficam em lista de espera e podem concorrer a outras oportunidades em uma segunda etapa.

Médicos que só atuavam na rede privada passam a atender no SUS

Entre os 501 selecionados, 131 (26%) trabalharam anteriormente apenas em hospitais privados. Pela primeira vez, eles passarão a atender os pacientes da rede pública, o que representa um avanço do programa em vista da Demografia Médica de 2025. O estudo aponta que, atualmente, a maior concentração de médicos especialistas está na rede privada de saúde. Apenas 10% atendem o SUS exclusivamente.

Do total de selecionados, 75% serão destinados a hospitais públicos para a realização de cirurgias, internações e tratamentos, como radioterapia e quimioterapia.

Outros 18% serão alocados em ambulatórios, onde farão consultas e exames, como endoscopia, ecocardiograma, colonoscopia, colposcopia e ultrassonografia. Os demais profissionais atuarão em unidades de apoio diagnóstico e terapêutico.

Grandes distâncias serão reduzidas para pacientes do SUS

Com o reforço desses profissionais, pacientes do SUS que moram no Sertão da Paraíba, por exemplo, não precisarão mais percorrer até 500 quilômetros para receberem tratamento em João Pessoa, capital.

Assim que os oito médicos de várias especialidades iniciarem as atividades em Patos (PB), que fica no Sertão, essa distância será reduzida em até 400 quilômetros. A expectativa é que o município aumente em 30% a capacidade de atendimento no hospital regional, que receberá os novos profissionais. 

Cursos de aprimoramento para atuação no SUS

Para atuarem no SUS, os médicos selecionados contam com 16 cursos de aprimoramento em áreas como cirurgia, ginecologia, anestesiologia e otorrinolaringologia.

O diferencial da capacitação é que eles vão atuar na rede pública, na prática, com a mentoria de profissionais de excelência da Rede Ebserh e de hospitais do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS).

Os selecionados contarão com uma bolsa-formação de até R$ 20 mil, valor definido conforme a vulnerabilidade social e sanitária dos locais onde vão atuar. Os cursos terão duração de 12 meses.

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