Uso do fio dental pode reduzir risco de AVC, aponta estudo

Pesquisa da American Heart Association indica relação entre higiene interdental e prevenção de doenças cardiovasculares

Por Maria Clara Trajano Publicado em 13/08/2025 às 19:04

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O uso regular do fio dental pode ir muito além de prevenir cáries e gengivite: ele também pode ajudar a reduzir o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e de problemas cardíacos, como batimentos irregulares.

É o que indica um estudo da American Heart Association, que avaliou mais de 6 mil pessoas nos Estados Unidos. Entre os participantes que relataram utilizar fio dental regularmente, 4.092 não sofreram derrame e 4.050 não tiveram diagnóstico de arritmia.

Qual a relação entre saúde bucal e doenças cardiovasculares?

Segundo Carlos Monson, presidente da Câmara Técnica de Odontologia Baseado em Evidências do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), já há evidências científicas de que alterações no biofilme dental, também conhecido como placa bacteriana, — como a disbiose oral, o desequilíbrio da microbiota oral — podem influenciar no desenvolvimento e agravamento de doenças cardiovasculares.

“A disbiose oral apresenta a maior capacidade de mudar de maneira rápida e desfavoravelmente cursos clínicos em diversas doenças, dentre elas a doença cardiovascular, nas formas crônica e aguda, tendo inclusive aumento de risco de êxito letal”, afirma.

Por que o fio dental é tão importante quanto a escova?

Marcelo Cavenague, presidente da Câmara Técnica de Periodontia do CROSP, explica que a escova de dentes não consegue limpar adequadamente entre os dentes, o que torna o fio dental indispensável.

“Muita gente acha que o fio dental é usado apenas para remover restos alimentares, mas estão enganados. A principal função é remover as bactérias que povoam esses espaços e manter a saúde gengival”, reforça.

Sem o uso do fio, a gengiva pode permanecer inflamada, servindo como porta de entrada para bactérias que afetam outras partes do corpo. Isso aumenta o risco de doenças infecciosas, mau hálito, perda óssea e dentária, além de potencialmente influenciar no aparecimento ou agravamento de condições como artrite, diabetes, doenças respiratórias, endocardites e até doenças neurológicas.

Qual a forma correta de usar o fio dental?

O fio deve ser inserido cuidadosamente no espaço entre os dentes, abraçando o contorno e esfregando toda a superfície, inclusive a área coberta pela gengiva — o sulco gengival, onde há grande acúmulo de bactérias.

“Gosto de fazer uma analogia: devemos esfregar o fio dental como se estivéssemos polindo o dente, da mesma forma que um engraxate faz com a flanela nos sapatos, tomando o cuidado de não deixar nenhum espaço sem polir”, orienta Cavenague.

E se eu não conseguir usar fio dental?

Para quem tem dificuldade, o uso de forquilhas pode ser uma alternativa eficiente. Em espaços interdentais maiores, a escova interdental deve ser usada junto com o fio, e não como substituta.

Pacientes com limitações motoras podem optar pelo irrigador bucal, que, apesar de menos eficiente que o fio, é muito melhor do que não realizar nenhuma higienização entre os dentes.

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