Família de jovem que precisa de um coração faz apelo por doação de órgãos: 'um doador pode salvar oito vidas'
Adolescente está internado há dois meses por insuficiência cardíaca e já teve quatro paradas cardíacas. Família lança campanha de conscientização

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A história de Pedro Henrique, um adolescente de 17 anos que precisa de um transplante de coração, mobilizou uma campanha de conscientização sobre a doação de órgãos nas redes sociais. Internado em estado grave com miocardite, uma inflamação no músculo cardíaco, ele enfrenta uma corrida contra o tempo em busca de um doador.
A tia de Pedro, Clarissa Pires, conta que os primeiros sintomas foram náuseas. "Há dois meses, Pedro estava bem, até que começou esse quadro. Ele foi piorando, e exames detectaram uma miocardite que levou a uma insuficiência cardíaca avançada."
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Atualmente, o jovem depende de equipamentos como a ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) e um Dispositivo de Assistência Ventricular para manter suas funções vitais. Esses aparelhos são temporários, servindo como uma ponte até que um coração compatível seja encontrado.
A situação de Pedro é delicada. Segundo a família, ele já teve quatro paradas cardíacas e sofreu hemorragias. A tia relata que, mesmo entubado e sedado, Pedro demonstra consciência. "A gente consegue ver algumas palavras que ele escreve: ele fala que ama todo mundo e que tem muito medo de morrer."
A importância da doação e o desafio da recusa familiar
A família faz um apelo por doação de órgãos não apenas por Pedro, mas para combater a falta de informação. Um coração compatível para o adolescente chegou a ser identificado, mas a doação não foi autorizada pela família do potencial doador. No Brasil, mesmo que o indivíduo declare em vida que quer ser doador, a decisão final cabe aos familiares.
Clarissa Pires explica que a falta de informação leva a comentários "absurdos", com pessoas alegando a existência de máfias ou acreditando que a fila de transplantes não é justa. Ela reforça o apelo feito pela mãe de Pedro, Joana Pires: "Um doador pode salvar oito vidas, além de dezenas de pessoas com a doação de tecidos."
Situação da doação em Pernambuco
De acordo com a Secretaria de Saúde de Pernambuco, 3.731 pacientes aguardam por um transplante no estado, sendo 23 deles por um transplante de coração. Até junho deste ano, o Estado havia realizado 938 transplantes de órgãos.
André Bezerra, coordenador da Central de Transplantes de Pernambuco, explica como funciona o procedimento: "O Brasil trabalha com modelo de lista única regionalizada. Existe um grande banco de dados contendo as informações de todos os pacientes em listas dos diversos tipos de transplantes. Mas essas listas não levam apenas em conta o tempo de inscrição. Existem critérios pré-estabelecidos de situações especiais e prioridades, variando de órgão para órgão. Uma vez ocorrendo a doação, em Pernambuco, caberá à Central de Transplante alimentar o sistema com os dados do doador e gerar as seleções dos pacientes contemplados. Em seguida, é feita a comunicação às equipes de transplantes responsáveis por esses pacientes."
Ele ressalta que a recusa familiar ainda é a principal causa para a não doação, representando 48% das entrevistas. Ele explica que o desconhecimento da vontade do ente querido é o maior fator, e que a transparência e o acolhimento são fundamentais para que as famílias tomem a decisão em um momento tão difícil.
"Como sociedade, temos uma grande dificuldade de lidar de forma séria com nossa família sobre a vontade de ser doador, pois isso é falar sobre morte. Temos que, dia a dia, desmistificar essa idéia. Isso é falar sobre vida", finaliza Bezerra.