Câncer colorretal: tipo que acometeu Preta Gil é um dos mais comuns no Brasil e exige atenção aos sinais
Ao compartilhar publicamente seu enfrentamento à doença, a cantora ajudou a ampliar o debate sobre diagnóstico precoce e prevenção

Clique aqui e escute a matéria
A morte da cantora, apresentadora e empresária Preta Gil, neste domingo (20), aos 50 anos, reacende o alerta sobre um dos tipos de câncer mais comuns no Brasil: o câncer colorretal. A artista foi diagnosticada em janeiro de 2023 com adenocarcinoma, tipo mais frequente do tumor que atinge o intestino grosso e o reto.
Desde então, tornou público seu enfrentamento à doença, dividindo com os fãs os momentos de superação, as cirurgias, as sessões de quimioterapia e radioterapia, além da mais recente etapa do tratamento, que realizava nos Estados Unidos.
"Sei que fiz a escolha certa em dividir com as pessoas as minhas vulnerabilidades e meus sofrimentos. Mas com a cabeça erguida, como sempre foi, desde o começo", disse Preta em 2024, durante uma das fases do tratamento.
A exposição espontânea e corajosa contribuiu para lançar luz sobre o câncer colorretal, que registra alta incidência no Brasil, inclusive em pessoas mais jovens.
Segundo tipo mais comum entre os brasileiros
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados 45.630 novos casos de câncer colorretal por ano no Brasil, no triênio 2023-2025, somando homens e mulheres. Embora a doença seja mais frequente a partir dos 50 anos, tem crescido entre pacientes com menos de 45.
O adenocarcinoma, tipo que acometeu Preta Gil, corresponde a cerca de 90% dos casos. Ele geralmente surge a partir de pólipos, lesões benignas que podem evoluir para câncer ao longo dos anos, caso não sejam identificadas e removidas.
“Apesar de a doença muitas vezes ser silenciosa, o paciente deve observar se há alterações do hábito intestinal, tais como constipação, diarréia, afilamento das fezes, ausência da sensação de alívio após a evacuação (como se nem todo conteúdo fecal fosse eliminado), massas palpáveis no abdômen, sangue nas fezes, dores abdominais, perda de peso sem motivo aparente, fraqueza e sensação de fadiga”, explica o oncologista Artur Ferreira, da Oncoclínicas.
Principais fatores de risco
A genética pode estar relacionada a alguns casos, mas os principais fatores de risco são ambientais e comportamentais.
Entre os fatores de risco destacam-se:
- Dietas ricas em alimentos ultraprocessados e pobres em vegetais;
- Alto consumo de carnes vermelhas;
- Sobrepeso e obesidade;
- Inatividade física;
- Tabagismo;
- Presença de doenças inflamatórias intestinais, como a retocolite ulcerativa.
A boa notícia é que, quando diagnosticado precocemente, o câncer colorretal é altamente curável. Por isso, os especialistas reforçam a importância dos exames de rastreamento, como a colonoscopia, especialmente a partir dos 45 ou 50 anos, a depender da indicação médica.
“Diferentemente do câncer de mama, por exemplo, onde a doença é identificada com os exames de rotina geralmente em fase inicial, já instalado, o tumor colorretal pode ser descoberto em sua fase pré-cancerosa com a colonoscopia”, destaca Artur.
O tratamento costuma envolver uma equipe multidisciplinar e pode incluir cirurgia, radioterapia e quimioterapia, conforme o estágio da doença. “Uma vez diagnosticado, a equipe multidisciplinar irá avaliar cada caso individualmente, selecionando as estratégias e opções mais adequadas a cada paciente", conclui o médico.