Câncer exige tratamento sério: terapias naturais podem colocar vidas em risco

Práticas sem respaldo científico atrasam diagnóstico e reduzem chance de cura, alertam especialistas em oncologia

Por Maria Clara Trajano Publicado em 04/07/2025 às 16:32

Na era das redes sociais, cresce o número de pessoas divulgando receitas caseiras ou terapias “naturais” como alternativas para tratar o câncer. De chás a dietas restritivas, passando por suplementos e até técnicas como sauna infravermelha, essas propostas costumam ser apresentadas como alternativas inofensivas — mas não têm qualquer comprovação científica de eficácia e podem colocar vidas em risco.

Recentemente, um médico conhecido por disseminar desinformação sobre vacinas divulgou uma lista com nove práticas que, segundo ele, “fazem a diferença” no tratamento contra o câncer. Entre as sugestões estão dieta cetogênica, jejum prolongado, glutationa, artemisinina e sauna infravermelha.

Nenhuma dessas abordagens é recomendada por instituições sérias como o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Conselho Federal de Medicina (CFM) ou a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

Atraso no tratamento aumenta risco de morte

A principal preocupação dos especialistas é que o uso dessas terapias alternativas atrase o início do tratamento adequado. O INCA estima que o Brasil registre cerca de 704 mil novos casos de câncer em 2025, sendo os mais comuns os de pele não melanoma, mama e próstata.

Segundo estudo da Universidade de Yale, pacientes que optam apenas por terapias alternativas têm 150% mais risco de morte em casos de câncer tratável.

“Não há nenhum indício de que esses tratamentos naturais funcionem”, afirma o oncologista Daniel Herchenhorn, do INCA, em publicação da instituição.

Já Anderson Silvestrini, ex-presidente da SBOC, destaca que qualquer medicamento precisa passar por rigorosos testes de segurança e eficácia antes de ser aprovado por agências como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador dos Estados Unidos.

Confie na medicina baseada em evidências

Embora alguns tratamentos complementares possam ser utilizados com orientação médica para aliviar sintomas ou efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia, eles jamais devem substituir o tratamento oncológico indicado.

A recomendação dos órgãos de saúde é clara: ao receber um diagnóstico de câncer, busque um oncologista de confiança, tire dúvidas e siga rigorosamente o tratamento prescrito. Informações seguras devem ser buscadas em fontes confiáveis, como o site do INCA ou do Ministério da Saúde.

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