Glaucoma atinge 2 milhões de brasileiros e pode causar cegueira irreversível se não tratado
Doença ocular é silenciosa e principal causa de cegueira irreversível no mundo; diagnóstico precoce é fundamental para preservar a visão

O glaucoma é uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo, segundo dados da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG).
A condição atinge aproximadamente 2 milhões de brasileiros e cerca de 78 milhões de pessoas em todo o mundo. A estimativa é que esse número chegue a 111,8 milhões até 2040, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, 26 de maio, tem como objetivo chamar a atenção para a importância do diagnóstico precoce da doença, que muitas vezes evolui de forma silenciosa e só apresenta sintomas em estágios avançados.
“O glaucoma é uma condição ocular degenerativa e crônica que acomete o nervo óptico, estrutura responsável por levar as informações visuais captadas pelos olhos até o cérebro para a formação da visão”, explica o oftalmologista Paulo Saunders, sócio-diretor do Hospital de Olhos Oftalmax.
“Quando a pressão intraocular apresenta níveis mais elevados, ao longo dos anos, acaba danificando o nervo óptico, o que causa o comprometimento do campo visual e, se não tratado adequadamente, pode levar à perda da visão de forma irreversível”, elucida.
Sinais e sintomas do glaucoma
A doença costuma ser silenciosa, sem apresentar sinais nas fases iniciais. Quando surgem, indicam que o quadro já está avançado. Entre os sintomas mais comuns estão:
- Perda da visão periférica
- Visão turva e embaçada
- Manchas escuras no campo de visão
- Olhos vermelhos e lacrimejantes
- Sensibilidade à luz
- Dor nos olhos
- Dor de cabeça
“Os sinais costumam surgir apenas quando a doença está em estágio avançado, o que leva muitos pacientes a procurarem atendimento apenas quando a visão já está bastante comprometida”, alerta Saunders.
Quem tem mais risco de desenvolver glaucoma?
Fatores como histórico familiar e idade estão diretamente associados ao desenvolvimento da doença. Os principais grupos de risco incluem:
- Pessoas com histórico familiar de glaucoma
- Idosos, a partir dos 40 anos
- Portadores de alta miopia
- Pessoas que sofreram trauma ocular ou inflamações nos olhos
- Uso prolongado de corticoides
- Pessoas com diabetes, hipertensão arterial ou artrite reumatoide
É possível prevenir o glaucoma?
“Em relação ao glaucoma primário, ligado à hereditariedade ou envelhecimento, não há como prevenir o seu aparecimento. No entanto, é possível prevenir o seu avanço através do diagnóstico e tratamento precoce”, explica o oftalmologista.
“A doença só pode ser diagnosticada nas consultas de rotina com o oftalmologista. Já quando o glaucoma ocorre de forma secundária, a prevenção está no controle das comorbidades que são fatores de risco, como a diabetes, miopia e hipertensão”, completa.
Tratamento e controle da doença
Atualmente, o tratamento do glaucoma tem como objetivo controlar a pressão intraocular e evitar a progressão da doença. As opções incluem:
- Uso de colírios de aplicação diária;
- Tratamentos a laser, como a trabeculoplastia seletiva;
- Cirurgias, como a trabeculectomia ou o implante de tubo de drenagem, em casos mais avançados.
“Vale lembrar que o que se perde do nervo óptico não pode ser recuperado, mas o tratamento ajuda a controlar a doença e manter a visão. Por isso, é indispensável uma consulta anual com o médico oftalmologista para que seja possível realizar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado”, reforça Paulo Saunders.
O glaucoma não tem cura, mas pode ser controlado quando diagnosticado precocemente. Segundo o Ministério da Saúde, o exame para medir a pressão intraocular e avaliar o nervo óptico faz parte da rotina de acompanhamento oftalmológico, principalmente para quem está nos grupos de risco.
A recomendação dos especialistas é que todas as pessoas acima dos 40 anos façam consultas oftalmológicas anuais, mesmo na ausência de sintomas.