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Glaucoma atinge 2 milhões de brasileiros e pode causar cegueira irreversível se não tratado

Doença ocular é silenciosa e principal causa de cegueira irreversível no mundo; diagnóstico precoce é fundamental para preservar a visão

Por Maria Clara Trajano Publicado em 26/05/2025 às 4:00

O glaucoma é uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo, segundo dados da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG).

A condição atinge aproximadamente 2 milhões de brasileiros e cerca de 78 milhões de pessoas em todo o mundo. A estimativa é que esse número chegue a 111,8 milhões até 2040, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, 26 de maio, tem como objetivo chamar a atenção para a importância do diagnóstico precoce da doença, que muitas vezes evolui de forma silenciosa e só apresenta sintomas em estágios avançados.

“O glaucoma é uma condição ocular degenerativa e crônica que acomete o nervo óptico, estrutura responsável por levar as informações visuais captadas pelos olhos até o cérebro para a formação da visão”, explica o oftalmologista Paulo Saunders, sócio-diretor do Hospital de Olhos Oftalmax.

“Quando a pressão intraocular apresenta níveis mais elevados, ao longo dos anos, acaba danificando o nervo óptico, o que causa o comprometimento do campo visual e, se não tratado adequadamente, pode levar à perda da visão de forma irreversível”, elucida.

Sinais e sintomas do glaucoma

A doença costuma ser silenciosa, sem apresentar sinais nas fases iniciais. Quando surgem, indicam que o quadro já está avançado. Entre os sintomas mais comuns estão:

  • Perda da visão periférica
  • Visão turva e embaçada
  • Manchas escuras no campo de visão
  • Olhos vermelhos e lacrimejantes
  • Sensibilidade à luz
  • Dor nos olhos
  • Dor de cabeça

“Os sinais costumam surgir apenas quando a doença está em estágio avançado, o que leva muitos pacientes a procurarem atendimento apenas quando a visão já está bastante comprometida”, alerta Saunders.

Quem tem mais risco de desenvolver glaucoma?

Fatores como histórico familiar e idade estão diretamente associados ao desenvolvimento da doença. Os principais grupos de risco incluem:

  • Pessoas com histórico familiar de glaucoma
  • Idosos, a partir dos 40 anos
  • Portadores de alta miopia
  • Pessoas que sofreram trauma ocular ou inflamações nos olhos
  • Uso prolongado de corticoides
  • Pessoas com diabetes, hipertensão arterial ou artrite reumatoide

É possível prevenir o glaucoma?

“Em relação ao glaucoma primário, ligado à hereditariedade ou envelhecimento, não há como prevenir o seu aparecimento. No entanto, é possível prevenir o seu avanço através do diagnóstico e tratamento precoce”, explica o oftalmologista.

“A doença só pode ser diagnosticada nas consultas de rotina com o oftalmologista. Já quando o glaucoma ocorre de forma secundária, a prevenção está no controle das comorbidades que são fatores de risco, como a diabetes, miopia e hipertensão”, completa.

Tratamento e controle da doença

Atualmente, o tratamento do glaucoma tem como objetivo controlar a pressão intraocular e evitar a progressão da doença. As opções incluem:

  • Uso de colírios de aplicação diária;
  • Tratamentos a laser, como a trabeculoplastia seletiva;
  • Cirurgias, como a trabeculectomia ou o implante de tubo de drenagem, em casos mais avançados.

“Vale lembrar que o que se perde do nervo óptico não pode ser recuperado, mas o tratamento ajuda a controlar a doença e manter a visão. Por isso, é indispensável uma consulta anual com o médico oftalmologista para que seja possível realizar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado”, reforça Paulo Saunders.

O glaucoma não tem cura, mas pode ser controlado quando diagnosticado precocemente. Segundo o Ministério da Saúde, o exame para medir a pressão intraocular e avaliar o nervo óptico faz parte da rotina de acompanhamento oftalmológico, principalmente para quem está nos grupos de risco.

A recomendação dos especialistas é que todas as pessoas acima dos 40 anos façam consultas oftalmológicas anuais, mesmo na ausência de sintomas.

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