Brasil tem 6 milhões de pessoas autistas e demanda por inclusão cresce
O Videocast Saúde e Bem-Estar, do JC, aborda o tema nesta quarta-feira (2), Dia Mundial de Conscientização do Autismo, em conversa com especialistas

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 70 milhões de pessoas vivem com autismo no mundo. O transtorno, que afeta a maneira como os indivíduos se comunicam e interagem, tem maior incidência entre meninos: a cada quatro casos diagnosticados, apenas um é do sexo feminino.
No Brasil, esse número está em 6 milhões de pessoas diagnosticadas, de acordo com os últimos dados publicados pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA em 2023.
Nesta quarta-feira, 2 de abril, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Nos últimos anos, os casos de autismo cresceram de forma expressiva.
O especialista em Neurociência Victor Eustáquio, que há 25 anos atua na área, destaca que o transtorno não se tornou mais comum, mas que houve uma mudança no padrão de diagnóstico.
"Hoje, entende-se que a criança precisa crescer, desenvolver e, a partir daí, preencher alguns critérios. Um bom profissional consegue já identificar uma criança autista com 1 ano e meio de vida", explica o neurocientista.
Não há cura, mas há tratamento
Embora não exista cura para o autismo, diversas abordagens podem contribuir para o desenvolvimento das crianças e melhorar sua adaptação social.
Todas as intervenções, no entanto, devem ser dinâmicas e humanizadas, com o foco principal sendo a promoção da independência do paciente.
Victor Eustáquio destaca que o critério ampliou muito. "Falamos de espectro, quando antes era só o grave. Hoje, existe uma modulação, então temos crianças com nível de suporte sendo 3 o mais grave , 2 o moderado e 1 o mais leve. Então o leque aumentou e associado a esta condição ampla você tem muito mais profissionais capacitados pra diagnosticar".
Alguns profissionais que podem atuar no acompanhamento de pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA):
- Psicólogos: para apoio emocional e terapias comportamentais.
- Psicopedagogos e pedagogos: para trabalhar no desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais.
- Fonoaudiólogos: para ajudar com dificuldades na comunicação e linguagem.
- Terapeutas ocupacionais: para desenvolver habilidades motoras e de integração sensorial.
- Psiquiatras: para diagnóstico e, se necessário, medicação para comorbidades.
- Neurologistas: para acompanhamento do desenvolvimento neurológico e possíveis condições associadas.
Inclusão é urgente
A Lei 14.992, sancionada em 3 de outubro de 2024, tem como objetivo garantir mais oportunidades de emprego e inclusão para pessoas com TEA. Segundo a legislação, empresas de médio e grande são incentivadas a criar condições que possibilitem o ingresso de profissionais autistas em seus quadros.
No entanto, os desafios ainda são enormes. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que cerca de 85% dos profissionais autistas estão fora do mercado de trabalho,
A falta de adaptação no local de trabalho e a ausência de programas específicos para o atendimento às necessidades dessa população são fatores que contribuem para essa realidade.
Videocast Saúde e Bem-estar fala sobre o assunto
O tema será abordado em episódio especial do VideoCast Saúde e Bem-Estar, transmitido nesta quarta-feira (02) às 20h, no JC Play, canal do Jornal do Commercio no Youtube.
O programa contará com a participação de especialistas que discutirão a importância da conscientização e inclusão de pessoas com autismo ao longo de toda a vida, e não só a infância.
A colunista de Saúde deste JC, Cinthya Leite, conversa com com:
- Cecília Vinhas, terapeuta ocupacional
- Kadu Lins, diretor do Instituto do Autismo
- Lindemberg Roberto da Silva, coordenador terapêutico da Aprimore - Casa Terapêutica
- Victor Eustáquio, neurocientista, psicopedagogo e fundador da Clínica Somar Special Care.
Acompanhe a entrevista