Caiu a ficha: Brasília parou para acompanhar as prisões de um ex-presidente e quatro oficiais-generais
Nas ruas, as manifestações foram anuladas pelo estarrecimento. No Congresso, a oposição fala em ressuscitar o projeto de anistia. "Dia doloroso."
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VÁRIAS ESTRELAS
Somadas as estrelas dos oficiais-generais presos pela “trama golpista”, chegam a 16 estrelas, o topo da carreira militar em tempos de paz. Juntos, acumulam 90 anos de prisão. Na terça-feira à noite, quando quase todos já estavam “atrás das grades”, lembrei-me da ucraniana com larga vivência no Recife, Clarice Lispector (1920-1977): “Brasília é uma estrela espatifada.”
‘DESFECHO DOLOROSO’
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse que o “desfecho é doloroso”, mas necessário, porque “os CPFs [dos militares] estão sendo responsabilizados e punidos, e as instituições, preservadas”.
CARÁTER PROTELATÓRIO
Ao determinar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cumpra pena pela suposta trama golpista, “inicialmente” em regime fechado, em sala especial na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, o ministro Alexandre de Moraes escreveu que o início imediato da execução é autorizado “independentemente da publicação da decisão que reconheceu o caráter protelatório do recurso”. Cumpram-se os 27 anos e três meses.
NÃO É PARA HOJE!
Entre os desdobramentos do cumprimento das penas, Moraes determinou que o Superior Tribunal Militar (STM) analise a eventual perda de patente de Bolsonaro, capitão reformado do Exército. Mas não será um processo rápido.
‘MISSÃO DA CÂMARA’
O deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), refugiado nos Estados Unidos, “deve ser cassado e ter os direitos políticos suspensos”. Ainda assim, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não deve pautar o processo de cassação “nem tão cedo”.
PRECEDENTE
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) também teve o mandato cassado pelo STF, mas, na Câmara, o caso ainda está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Só após essa etapa o tema seguirá para julgamento no Plenário.
EM NOME DO BOM SENSO
Ainda magoado por ter sido informado “pela imprensa” e por meio de uma “edição extraordinária do Diário Oficial” sobre a indicação de Jorge Messias ao STF, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), disse acreditar ser possível ajustar o calendário do Senado e do tribunal para realizar a sabatina em 10 de dezembro.
PENSE NISSO!
O assunto mais ouvido nesta terça-feira (25), num dia caótico em Brasília, foi a movimentação para votar o projeto de anistia dos envolvidos no que o STF classificou como “trama golpista”.
Nem os mais aguerridos parlamentares bolsonaristas, inclusive o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), acreditam que o tema entrará na pauta da Câmara ainda este ano.
Não apenas pela situação dos presos, mas pela moralidade das decisões tomadas pela Primeira Turma do STF. Seria uma afronta direta à autoridade máxima do Judiciário.
Que o assunto voltará à tona, ninguém duvida. Se vai passar, é outra história.
Pense nisso!