A ousadia da indicação de Jorge Messias ao STF poderá impor um custo político elevado ao governo Lula
Presidente não quis ficar refém de Davi Alcolumbre. Em São Paulo, Kassab cobra a união da direita; e, em Brasília, bolsonaristas reclamam da Papuda
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IT’S NOW OR NEVER’
O presidente Lula da Silva (PT) deve ter se inspirado nos versos de Aaron Schroeder (1926) e Wally Gold (1928–1998), imortalizados na voz de Elvis Presley (1935–1977): “É agora ou nunca (…) amanhã será muito tarde”.
DE UM LADO…
…corria o risco de tornar-se refém de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). De outro, podia perder, talvez, a derradeira oportunidade de colocar no Supremo Tribunal Federal (STF) um dos amigos mais leais que a vida e a política petista lhe deram. Parafraseando o Profeta Gentileza (1917–1996): “lealdade gera lealdade”. Por tudo isso, Lula optou por indicar o advogado Jorge Messias ao STF.
NEM BEM FOI INDICADO…
…e já tem deputado apresentando notícia-crime na Procuradoria-Geral da República contra Jorge Messias, atual advogado-geral da União e indicado para o STF. Kim Kataguiri (União Brasil-SP) pede a abertura de investigação para apurar possíveis omissões na atuação de Messias que teriam favorecido entidades suspeitas de fraudar contracheques de aposentados e pensionistas do INSS.
O DEDO NA FERIDA
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, defendeu a união da direita ao afirmar que “lá na frente, com certeza, todos estaremos juntos” contra uma provável candidatura de Lula. Ele disse que é hora de reconhecer que as eleições “serão disputadas por aqueles que têm elegibilidade”, numa referência, embora sem citar nomes, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Acho que falar em nomes agora é muito prematuro, porque cada partido tem as suas construções. Mas, lá na frente, com certeza, todos estaremos juntos.”
POSITIVISMO COM AFETO
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) quer “dar um gás afetivo” ao lema da Bandeira do Brasil. Professor de história, o deputado fluminense recorda que o lema original do francês Auguste Comte (1798-1857), o “pai do positivismo”: “O amor por princípio, a ordem por base; o progresso por fim”, acabou sendo resumido para “Ordem e Progresso”, como queria Raimundo Teixeira Mendes, um dos idealizadores da bandeira.
DÉFICIT PRISIONAL
O Brasil precisaria construir, mas não vai, 200 mil vagas nos presídios para que a população carcerária tivesse condições mínimas de convivência.
OUSADIA PASTORAL
O tradicional conservadorismo enraizado na Igreja Católica manifestou certo desconforto com a decisão da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) de nomear um de seus bispos, Arnaldo Carvalheiro, da Diocese de Jundiaí (SP), para ser o “bispo referencial” que terá a missão pastoral de acompanhar grupos católicos LGBT+. A designação é inédita nas Américas. Conferências episcopais da Alemanha e da Bélgica já haviam dado esse passo importante, mesmo diante de reações contrárias.
PENSE NISSO!
É louvável que parlamentares bolsonaristas tenham despertado para correr e fazer visitas ao presídio da Papuda, em Brasília, para onde, possivelmente, o ex-presidente Bolsonaro será levado.
Não é de hoje que organizações de direitos humanos e entidades ligadas a familiares de presos reclamam das condições das carceragens no país.
Mas há algo ainda mais grave: dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam que um em cada quatro presos no Brasil nunca foi levado a julgamento. Ou seja, não são condenados, mesmo após anos de promessas de mutirões do Poder Judiciário.
Essa é uma necessidade que nenhum presidente do Conselho Nacional de Justiça resolveu. Assim como foi escassa, e continua faltando, a vontade dos chefes do Executivo para pôr fim aos depósitos de presos que se tornaram nossas cadeias.
Pense nisso!