Motta escolhe Derrite para relatar projeto, e relação com o Planalto pode azedar de vez
Planalto não leva a sério a independência dos Poderes e reclama da indicação do relator do projeto que equipara o crime organizado ao terrorismo
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AZEDOU DE VEZ
Entre altos e baixos, a relação do governo Lula com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), “estava sobrevivendo”. Mas azedou de vez quando ele ligou para a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para informar a escolha do deputado Guilherme Derrite (PP), ex-secretária de Segurança Pública de São Paulo, como relator do projeto que equipara as organizações criminosas como grupo terroristas. “Vai politizar e contaminar o debate” e tê-lo como relator “é uma provocação ao governo” já que Derrite è alinhado à base bolsonarista.
UM ‘CADÁVER’ NO ARMÁRIO
Rosemary Noronha, a ex-todo-poderosa amiga do presidente Lula da Silva (PT), está às turras com o Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) após ter um recurso rejeitado, ao não conseguir justificar a origem de mais de R$ 200 mil depositados em sua conta. Na operação Porto Seguro, a Polícia Federal enquadrou “Rose” por crimes de tráfico de influência, corrupção e formação de quadrilha. Ela foi chefe de gabinete da Presidência da República, em São Paulo, durante o dois primeiros mandatos de Lula.
BOA DISPUTA
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse à coluna que ele e o vizinho Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, estão “empenhados em oferecer aos demais governadores do país exemplo de gestão pública no enfrentamento à violência”. Ibaneis e Caiado foram os primeiros a reclamar da centralização do Planalto com a PEC da Segurança Pública.
GUARDE ESTE NOME
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), votou para tornar réu Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes, pelos crimes de fraude processual e vazamento de mensagens do gabinete de Alexandre de Moraes, à época em que ele integrava o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
DEU A RESPOSTA
“Exilado” na Itália, Eduardo Tagliaferro usou o seu perfil na rede “X” para provocar seu ex-chefe: “está com medo?” Ao desafiar Moraes, Tagliaferro afirmou querer explicar “o que é o tal vazamento sigiloso”, uma vez que “até agora você falou que era vazamento, mas nunca disse o que era”.
DANDO BOM EXEMPLO
Leio no “Jota” que o Tribunal Constitucional da Romênia decidiu que a “manipulação digital” pode ser configurada como “crime de poluição ambiental”. Já pensou?
LEONARD COHEN
Na sexta-feira (7), completaram-se nove anos da morte do poeta, cantor e compositor canadense. Sua obra foi pontuada por momentos de profunda melancolia, como quando percebe que está ficando velho e quase ninguém mais lhe dá atenção: “Bem, meus amigos sumiram e meu cabelo está ficando grisalho” - Tower of Song (1968). Em outubro de 2011, quando foi receber o “Prêmio Príncipe das Astúrias” Leonard Cohen disse que “se soubesse de onde vêm as boas canções, visitaria mais vezes esse lugar.”
PENSE NISSO!
Nos dias atuais, quando digo, em sala de aula, que “quem não pode com o pote não pega na rodilha”, metade dos estudantes não faz ideia do que está sendo dito — e a outra metade pesquisa, mas nem sempre entende.
Analisando a agenda da reunião da Celac, nos dias 9 e 10 de novembro, em Santa Marta, na Colômbia, os presidentes vão debater segurança internacional e mudanças climáticas. Lembrei-me do ditado popular.
Pode apostar que o presidente brasileiro, como tem feito com frequência, vai se autoproclamar o bedel do continente, atacar o governo do presidente Donald Trump (Republicano) e tecer loas à autonomia e à autodeterminação dos povos.
E é aqui que quero chegar: Lula está mesmo em condição de falar sobre segurança? Que nota o brasileiro daria, se consultado hoje, para a segurança em sua cidade, no seu bairro?
Seria tão bom se essa megalomania de arauto da verdade latino-americana se limitasse a fazer o dever de casa. Aí sim, todos teriam o que comemorar.
Pense nisso!