Mobilidade | Notícia

Ciclista é atropelada e morta por motorista que dirigia alcoolizado com mulher nua no colo

Além da brutalidade, o atropelamento ganhou repercussão pelas circunstâncias chocantes que precederam a colisão. Tudo foi gravado por câmeras

Por Roberta Soares Publicado em 26/07/2025 às 17:04 | Atualizado em 26/07/2025 às 20:21

Clique aqui e escute a matéria

A ciclista Thais Bonatti, de 32 anos, morreu na madrugada deste sábado (26/7), após ser atropelada por um juiz aposentado que dirigia alcoolizado e teria perdido o controle da direção por ter uma mulher nua ao colo. O grave sinistro de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define, segundo o CTB e a ABNT) aconteceu na quinta-feira (24) em Araçatuba, interior de São Paulo.

Além da violência e brutalidade, o atropelamento ganhou repercussão pelas circunstâncias chocantes que precederam a colisão. De acordo com as investigações da Polícia Civil, o juiz aposentado Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior, de 61 anos, havia deixado uma boate acompanhado de uma mulher que trabalhava no local.

Ao parar sua caminhonete Ford Ranger perto de um supermercado na Avenida Waldemar Alves, no bairro Jardim Presidente, em Araçatuba, a mulher que o acompanhava tentou passar para o colo do juiz, provocando a perda de controle da direção.

Foi neste momento que o juiz, embriagado e com a mulher em seu colo, acelerou bruscamente a caminhonete na contramão, atingindo Thais, que estava de bicicleta perto do veículo, seguindo para o trabalho.

As cenas foram captadas por câmeras de segurança recolhidas pela polícia e mostram que a mulher nua estava em seu colo no momento do atropelamento. E, segundo testemunhas, logo após a colisão a mulher se vestiu rapidamente e fugiu do local.

Reprodução
Thais Bonatti estava indo para o trabalho de bicicleta, quando foi atingida pelo carro na contramão - Reprodução

Thais Bonatti, de 30 anos, foi socorrida e levada em estado grave para uma unidade de emergência da Santa Casa de Araçatuba, onde passou por duas cirurgias de correção de fraturas, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu. A ciclista teve politraumatismos, incluindo fratura na pelve e traumatismo cranioencefálico.

JUIZ PAGOU FIANÇA DE R$ 40 MIL E FOI LIBERADO

O juiz Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior foi detido no local e, de acordo com a Polícia Civil, apresentava fala desconexa, falta de coordenação motora e forte odor etílico quando abordado.

Ele foi levado à Delegacia Seccional e submetido a exame clínico que constatou que estava alcoolizado/embriagado no momento do atropelamento. A polícia deu voz de prisão a Júnior, e sua prisão em flagrante foi convertida em preventiva. Um juiz das garantias também foi acionado para acompanhar a ocorrência.

Contudo, na sexta-feira (25/7), após audiência de custódia no Fórum de Araçatuba, o magistrado foi liberado mediante o pagamento de fiança no valor de R$ 40 mil. Inicialmente, o juiz iria responder pelo crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor.

Mas com a morte da ciclista, o indiciamento irá mudar para homicídio. Não se sabe se como culposo (sem intenção, apesar do consumo de álcool) ou se doloso (com intenção).

Reprodução
Fernando Augusto Fontes Rodrigues Junior, de 61 anos, foi preso na quinta-feira (24) e liberado após pagar fiança e antes da notícia da morte da ciclista - Reprodução

MAGISTRADO GANHA R$ 130 MIL POR MÊS

A brutalidade da situação ganhou um contorno ainda mais revoltante quando a imprensa descobriu, pelo Portal da Transparência, os altos rendimentos do juiz aposentado. Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior fez sua carreira como juiz da 1.ª Vara Cível de Araçatuba, até se aposentar em 15 de agosto de 2019.

Segundo dados do Tribunal de Justiça de São Paulo, disponíveis no Portal da Transparência da Corte, entre janeiro e junho, o magistrado teve um rendimento bruto somado de R$ 917 mil. Após os descontos, seu contracheque líquido totalizou R$ 781 mil acumulados no período, o que representa uma média de R$ 130 mil mensais. 

A mulher que estava na caminhonete foi localizada, ouvida e também liberada. O caso segue em segredo de Justiça.

A irmã de Thais, em uma emocionante publicação nas redes sociais, expressou sua indignação e cobrou justiça: "Com o pagamento de fiança, o senhor juiz aposentado atropelou e passou por cima da minha irmã com sua caminhonete embriagado. Ele está solto dormindo em seu berço esplêndido tranquilamente. E eu estou aqui preparando o corpo da minha irmã para ser enterrada. Espero que a justiça seja feita, pois ainda tenho esperança". 

Compartilhe

Tags