Cidade de alto padrão: Recife surpreende e impulsiona domínio do Nordeste no mercado imobiliário do Brasil
Quarta edição do Índice de Demanda Imobiliária (IDI Brasil) revela o protagonismo da região, com cinco capitais entre as dez mais atrativas
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No terceiro trimestre de 2025, o mercado imobiliário brasileiro foi marcado pela ascensão e consolidação do Nordeste nos principais rankings de demanda efetiva, segundo o Índice de Demanda Imobiliária (IDI Brasil). O índice, que mede a real demanda por imóveis com base em transações efetivas e anonimizadas, e não apenas na oferta, apontou que Recife e Fortaleza (CE) estão redefinindo as lideranças nacionais. A capital pernambucana foi o grande destaque no segmento de alto padrão, com um crescimento considerado avassalador.
O Recife registrou um dos saltos mais notáveis no segmento de Alto Padrão (renda familiar superior a R$ 24 mil e imóveis a partir dos R$ 811 mil). A capital pernambucana teve uma "ascendência bem grande", pulando da oitava para a terceira posição no ranking. Este desempenho reflete o "equilíbrio entre Demanda Direta e Atratividade de Novos Estoques, além de estabilidade econômica". A força do mercado pernambucano foi evidenciada pela rapidez na comercialização de novos projetos.
Segundo Fábio Garcez, Diretor Executivo e fundador do CV CRM, a absorção veloz dos empreendimentos na capital é o grande destaque, tornando-a "altamente atrativa" para a venda de novos lançamentos e do estoque nesse segmento,
"A gente está sentindo muito (o movimento do mercado no) Recife. Tudo que está se lançando tem construtoras nossas (que atuam com o CV (Construtor de Vendas), que, às vezes, em um final de semana termina absorvendo e vendendo muito", exemplifica ele.
No Padrão Econômico (renda familiar de R$ 2 mil a R$ 12 mil), o Recife também consolidou sua importância, avançando três posições e alcançando o quinto lugar. A cidade apresentou bons resultados em Demanda Direta e Atratividade de Novos Lançamentos, e no Médio Padrão (renda familiar de R$ 12 mil a R$ 24 mil), Recife manteve-se em 14º lugar.
Segundo Gabi Torres, gerente de inteligência estratégica do Sistema Sienge, o Recife demonstrou resultados positivos no padrão econômico devido a um "bom indicador" de oferta de terceiros e à "boa absorção de novos lançamentos".
RANKING DE ALTO PADRÃO
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1 São Paulo – SP
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2 Goiânia – GO
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3 Recife – PE
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4 Fortaleza – CE
Nordeste lidera o Padrão Econômico
A região Nordeste demonstrou protagonismo regional no segmento econômico, dominando o ranking nacional. Das dez cidades mais atrativas neste padrão, cinco são nordestinas: Fortaleza (1º), Recife (5º), Salvador (6º), Aracaju (7º) e Maceió (8º).
Fortaleza (CE) assumiu a liderança nacional, encerrando o domínio de Curitiba (PR). A capital cearense passou da terceira para a primeira posição, impulsionada pela "melhora dos indicadores de Dinâmica Econômica e na redução da Oferta de Terceiros, sinalizando menor estoque no mercado secundário". Fortaleza também se manteve estável na 4ª colocação no Alto Padrão.
O avanço nordestino reflete diretamente as mudanças na regulamentação e no incentivo ao financiamento habitacional, como o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).
José Carlos Martins, Presidente do Conselho Consultivo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), ressaltou que as alterações legislativas permitiram que a população exerça sua demanda. "Nos últimos anos, desde 2023, houve uma mudança substancial em regras e condições, e de lá para cá também houve redução de juro, aumento de subsídio, uma série de regras".
José Martins lembrou que o Nordeste historicamente não utilizava a disponibilidade de recursos federais destinados ao financiamento habitacional, mas as mudanças recentes estão impulsionando o mercado.
RANKING PADRÃO ECONÔMICO
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1 Fortaleza – CE
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2 São Paulo – SP
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3 Curitiba – PR
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4 Goiânia – GO
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5 Recife – PE
RANKING MÉDIO PADRÃO
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1 São Paulo – SP
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2 Goiânia – GO
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3 Brasília – DF
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4 Salvador – BA
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14 Recife – PE
MUDANÇA FUNDAMENTAL EM PERNAMBUCO
A pujança do Recife e do Nordeste no segmento econômico é vista como reflexo das mudanças substanciais nas regras e condições do MCMV desde 2023, que incluíram redução de juros e aumento de subsídios.
"Recife, há cinco ou seis anos atrás (há 4 anos começou esse programa - Morar Bem), produzia 870 unidades de Minha Casa, Minha Veda. Com ajuda de um complemento de subsídio do governo do estado de R$ 20.000, no ano de 2024 chegou em 1.087. A expectativa é que em 2025 a produção chegue a 2.000 unidades", detalhou José Carlos Martins.
Ele ainda destacou que esse investimento público, por exemplo, projetando R$ 20 milhões (em subsídios de 20 mil por unidade em mil casas) atraiu cerca de R$ 250 milhões em investimentos, "gerando empregos e melhorando a qualidade de vida".
Este cenário demonstra como a articulação entre o déficit habitacional, a alocação de recursos federais e os incentivos estaduais estão permitindo que a população exerça sua demanda, impulsionando os resultados do Recife no IDI.
DESTAQUE GENERALIZADO
Salvador (BA), por sua vez, teve avanços em todos os padrões de imóveis. A capital baiana subiu seis posições no Padrão Econômico, alcançando o 6º lugar, e oito posições no Médio Padrão, chegando à 4ª colocação. No Alto Padrão, Salvador avançou seis posições, garantindo o 7º lugar.
Esse crescimento foi impulsionado pelo aumento simultâneo de Demanda Direta e Atratividade de Lançamentos. "Demanda direta é gente indo no stand, como o José Martins gosta de falar, né? É gente buscando sobre aquele imóvel, convertendo em página sobre aquele imóvel e buscando informação".
Além dos resultados já apresentados, o Nordeste teve outros movimentos significativos:
• São Luís (MA): ganhou seis posições no Padrão Econômico, chegando à 14ª colocação.
• Maceió (AL): ganhou sete posições no Alto Padrão, alcançando a 13ª colocação, e manteve-se em 8º no Econômico.
• Natal (RN): apresentou o maior salto do trimestre no Alto Padrão, avançando da 60ª para a 24ª posição.
• Novas cidades: o ranking de 79 cidades incluiu a entrada de João Pessoa (PB) e Ilhéus (BA), devido ao aumento da amostragem
O IDI Brasil - Índice de Demanda Imobiliária - foi desenvolvido para medir a atratividade das cidades e regiões em relação a projetos imobiliários, criando um ranking que auxilia na tomada de decisões estratégicas sobre onde lançar empreendimentos e avaliar quais perfis são procurados. É realizado pelo Ecossistema Sienge, através da operação do CV CRM, sua solução especialista em marketing e vendas no mercado imobiliário, com metodologia autoral do Grupo Prospecta, com parceria institucional da CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção.