CBIC reduz projeção de alta do PIB da construção de 2,3% para 1,3% em 2025
O juro alto tem inibido o desenvolvimento de novos projetos, as compras de materiais de construção e as contratações de trabalhadores
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A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) cortou nesta segunda-feira (27) a sua projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do setor neste ano de 2,3% para 1 3%. Segundo a instituição, os juros altos têm pesado sobre o nível de atividade do setor.
A nova estimativa aponta para uma desaceleração relevante do nível de negócios na construção neste ano, visto que, em 2024, o PIB da construção aumentou 4,3%.
O juro alto tem inibido o desenvolvimento de novos projetos, as compras de materiais de construção e as contratações de trabalhadores. Diante desse cenário, outras instituições do setor já haviam reduzido suas estimativas de crescimento para o ano.
Em agosto, o Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e a Fundação Getulio Vargas (FGV) reduziram a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da construção no ano de 3% para 2,2%.
Em setembro, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) reduziu a previsão de alta nas vendas do setor neste ano de 2,8% para 1,8%.
CONSTRUÇÃO CIVIL
A construção civil atingiu a marca de 3,051 milhões de pessoas empregadas com carteira de trabalho em agosto, de acordo com dados do Ministério do Trabalho, e está perto de bater o recorde histórico, que foi registrado em outubro de 2013, quando eram 3,074 milhões. "O setor está perto de bater recorde de empregos", destacou a economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, durante apresentação à imprensa.Ela estimou que o recorde pode ser atingindo ainda este ano.
Entretanto, os últimos meses de cada ano costumam ser marcados por uma desaceleração das atividades da construção e perda de empregos. Desse modo, o setor deve ficar acima do recorde atual de maneira mais duradoura só em 2026. "Há sinalização de continuidade do crescimento do emprego para o ano que vem", destacou.
Todos os três segmentos do setor aumentaram o número de trabalhadores na comparação entre agosto deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado. O incremento foi observado na construção de edifícios (3,02%), nas obras de infraestrutura (1,75%) e nos serviços especializados (3,98%).
Nos últimos 12 meses encerrados em agosto de 2025, o setor criou 89 mil novos empregos. Apesar de positivo, houve uma perda de fôlego no ritmo de contratações. O montante foi menor do que nos 12 meses anteriores a agosto de 2024, quando foram criadas 148,5 mil vagas. Essa desaceleração reflete o efeito do juro alto, que inibe o desenvolvimento de novos projetos e as contratações.
Tarifas dos EUA
A sinalização de entendimentos entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos, abrindo caminho para se discutir uma possível reversão das tarifas sobre as exportações locais, são boas notícias, na avaliação do presidente da CBIC, Renato Correia. O tarifaço não afeta diretamente a construção civil, disse.