Lançamentos de imóveis disparam 31,9% no 1º semestre de 2025, mas com restrição à classe média
Apenas no 2º trimestre de 2025, o número de unidades lançadas aumentou 11,4% em relação ao ano anterior, com o valor total lançado subindo 19,1%

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O mercado imobiliário brasileiro mantém uma vigorosa trajetória de crescimento, impulsionado pela força do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e pela resiliência do segmento de Médio e Alto Padrão (MAP), que tem sofrido restrições por conta do custo do crédito. De acordo com os Indicadores ABRAINC/FIPE, os lançamentos de imóveis acumularam uma alta expressiva de 31,9% em volume e 34,6% em valor no primeiro semestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024.
Lançamentos no 2º trimestre
Apenas no 2º trimestre de 2025, o número de unidades lançadas aumentou 11,4% em relação ao ano anterior, com o valor total lançado subindo 19,1%. O crescimento foi distribuído entre os segmentos.
MCMV: Lançamentos cresceram 11,9% em volume e 9,4% em valor.
MAP: Lançamentos avançaram 8,3% em volume, mas tiveram um salto ainda maior em valor, com 37,2% de elevação, indicando imóveis com tíquete médio mais alto no mercado.
VENDAS
No trimestre, as vendas de unidades comercializadas cresceram 7,4%. No entanto, o desempenho foi desigual. MCMV liderou o crescimento das vendas, com alta de 13,8% em volume e 18,3% em valor. Já o MAP sentiu o peso do crédito mais caro, apresentando queda de 11,1% no volume comercializado, mas conseguiu registrar uma ligeira elevação de 0,3% em valor.
No acumulado do primeiro semestre, o segmento popular confirma seu protagonismo, registrando crescimento de 15% em volume e 16,5% em valor no MCMV. Já o MAP teve uma queda acentuada de 17,2% no volume vendido, refletindo diretamente a influência dos juros elevados e a menor disponibilidade de recursos da poupança para crédito imobiliário.
Alerta sobre o custo do crédito
Apesar dos indicadores de estoque estarem em um nível considerado adequado (13 meses de venda para o MAP e 10 meses para o MCMV), o setor expressa preocupação com o custo crescente do crédito imobiliário para a classe média e alta.
O presidente da ABRAINC, Luiz França, ressaltou o impacto dos juros sobre a capacidade de compra das famílias. “A taxa média de financiamento SBPE passou de TR + 7,4% para TR + 12,5% em apenas quatro anos, o que reduziu em 50% o público capaz de adquirir um imóvel de R$ 500 mil”, alertou França. Ele destacou que "a cada aumento de 1 ponto percentual, cerca de 160 mil famílias deixam de ter acesso ao crédito imobiliário". Esse cenário, segundo o executivo, reforça a urgência em ampliar e diversificar as fontes de funding para garantir taxas compatíveis com a realidade econômica brasileira.
Os números do 1º semestre de 2025 reforçam a força do setor como motor de emprego e desenvolvimento, mas a sustentabilidade do crescimento do MAP dependerá da criação de mecanismos que amenizem o peso dos juros no acesso ao financiamento.