Inadimplência do aluguel repete pico histórico no Brasil em agosto,
O cenário atual representa um aumento significativo de 20,5% na comparação anual, já que em agosto de 2024 a taxa estava em 3,12% (alta de 0,64 p.p.)

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A taxa de inadimplência de aluguel no Brasil atingiu um patamar de estabilidade preocupante ao repetir, em agosto, o pico histórico de 3,76% que já havia sido registrado em julho, consolidando-se como o maior valor dos últimos 14 meses. Os dados são do Índice de Inadimplência Locatícia (IIL) da Superlógica, plataforma de soluções para o mercado imobiliário.
O cenário atual representa um aumento significativo de 20,5% na comparação anual, já que em agosto de 2024 a taxa estava em 3,12% (uma alta de 0,64 ponto percentual). O levantamento da Superlógica analisa dados anonimizados de mais de 900 mil clientes locatários em todo o país.
Orçamento familiar compromete pagamento
Para Manoel Gonçalves, Diretor de Negócios para Imobiliárias da Superlógica, a manutenção da taxa em julho e agosto, embora seja um sinal de que a situação não se agravou, "mostra que muitas famílias seguem com o orçamento comprometido".
Gonçalves reforça a necessidade de acompanhar os indicadores econômicos: "É fundamental acompanhar de perto as projeções de inflação e de juros, já que esses indicadores têm impacto direto tanto no endividamento quanto na capacidade de pagamento dos inquilinos nos próximos meses."
Inadimplência em faixas extremas
A análise por faixas de preço revela que a inadimplência é mais aguda nas extremidades do mercado, atingindo tanto o alto padrão quanto os valores mais baixos.
Alto Padrão em Alta: A inadimplência em imóveis residenciais com aluguel acima de R$ 13.000 atingiu 7,02% em agosto, um aumento significativo em relação aos 6,02% registrados em julho. Essa é a maior taxa por faixa de preço.
Comercial em Risco: Imóveis comerciais na faixa de até R$ 1.000 registraram nova alta, passando de 7,98% em julho para 8,41% em agosto, liderando a inadimplência no segmento.
Baixa Renda Cresce: Os aluguéis residenciais de até R$ 1.000 também tiveram aumento, saindo de 6,14% para 6,32%.
Faixas Intermediárias Estáveis: As faixas entre R$ 2.000 e R$ 5.000 se mantiveram mais estáveis, com taxas em torno de 2,35%.
"O índice mostra que a inadimplência é maior nas faixas extremas de aluguel, refletindo diferentes desafios financeiros. Já nas faixas intermediárias, os dados seguem mais estáveis, o que indica um equilíbrio maior entre a renda dos locatários, suas despesas ordinárias e o valor dos aluguéis", comenta Gonçalves.
Inadimplência Regional: Nordeste Lidera
No panorama regional, o Nordeste permaneceu no topo do ranking com a maior taxa de inadimplência, registrando 4,94% em agosto.
O Norte subiu para o segundo lugar, com 4,64%, após um aumento de 0,16 ponto percentual.
O Centro-Oeste apresentou uma queda significativa de 0,78 ponto percentual, passando a ocupar o terceiro lugar com 3,90%.
O Sudeste e o Sul registraram as menores taxas do país. O Sudeste ficou com 3,62%, e a região Sul manteve a melhor performance, com 3,31%.
Em relação ao tipo de imóvel, a inadimplência de casas subiu de 4,02% para 4,27%, e a de imóveis comerciais também aumentou de 5,03% para 5,20% em agosto. A inadimplência em apartamentos foi a única a registrar leve queda.
O Índice de Inadimplência Locatícia da Superlógica considera como inadimplentes os boletos com mais de 60 dias sem pagamento ou pagos com atraso superior a 60 dias.