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O "boom" imobiliário no Brasil: corretores ganham espaço e buscam qualificação

O mercado imobiliário brasileiro está em plena expansão, impulsionado pelo crescimento do número de profissionais e pela busca por maior qualificação

Por JC Publicado em 08/09/2025 às 16:10

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Dados recentes, apresentados no Conecta Imobi 2025, revelam que o Brasil já conta com 650 mil corretores de imóveis, um crescimento impressionante de 195% nos últimos 15 anos. A pesquisa inédita, realizada pelo COFECI (Conselho Federal de Corretores de Imóveis) em parceria com a DataZAP do Grupo OLX, destaca um perfil profissional cada vez mais preparado. Segundo o estudo, 62% dos corretores têm curso superior, uma taxa significativamente acima da média nacional de 16,5%. Há 25 anos, apenas 14% dos profissionais tinham diploma universitário.

"Não se trata de vender imóveis, mas de mudar a vida das pessoas", afirmou Heitor Kuser, CEO do Cimi360 e consultor do COFECI, ao apresentar os resultados. A pesquisa também mostra que a maioria dos corretores sente orgulho da profissão (96%) e está satisfeita com a carreira (60%). Em termos de motivação, 33% dos entrevistados entraram na área pela oportunidade de ganhos financeiros e 11% por influência familiar.

Os desafios e a busca por eficiência

Apesar do crescimento, o setor enfrenta desafios. Um dos principais obstáculos é a alta incidência de propriedades irregulares, que atinge 50% dos imóveis à venda no país. O levantamento também aponta uma discrepância de gênero na remuneração: a renda média no primeiro trimestre de 2025 foi de R$ 4 mil para homens e R$ 3 mil para mulheres.

Outra questão é a produtividade. Peixoto Accioly, CEO da RE/MAX Brasil, destacou a grande diferença em relação ao mercado norte-americano. Enquanto um corretor nos Estados Unidos realiza 10 transações por ano, no Brasil a média é de apenas 2. Nos EUA, um imóvel leva 36 dias para ser vendido, contra 480 no Brasil. Accioly sugere que a adoção de novas tecnologias, como a inteligência artificial (IA), pode ser a chave para que os corretores brasileiros atinjam o "padrão ouro" de eficiência.

Hoje, 19% das empresas do setor no Brasil já utilizam IA, uma porcentagem que contrasta com os 85% nos EUA, mas que representa uma grande oportunidade de avanço. Para o executivo, a IA pode otimizar processos e liberar o corretor para se dedicar ao que realmente importa: o relacionamento com o cliente.

Novas frentes de atuação e o fator humano

O estudo do COFECI e da DataZAP revela novas oportunidades, como o mercado de leilões. Apenas 13% dos corretores têm experiência no segmento, mas 63% demonstram interesse em atuar nele.

Contudo, a busca por alta performance vai além da tecnologia. Segundo Frederico Oehlmeyer, sócio-diretor da Roca Imóveis, a cultura da empresa é fundamental para conquistar o comprometimento dos profissionais, com foco em treinamento contínuo e uma boa estrutura de trabalho. A tecnologia, por si só, não substitui o fator humano. Para Eduardo Theodoro, CEO da Smarty Valuation, o corretor precisa combinar conhecimento técnico com o "feeling" de mercado e o contato direto com o cliente.

 
 

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