Mapa imobiliário do Recife muda e faz crescer novos bairros; veja as melhores áreas da cidade
Segundo o presidente da Ademi-PE, Rafael Simões, o estudo confirma a percepção de um mercado com duas frentes bem definidas de crescimento

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Uma pesquisa inédita sobre o mercado imobiliário do Recife e Região Metropolitana, elaborada pela Brain Inteligência Estratégica a pedido da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), revela um cenário de crescimento robusto e uma transformação significativa no setor. Os dados do segundo trimestre de 2025 mostram uma forte polarização do mercado, com o segmento de luxo e o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) se destacando como os principais motores do crescimento, inclusive de novas áreas residenciais na cidade.
O levantamento aponta para uma mudança no mix de produtos. O segmento MCMV ampliou seu domínio, crescendo 40% e passando a representar mais da metade do mercado (51,7%). O mercado de luxo teve um crescimento ainda mais expressivo, de 647%, saltando de 2,3% para 17,2% do total de produtos. Em contrapartida, os segmentos de médio padrão e compactos perderam força, caindo para 24,1% e 6,9%, respectivamente.
Segundo o presidente da Ademi-PE, Rafael Simões, o estudo confirma a percepção de um mercado com duas frentes bem definidas. "De um lado, há o crescimento pujante do mercado de luxo, mostrando o potencial de um público que busca diferenciais e alto padrão. De outro, está a força do programa Minha Casa, Minha Vida, que se consolidou como o principal motor de vendas, garantindo o acesso à moradia para a grande maioria da população”, afirmou Simões. Ele ressaltou ainda que a pesquisa serve de alerta para a necessidade de novas estratégias, principalmente para o segmento de médio padrão, que vem perdendo participação.
Mercado saudável e valorização dos preços
O estudo da Ademi-PE mostra que o mercado imobiliário da Região Metropolitana do Recife está em um momento saudável e sem excesso de estoque. Nos últimos 12 meses, foram vendidas 10.736 unidades, superando os 9.125 lançamentos no mesmo período. O Valor Geral de Vendas (VGV) vendido totalizou R$ 4,7 bilhões, um balanço que indica uma absorção eficiente dos novos empreendimentos.
"Apesar dos números robustos de lançamentos, a gente está falando de R$ 4,9 bilhões, que demonstram toda a importância no setor imobiliário, seja para investimentos, arrecadação, geração de empregos... O estoque atual da cidade vem caindo. Então, isso quer dizer que se nada mais fosse lançado, o estoque atual seria consumido em nove meses. Isso reforça a importância da manutenção, do estímulo à manutenção da oferta dos lançamentos", explica Simões.
Os preços dos imóveis também se destacaram, com o valor médio do metro quadrado em Recife atingindo R$ 17.079, uma valorização de 10,3% em 12 meses. O preço médio dos apartamentos de beira-mar em Boa Viagem e Pina chegou a R$ 18.427. A oferta de imóveis na cidade aumentou 12,7% entre 2021 e 2025, com 89% do estoque considerado "jovem", ou seja, lançado entre 2023 e 2025, sendo a maioria (75,2%) composta por apartamentos de dois e três dormitórios.
Mercado de luxo:
Lançamentos de imóveis de luxo, super luxo demonstram a capacidade e a força da cidade em absorver esses produtos, que podem representar poucas unidades em membros absolutos, mas que representam aí um terço do investimento no setor imobiliário
Médio padrão:
Movimento nacional de redução de produtos nessa linha, que acabam sentindo um pouco a escassez de crédito da pessoa física, em função das altas taxas de juros e também da escassez de recursos da Caderneta de Poupança.
Minha Casa, Minha Vida:
Imóveis econômicos mais compactos, mais bem localizados, passam a crescer no Recife. Recife representa apenas 10% do total contratado no MCMV em 15 anos. Existe uma demanda de imóveis compactos e também de até três quartos a baixo custo, predominante na RMR.
Novo mapa da cidade
A pesquisa também aponta para uma concentração geográfica de lançamentos que redesenha o mapa imobiliário do Recife. Pela primeira vez, bairros como Imbiribeira (28,1%) e Vasco da Gama (23,3%) se destacam, representando mais de 50% dos novos empreendimentos. Essa expansão para áreas emergentes contrasta com a perda de peso de bairros tradicionalmente valorizados, como Boa Viagem (1,9%) e Aflitos (3,6%).
"O estímulo a moradias se dá sobretudo na reformulação de políticas urbanas. Então, basicamente, a política urbana ela estimula a oferta por metro quadrado. E a mobilidade urbana estimula o lançamento no plano horizontal, porque você tem aí imóveis que, apesar da distância física, a mobilidade urbana aproxima esses imóveis e garante a expansão para novos territórios. É muito importante que isso seja preservado para o bem-estar de todos e da sociedade", reforça Rafael Simões.
BAIRROS COM MAIS LANÇAMENTOS
- Imbiribeira 28,1%
- Vasco Da Gama 23,3%
- Cais Estelita 17,2%
- Torre 8,9%
- São José 7,8%
- Encruzilhada 6,4%
- Aflitos 3,6%
- Poço Da Panela 2,9%
- Boa Viagem 1,9%
Bairros que lideram as vendas de imóveis:
- Imbiribeira 16,8%
- Boa Viagem 14,1%
- Várzea 10,6%
- Casa Amarela 7,4%
- Vasco Da Gama 7,4%