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Construção civil mantém projeção de crescer 2,3% em 2025, impulsionada por projetos em andamento

Apesar do cenário de juros altos, inflação acima da meta e dificuldades fiscais, o nível de atividade da construção permanece elevado no Brasil

Por JC Publicado em 28/07/2025 às 18:16

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A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) reiterou, nesta segunda-feira (28), sua projeção de crescimento de 2,3% para o Produto Interno Bruto (PIB) do setor em 2025. Embora represente uma desaceleração em relação à alta de 4,3% registrada em 2024, a estimativa é vista como positiva diante do cenário econômico desafiador.

A economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos, destacou em apresentação à imprensa que, apesar dos juros altos, inflação acima da meta e dificuldades fiscais, o nível de atividade da construção permanece elevado. "Estamos mantendo a projeção de crescimento de 2,3% para o setor. Esse resultado será muito positivo se obtido", afirmou Vasconcelos.

Projetos em andamento garantem fôlego ao setor

Segundo a CBIC, a resiliência do setor é garantida pelo grande volume de projetos em andamento, especialmente nos segmentos de obras residenciais e de infraestrutura. Vasconcelos apontou que o nível de atividade em junho foi o maior do primeiro semestre de 2025. "Poderia estar melhor, mas ainda está em um patamar elevado", disse.

Esse patamar, conforme a economista, é assegurado pelos empreendimentos residenciais lançados e vendidos nos últimos dois anos que agora estão sendo convertidos em obras. O mesmo ocorre com projetos de infraestrutura, com destaque para o crescimento significativo de novas iniciativas de saneamento.

Cenário de cautela e escassez de crédito

Apesar do bom desempenho do nível de atividade, a CBIC observa uma queda na confiança dos empresários da construção e em suas expectativas para lançar novos projetos imobiliários nos últimos meses. "O empresário está enxergando o cenário atual com mais cautela", explicou Vasconcelos, identificando o juro alto e a escassez de crédito como as principais preocupações.

Dados apresentados pela CBIC revelam uma queda expressiva no financiamento à produção com recursos da poupança, que possui juros reduzidos. Entre janeiro e maio de 2025, houve uma redução de 62,3% em comparação com o mesmo período de 2024, com apenas 24,1 mil unidades financiadas neste ano, contra 65 mil no ano anterior. "Isso mostra a dificuldade do construtor em conseguir financiamento. O juro para o construtor está mais alto, igual ao de mercado. A taxa de juros elevada é o principal problema enfrentado pelos empresários", ressaltou Vasconcelos.

Bancos priorizam crédito para pessoa física

O presidente da CBIC, Renato Correia, observou que os bancos têm priorizado a concessão de crédito para a pessoa física adquirir imóveis. Essa dinâmica tem levado os construtores a buscarem outras fontes de crédito, como o mercado de capitais, porém com custos mais elevados. Na prática, isso resulta em um aumento no custo de produção e no preço final dos imóveis.

"O construtor precisa de capital a um custo mais acessível. Esse é um ponto de atenção", alertou Correia, reforçando a necessidade de políticas que facilitem o acesso ao crédito para as empresas do setor, a fim de evitar uma desaceleração no médio prazo.

 

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