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Como a moradia virou um dos pilares para restauração do Centro do Recife

A combinação de políticas habitacionais com o estímulo ao comércio e à preservação do patrimônio se mostra um solução para a região

Por JC Publicado em 14/07/2025 às 17:08

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A ocupação do Centro do Recife tem sido um desafio para o poder público e a iniciativa privada. Os esforços de ambos os lados têm se intensificado para ampliar opções e revitalizar o Centro. Na parte de moradia, iniciativas voltadas para a ocupação de imóveis subutilizados, construção de novos empreendimentos e a criação de programa de locação social, buscam atrair novos moradores e fortalecer a economia local. Essas ações fazem parte de uma estratégia mais ampla de requalificação urbana, aliando habitação, comércio e lazer em áreas históricas.

Atenta ao cenário do Centro, a advogada especializada em Direito Urbanístico, Sandra Pires, que é sócia do escritório Pires Advogados, ressalta que a área central do Recife necessita de investimentos e incentivos, estabelecendo uma ponte entre público e privado em prol da revitalização.

“As políticas públicas de habitação e requalificação urbana no Centro do Recife são fundamentais para combater o esvaziamento populacional e estimular a recuperação desta área histórica. Com investimentos contínuos e parcerias estratégicas, o Centro deve se tornar cada vez mais atrativo para moradores e empreendedores, promovendo um ciclo sustentável de desenvolvimento urbano. Além da revitalização, a área pode contribuir significativamente para mitigar o déficit habitacional existente no Recife, que hoje é de cerca de 71 mil moradias, conforme estudo do Plano Local de Habitação de Interesse Social”, afirma ela.

A Prefeitura do Recife conta com o Gabinete do Centro do Recife, o "Recentro", para promover ações diversas em prol dessa reestruturação. Liderado por Ana Paula Vilaça, o Recentro direcionou a gestão municipal para investimentos de R$ 100 milhões em obras públicas, como a requalificação do Mercado de São José e da Avenida Dantas Barreto, além de parcerias que atraíram mais de R$ 300 milhões em investimentos privados, como o Novotel Marina e o Recife Expo Center.

Para combater a degradação urbana e repovoar a área central, uma das medidas que estão sendo implementadas pela Prefeitura do Recife é a Parceria Público-Privada (PPP) de locação social, chamada "Morar no Centro". O programa visa oferecer 1.128 unidades, em sete habitacionais que ficarão localizados nos bairros de Santo Antônio, São José, Boa Vista e Cabanga, com o objetivo de beneficiar 5,5 mil pessoas. A iniciativa será voltada para famílias que possuam renda entre um e três e meio salários mínimos, com a taxa de contribuição variando de R$ 200 até R$ 1 mil, mas só deve sair do papel em 2026.

“Além disso, o plano estratégico de desenvolvimento para a área central do Recife intitulado “O Centro do Recife na Rota do Futuro”, recém-lançado e capitaneado pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES), pautado por habitabilidade, mobilidade ativa, dinamização econômica e desenvolvimento social e cultural, tem por objetivo criar ações que promovam a reabilitação do Centro do Recife com a atração de investimentos para a região. E o BNDES tem um projeto chamado de “Distrito Guararapes”, que pretende pôr de pé uma requalificação pensada especificamente para o perímetro da Avenida Guararapes e seu entorno. A iniciativa visa mudar a cara da região com foco em incentivos para habitação e regeneração do espaço público e das edificações esvaziadas e em processo de decadência”, destaca Sandra.

RECIFE 500 ANOS

No âmbito privado, a Câmara Americana de Comércio (Amcham Recife) criou o Comitê Recife 500 Anos para reunir lideranças empresariais, acadêmicas e representantes do poder público com o objetivo de planejar e fomentar ações estratégicas para o desenvolvimento sustentável da capital pernambucana até o seu quincentenário, em 2037. “As iniciativas voltadas para a revitalização do Centro do Recife, incluindo projetos de requalificação urbana, estímulo à habitação no bairro histórico e fortalecimento do comércio local, com foco na preservação do patrimônio cultural e na promoção da economia criativa, estão no cerne da nossa atuação”, destaca o presidente do comitê e sócio da TGI Consultoria, Francisco Cunha.

O mercado de imóveis já atua para estimular a ocupação habitacional no coração da cidade, e um dos projetos mais recentes de moradia a preço acessível é um edifício residencial com 256 apartamentos no bairro da Boa Vista. A combinação de políticas habitacionais com o estímulo ao comércio e à preservação do patrimônio se mostra como a solução para a criação de um ambiente mais dinâmico e atrativo para o Centro do Recife.

 

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