Com mais Minha Casa, Minha Vida, Recife amplia em quase 100% lançamento de imóveis
Capital pernambucana voltou a ter desempenho melhor do que a Região Metropolitana, diversificando a oferta de imóveis no primeiro trimestre de 2025

O mercado imobiliário do Recife e da Região Metropolitana está sendo impulsionado significativamente pela habitação de interesse social. O segmento tem sido o principal motor de crescimento, conforme aponta estudo conduzido pela Brain Inteligência, encomendado pela Associação de Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco, divulgado durante a edição 2025 do Conexão Ademi-PE. A diferença deste início de ano é que a capital pernambucana tem conseguido ofertar mais unidades enquadradas no programa Minha Casa, Minha Vida, diversificando e ampliando a oferta de unidades residenciais.
O levantamento revelou um cenário de aquecimento no mercado local, impulsionado principalmente pelo segmento de interesse social. Os imóveis enquadrados nas regras do programa Minha Casa Minha Vida continuam a dominar as ofertas, representando 53,7% das unidades verticais lançadas no trimestre na Região Metropolitana do Recife (RMR).
Lançamentos de médio padrão vêm na sequência, com 33,0%, enquanto os compactos respondem por 12,2%. O mercado de luxo, embora com números positivos, ainda representa uma parcela menor, com 1,1% das unidades lançadas.
Crescimento expressivo no Recife
A análise da Brain Inteligência aponta para um aumento acentuado no total de lançamentos no primeiro trimestre deste ano. O Recife foi responsável por 993 unidades verticais, um crescimento notável de 92,4% em relação ao mesmo período de 2024, quando a capital pernambucana registrou 516 lançamentos. Em contrapartida, os imóveis lançados na Região Metropolitana tiveram um aumento de 61,3%, com 874 unidades lançadas em comparação às 542 do primeiro trimestre do ano anterior.
Essa disparidade entre a capital e a RMR se torna ainda mais evidente ao analisar o número de empreendimentos. No primeiro trimestre de 2025, a Região Metropolitana recebeu apenas três lançamentos de empreendimentos, uma queda de 72,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o Recife, com nove empreendimentos lançados no trimestre, apresentou uma alta de 28,6% em comparação com os lançamentos na capital no mesmo período de 2024.
O bairro de Boa Viagem continua na ponta dos lançamentos imobiliários verticais no Recife, concentrando 31% das novas unidades no primeiro trimestre de 2025. Após Boa Viagem, a Imbiribeira se destaca com 27% das unidades verticais lançadas nos três primeiros meses do ano. Em seguida, aparecem Boa Vista (12,9%), Casa Forte e Rosarinho, com 11,2% e 7,7%, respectivamente, completando o rol dos cinco bairros com mais lançamentos no período.
Urbanização de centros urbanos
Tema central do Conexão Ademi-PE, a urbanização dos centros urbanos foi objeto de debate, com a participação além da especialista em Inteligência de Mercado da Brain, Gisele Pereira, de Leandro Vasconcelos, diretor comercial e logística da Aço Verde Brasil, e Avelar Loureiro Filho, diretor-presidente da ACLF Empreendimentos.
EXPECTATIVA POR MAIS IMÓVEIS NA ÁREA CENTRAL DO RECIFE
Usando como base o primeiro trimestre deste ano, o consenso entre os debatedores é que os números de empreendimentos e lançamentos verticais prometem passar por transformações significativas nos próximos anos. Isso se deve, em grande parte, aos incentivos promovidos pelo Recentro e pelas recentes regras de financiamento divulgadas pela Caixa Econômica Federal para retrofit. Esses incentivos são considerados cruciais e visam, sobretudo, atrair investidores para os bairros do Centro do Recife.
Rafael Simões, presidente da Ademi-PE, expressa a intenção de transformar o Centro do Recife em um "case de sucesso", seguindo o exemplo de projetos de revitalização como o Porto Maravilha e o Reviver Centro, no Rio de Janeiro. Esses projetos cariocas, focados na zona portuária e em um trecho maior do centro histórico, respectivamente, conseguiram atrair moradores, empresas e infraestrutura.
"São projetos que, com incentivos fiscais diretos, como redução de ITBI, ISS, remissão de dívidas municipais, assim como incentivos urbanísticos e flexibilização de regras, tais como de área mínima de unidades, vagas de estacionamento, entre outros, tornaram a região de interesse para o mercado imobiliário local e é um dos maiores cases na área de habitação, sobretudo na de interesse social, que o Recife tanto precisa", comenta Rafael Simões, destacando o potencial de transformação para a capital pernambucana.