MERCADO IMOBILIÁRIO | Notícia

Multipropriedade cresce 16,6% e alcança R$ 92,7 bilhões em VGV

Com base em levantamento junto a incorporadoras, administradoras e agentes do mercado, estudo reúne informações sobre 216 empreendimentos

Por Lucas Moraes Publicado em 13/06/2025 às 17:56

A indústria brasileira de multipropriedades segue em trajetória ascendente e alcança R$ 92,7 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV) potencial, o que representa um crescimento de 16,6% em relação ao ano anterior. Os dados são da edição 2025 do relatório “Cenário do Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil”, realizado pela Caio Calfat Real Estate Consulting, referência no setor.

Com base em levantamento detalhado junto a incorporadoras, administradoras e agentes do mercado, o estudo reúne informações sobre os 216 empreendimentos mapeados em diferentes status – 21 em fase de lançamento, 78 em construção e 117 prontos, totalizando 42.569 unidades habitacionais (UHs) em 97 cidades de 18 estados brasileiros. Destas, 3.688 estão em lançamento, 20.161 em construção e 18.720 são UHs de empreendimentos prontos.

Em 2024, o VGV potencial somava R$ 79,5 bilhões, com 200 empreendimentos contabilizados. Agora, o novo número revela não apenas o avanço do volume financeiro envolvido, mas também o crescimento do número de projetos (de 200 para 216), de unidades habitacionais (de 39.191 para 42.569) e a ampliação da presença regional. A expansão do setor é sustentada por maior profissionalização, diversificação de destinos e aumento da confiança do consumidor, impulsionada pelo amadurecimento da regulação e da operação dos empreendimentos.

NOVOS EMPREENDIMENTOS

Do total, 115 empreendimentos que somam 27.478 UHs estão no Mercado Corrente, recorte que detalha os empreendimentos que atendem aos critérios de estar no mercado há menos de cinco anos de operação como multipropriedade e possuir estoque de frações inferior a 95%.

No panorama regional do mercado corrente, o Sul do Brasil se mantém como a principal presença da multipropriedade, com 43 empreendimentos e VGV que supera os R$ 26 bilhões. O Rio Grande do Sul lidera o ranking nacional, com 18 empreendimentos, 5.020 UHs e um VGV de R$ 16,06 bilhões, seguido pelo Paraná, com 13 empreendimentos, 2.175 UHs e R$ 6,18 bilhões em VGV, e Santa Catarina, com 12 empreendimentos que somam 1.500 UHs e VGV de R$ 4,19 bilhões.

O Sudeste aparece com 26 empreendimentos, com destaque para São Paulo, que responde por 17 empreendimentos, 7.088 UHs e R$ 15,6 bilhões em VGV, seguido da participação relevante dos estados do Rio de Janeiro (quatro empreendimentos, 296 UHs e R$ 1,04 bilhão em VGV), Minas Gerais (três empreendimentos, 416 UHs e R$ 753 milhões em VGV) e Espírito Santo (dois empreendimentos, 61 UHs e VGV de R$ 134 milhões).

MULTIPROPRIEDADE NO NORDESTE

O Nordeste brasileiro mantém sua curva de crescimento e diversificação, somando 29 empreendimentos. A Bahia lidera na região com 10 empreendimentos, 1.622 UHs e um VGV de R$ 4,38 bilhões. O Ceará vem na sequência, com cinco empreendimentos, 1.226 UHs e R$ 2,72 bilhões em VGV. Outros cinco estados registram empreendimentos em diferentes fases que, somados, consolidam mais de R$ 7 bilhões em valor geral de vendas: Alagoas (três empreendimentos, 890 UHs e RS$ 1,24 bilhões em VGV), Pernambuco (dois projetos, 670 UHs e R$ 1,15 bilhão em VGV), Paraíba (quatro empreendimentos, 450 UHs e R$ 835 milhões em VGV), Rio Grande do Norte (três projetos, 519 UHs e R$ 1,07 bilhão em VGV) e Sergipe (duas multipropriedades, 360 UHs e R$ 2,80 bilhões em VGV).

A presença do modelo também avança pelo Norte do País. O estado do Pará concentra R$ 2,75 bilhões em VGV distribuídos em cinco empreendimentos, 2.352 UHs, enquanto Tocantins entra no radar com um projeto com 178 UHs e avaliado em R$ 245 milhões. A expansão para essas novas fronteiras indica o potencial de interiorização e adaptação da multipropriedade a diferentes perfis turísticos e regionais. Já o Centro-Oeste, tradicional berço da multipropriedade no Brasil, tem, em Goiás seu principal expoente, com 11 empreendimentos que totalizam 2.655 UHs e alcançam R$ 3,63 bilhões em VGV.

A edição 2025 do estudo reforça que a multipropriedade não apenas se consolidou como modelo viável e regulamentado pela Lei nº 13.777/18, mas também se tornou vetor de desenvolvimento regional e estímulo ao turismo. “Com crescimento estruturado, um ecossistema cada vez mais profissional e foco na experiência do cliente, o setor avança para uma fase marcada pela qualificação da oferta e se consolida como uma das frentes mais promissoras do mercado imobiliário e hoteleiro brasileiro”, diz Caio Calfat. 

A pesquisa foi realizada entre março e abril de 2025, por meio de um questionário online, com uma amostra de 1.360 respondentes, sendo 658 multiproprietários e 702 não clientes desse tipo de produto. Para chegar ao público de multipropriedade, a pesquisa contou com apoio da RCI, empresa que é líder mundial em serviços de viagens no setor da Propriedade Compartilhada, com 3,9 milhões de sócios ao redor do mundo, fornecendo acesso a mais de 4.200 resorts e mais de 600 mil hotéis afiliados em quase 110 países.

Pela primeira vez, o levantamento incluiu também pessoas que participaram de apresentações comerciais desses produtos, mas que decidiram não efetuar a compra, o que permitiu um olhar mais completo sobre as percepções, objeções e comportamentos de quem optou por não aderir a esse modelo.

Embora o perfil demográfico dos multiproprietários e dos não clientes apresente diferenças — sendo o primeiro composto majoritariamente (71%) por homens, entre 40 e 69 anos, das classes A e B, e o segundo por mulheres (66%), de 30 a 39 anos, predominantemente das classes B e C —, os desejos e motivações de viagem são bastante semelhantes. Ambos priorizam descanso, lazer, sol e praia, e são fortemente influenciados por recomendações de amigos, familiares e redes sociais.

As diferenças ficam mais evidentes na forma como cada grupo viaja. Multiproprietários viajam mais (49% relataram ter feito 2 a 3 viagens nacionais nos últimos 12 meses), preferem utilizar canais diretos de reserva (49%) e escolhem hospedagens de padrão superior (resorts representam 18% e hotéis de padrão quatro estrelas somam 49% das preferências), com pensão completa ou all inclusive, aparecem como as opções favoritas, guiadas por critérios como preço, localização e qualidade percebida.

 

 

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