PREÇOS | Notícia

IGMI-R ABECIP registra alta de 1,07% em março na variação dos preços dos imóveis residenciais

No Nordeste, Fortaleza se destacou com uma aceleração significativa, registrando alta de 0,74% em março, frente à elevação de 0,22% no mês anterior

Por JC Publicado em 12/05/2025 às 16:42

O Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial (IGMI-R) avançou 1,07% em março, acelerando frente à variação de 0,91% registrada em fevereiro. Apesar desse impulso no curto prazo, a taxa acumulada em 12 meses desacelerou pela segunda vez consecutiva, passando de 11,19% para 10,73%. Esse arrefecimento na variação interanual sinaliza um possível esgotamento do ciclo de valorização mais intensa dos ativos residenciais.

A moderação do ritmo de crescimento é coerente com a atual conjuntura macroeconômica, marcada por juros elevados — com a taxa Selic em patamar restritivo —, expectativa de desaceleração do crédito imobiliário diante da redução do funding e uma atividade econômica que avança de forma mais modesta. Esses fatores combinados impõem maior seletividade ao mercado comprador, o que tende a promover maior equilíbrio entre oferta e demanda, limitando a persistência de pressões inflacionárias no segmento habitacional.

A análise regional do IGMI-R revela dinâmicas heterogêneas entre os principais centros urbanos do país, refletindo especificidades locais de demanda, oferta e condições de crédito. São Paulo, mercado de maior representatividade no índice, registrou aceleração expressiva nos preços residenciais, com alta de 1,20% em março frente a 0,46% em fevereiro, sinalizando maior pressão sobre os ativos imobiliários, possivelmente influenciada por segmentos de média e alta renda. Belo Horizonte também apresentou variação acentuada, com o índice saltando de 0,23% para 1,80%, movimento que pode indicar recomposição de preços após um período de relativa estabilidade.

Em contraste, o Rio de Janeiro exibiu desaceleração, com a taxa mensal recuando de 1,29% para 0,91%.Embora ainda positiva, essa moderação pode refletir a dinâmica específica do mercado carioca, onde a valorização dos imóveis encontra limite no elevado estoque e na rigidez da renda disponível das famílias. Ainda assim, o mercado de locação segue aquecido, especialmente em bairros com boa infraestrutura urbana, o que pode estar gerando efeitos indiretos sobre os preços de venda por meio da compressão do cap rate (retorno esperado do aluguel sobre o valor do imóvel).

NORDESTE

Nas regiões Nordeste e Sul, o comportamento dos preços residenciais também apresentou variações relevantes. No Nordeste, Fortaleza se destacou com uma aceleração significativa, registrando alta de 0,74% em março, frente à elevação de apenas 0,22% no mês anterior. Esse movimento pode refletir um reaquecimento pontual da demanda, decorrente de contratos de compra pactuados anteriormente. No Recife, a taxa ficou em 0,45%.

No Sul, observa-se um quadro de desaceleração mais evidente. Em Porto Alegre, a variação mensal recuou de 2,23% em fevereiro para 0,45% em março, enquanto Curitiba passou de uma alta de 1,59% para uma ligeira queda de -0,14%. Essa redução nos principais mercados do Sul pode sinalizar o início de um ciclo de correção de preços, em linha com a menor propensão ao consumo de bens duráveis em contextos de juro real elevado. Além disso, o aumento do custo de oportunidade entre imóveis e ativos financeiros mais líquidos pode estar redirecionando parte da demanda para investimentos menos expostos à iliquidez do mercado imobiliário.

Por outro lado, Belo Horizonte manteve-se como um dos mercados mais aquecidos do país, embora tenha sinalizado início de acomodação em seu ritmo de valorização. A taxa interanual recuou de 24,08% para 17,89% em março, indicando uma possível inflexão após sucessivas altas expressivas ao longo de 2024. Embora ainda elevado em termos absolutos, esse movimento sugere uma trajetória de estabilização dos preços dos imóveis residenciais, compatível com a absorção dos ajustes promovidos nos últimos trimestres e com um mercado que começa a se reequilibrar entre oferta e demanda.

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