VIDEOCAST | Notícia

Videocast Metro Quadrado: Por que o preço do aluguel é tão caro no Recife?

Segundo episódio, comandado pelo colunista Lucas Moraes e o advogado patrimonial e de negócios imobiliários Amadeu Mendonça, recebeu o Secovi-PE

Por JC Publicado em 08/05/2025 às 22:21

Segundo os dados da mais recente pesquisa FipeZap, o Recife detém o aluguel mais caro do Nordeste, figurando entre as três capitais mais caras do País quando o assunto é locação residencial. Os motivos que levam a cidade a essa carestia foram discutidos no segundo episódio do videocast Metro Quadrado, nesta quinta-feira (8).

“De fato a gente constata, tem algumas particularidades. Diferentes de algumas outras cidades, Recife tem por cultura locações anunciadas com iptu e condomínio dentro, isso interfere no preço do anúncio. Quando a pesquisa bate no preço final, fica mais caro. Existem capitais que não tem muito essa prática, isso pode criar pequenas distorções, mas, de fato, o Recife tem encarecido o preço. A gente precisa de oferta, mas isso não tem acontecido”, diz o presidente do Secovi-PE, Márcio Gomes.

VEJA O 2º EPISÓDIO DO VIDEOCAST METRO QUADRADO:

 

O vice-presidente do Secovi-PE, Luciano Novaes, reforça que o Brasil enfrentou nos últimos doze anos, pelo menos seis anos de enfraquecimento no volume de lançamento de imóveis, embora a demanda de inquilinos tenha se mantido aquecida.

“A gente teve duas crises: primeiro no governo Dilma, com elevação da taxa de juros e queda da economia, que fez com que construtoras não lançassem. Depois veio a pandemia, mais dois anos andando de lado. No período de 11 a 12 anos, foram 6 anos sem construtoras impulsionarem lançamentos. Isso está sendo sentido agora. Imóvel leva tempo a comprar terreno, fazer projeto e entrega. O mercado está carecendo de oferta”, detalha.

Além disso, ele justifica que o Recife é uma cidade pequena, muito adensada e com restrições urbanísticas que interferem diretamente no volume de imóveis disponíveis e a distribuição deles no território.

“Isso faz com que as pessoas queiram morar próximas dos poucos parques, shoppings, colégios… E com isso, sobrevaloriza os bairros mais estratégicos da cidade. Agora, começamos a assistir crescimento nos bairros mais periféricos. A forma de equilibrar isso é aumento de produção, mas aí as grandes cidades tentam restringir as construções, então tem essa questão”.

Embora haja essas questões, Luciano Novaes revela que, com base na sua imobiliária, os imóveis entregues por inquilinos têm voltado ao mercado cerca de 20% mais caros. As condições mais difíceis para financiar imóveis também têm feito evoluir a procura por aluguéis.

“Considerando dados do último Censo, 20% da população mora de aluguel, justamente pela dificuldade de comprar. Com a taxa Selic em 14,75% traz a dificuldade da classe média em arcar com o custo da parcela mensal, porque isso vai concorrer com feira, energia, plano de saúde, escola dos filhos - concorrência com despesas básicas. Quem não tem como comprar, vai alugar”, conta o advogado patrimonial e de negócios imobiliários Amadeu Mendonça , sócio diretor do Tizei Mendonça Advogados Associados.

Para além do custo do aluguel em si, os reajustes são outra preocupação. “IGP-M é o índice mais utilizado porque é divulgado ao final do mês, fechando o ciclo mensal. O IPCA sai no dia 10 de cada mês. Mas como o IGP-M é um índice relacionado ao atacado e ao dólar, sofre variação muito grande em crises. O IPCA é mais previsível, equilibrado. Na pandemia, tivemos GP-M de 30% no mês. Não é um índice que reflete tão bem o custo de vida da gente. Há cinco anos, adotamos o IPCA. Não tem muita discussão, a gente aplica e estamos percebendo que o aluguel teve um aumento real e estamos conversando com os inquilinos com uma média de 15% a 20% de reajuste”, diz Luciano.

A conversa ainda detalhou questões condominiais, como a profissionalização de síndicos e gestores, aumento de custos para condomínios em função de novas legislações apresentadas e o mercado de locação comercial.

Compartilhe