Mais eventos no Nordeste
Com a participação de nomes nacionais e mobilização local, Fliporto, FLIC e Literarte são exemplos do potencial da cultura dos livros na região
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Três eventos literários com histórias distintas, realizados em lugares diferentes, encerram hoje suas programações, após dias de atividades com a presença de nomes nacionais, escritoras e escritores locais e muitos, muitos leitores. A Festa Literária Internacional de Pernambuco – Fliporto – termina neste domingo, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, no Recife, a edição comemorativa de 20 anos. A Feira Literária Internacional de Campina Grande – FLIC – também conclui a agenda neste domingo, em sua 8ª edição, no Museu de Arte e Ciência da cidade paraibana. E o primeiro Festival Literário e Artístico de Fernando de Noronha – Literarte, será encerrado na mesma data, no arquipélago mais badalado do Nordeste.
Para coordenador-geral da Fliporto, Antônio Campos, os eventos literários na região “ampliam o acesso ao livro, fortalecem a criação intelectual e consolidam redes entre autores, leitores e instituições”. Em duas décadas de história, afirma que a Fliporto “tornou-se espaço de encontro e de continuidade cultural, além de valorizar a cultura pernambucana”, projetando o estado no circuito internacional e estimulando a economia criativa. Para Antônio Campos, “o Nordeste ganhou centralidade no mapa dos grandes festivais do país com a realização da Fliporto”.
O criador e coordenador da FLIC, Stellio Mendes, observa o valor coletivo do calendário regional de eventos literários. “Os eventos que pululam no Nordeste nos últimos anos, têm sido de grande importância para o crescimento da cadeia do livro, leitura e literatura, pois proporcionam encontros entre autores e leitores, mas também dos escritores com sua classe, de modo a fortalecer cada vez mais a cadeia”, diz. E acrescenta uma razão para o público cada vez em maior número, nas iniciativas. “Com a escassez de livrarias, que outrora promoviam esses encontros quase diários, é nos eventos que os amantes da leitura difundem seus conhecimentos, se alimentam de novas ideias e principalmente exercem a paixão pelos livros, por quem os fazem e pelos que os consomem”.
Literatura nordestina
O escritor e curador da Literarte, Ney Anderson, chama atenção para a tradição criativa da região, que se renova na literatura contemporânea. "O Nordeste sempre foi uma região muito rica em todos os aspectos. Na literatura, nem se fala. Muitos nomes que hoje são clássicos vieram do Nordeste, e ao longo do tempo essa força literária só cresceu. Novos autores surgiram, a literatura contemporânea foi ocupando espaços, ganhando prêmios, sendo reconhecida”, aponta. “Fazia muitos anos que eu queria realizar esse projeto, e agora finalmente foi possível. E de uma forma muito especial, reunindo autores de Pernambuco, da própria ilha e também de outros estados. Espero que o Literarte sirva de exemplo para outros lugares que ainda não têm esse tipo de iniciativa”, diz Ney Anderson, que destaca o traço comum dos eventos literários: “No fundo, o grande objetivo de todo esse movimento é despertar nas pessoas o amor pela leitura. Através dos debates e dos encontros que aproximam a literatura do povo”.
Prêmio Caminhos na Fliporto
A autora vencedora do 2º Prêmio Caminhos de Literatura foi apresentada na Fliporto, em debate com o criador do prêmio, Henrique Rodrigues, e um dos jurados, o escritor Airton Souza. Paula Novais ganhou com o romance “Gaiolas de concreto armado”, que será publicado no ano que vem pelas editoras Dublinense, no Brasil, e Kacimbo, em Angola.
Clube do Furdunço
Neste domingo tem novo encontro do Clube do Livro do Furdunço Café & Cultura, no Recife, a partir das 2 da tarde. A obra a ser debatida é “Senhor das moscas”, de William Golding, vencedor do Nobel de Literatura em 1983. O livro foi publicado originalmente em 1954, e anos mais tarde chegou no Brasil pela Nova Fronteira, com tradução de Geraldo Galvão Ferraz.
Ler África Ibero-América
Inés Miret, Mario Lúcio, Dolores Prades e José Castilho conceberam e organizaram o Seminário Internacional Ler África Ibero-América, cuja primeira edição termina neste domingo, 16, em Tarrafal, Ilha de Santiago, em Cabo Verde. “A experiência deste ano é muito exitosa e esperamos que tenha motivado Tarrafal e os diversos países que estiveram conosco a seguir buscando uma integração literária, uma cooperação para planos de formação de leitores que integrem o que há de melhor em nossos países, que têm tantas afinidades e tanto distanciamento”, diz José Castilho.
A ficcionista
A Livraria da Travessa de Botafogo, no Rio de Janeiro, recebe o lançamento da nova edição do romance de Godofredo de Oliveira Neto, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). “A ficcionista – Sonhos e fantasias de uma narradora” é publicado pela Batel. Nesta segunda, a partir das 7 da noite.
Lady Tempestade
Andréa Beltrão estrela a peça “Lady Tempestade”, que abre o Festival Recife do Teatro Nacional, na quinta, 20, no Teatro Santa Isabel. Com dramaturgia de Sílvia Gomez e direção de Yara de Novaes, o monólogo conta a história de Mércia de Albuquerque, advogada pernambucana que defendeu mais de 500 presos políticos durante a ditadura militar.
Encontro Escreva Garota
Será na Livraria da Vila da Fradique Coutinho, em São Paulo, o Encontro Escreva Garota na próxima sexta, 21. Das 2 da tarde às 8 da noite, haverá rodas de conversa sobre a escrita e a publicação de obras de mulheres. Evento gratuito, aberto ao público.
Nas ondas verdes do mar
A editora Fantástica lança no sábado, 22, em Patos de Minas, o livro de Davi Dallariva, “Nas ondas verdes do mar”. A obra é apresentada como “uma travessia poética entre o real e o fantástico, onde um jovem pescador descobre que o amor pode assumir tantas formas quanto as criaturas que habitam o oceano”. Na cafeteria Casa Jardins, a partir das 4 da tarde.
A história de Bethânia
Paulo Henrique de Moura lança “Maria Bethânia, primeiros anos – da cena cultural baiana ao teatro musical brasileiro” no sábado, 22, em São Paulo. A obra é fruto de sua dissertação de mestrado na USP. A publicação da Editora Letra e Voz traz depoimentos inéditos de Rodrigo Velloso, irmão da cantora, e mais Gilberto Gil, Jards Macalé, Djalma Corrêa, Roberto Santana, Thereza Eugênia, Edy Star, além da própria Maria Bethânia. O lançamento será no Museu da Imagem e do Som (MIS) a partir das 5 da tarde.
Ainda há uma brisa
Editor da revista Rubem, Anthony Almeida prestigiou o lançamento do primeiro livro de crônicas de Cícero Belmar na Academia Pernambucana de Letras, na quarta, 5. A publicação de “Ainda há uma brisa” é da Bagaço.
Reescrevendo Novos Caminhos
A Cepe Editora deu início na terça, 11, ao projeto Reescrevendo Novos Caminhos, que oferece rodas de conversas com escritores, oficinas literárias e doação de livros em unidades prisionais em Pernambuco. O músico, escritor e ativista social Cannibal participou do lançamento do projeto, no Cotel, em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife. “Essa experiência é uma grande troca porque falo sobre a minha vida e estou conhecendo a vida de tantas pessoas que podem ter seus erros recuperados pela arte. Mas é preciso que eles queiram mudar. Estar aqui para incentivar é muito importante porque essas pessoas não tiveram as oportunidades que tive com a arte. Passar a mensagem de que a literatura pode mudar suas vidas é uma grande experiência. A arte salva”, disse Cannibal.
A torre
Thaís Alcoforado lançou na quarta, 12, no Recife, o seu primeiro livro de poemas: “A Torre”, inspirado na carta de tarô. O evento foi na Livraria da Praça, em Casa Forte. A publicação é da Primata, com prefácio de Gabrielle Estevans e capa de Priscilla Menezes.
Pó de Estrelas premiada
O livro “As mãos do meu pai”, com texto e ilustrações de Choi Deok-kyu, publicado pela Pó de Estrelas e Boitatá, recebeu o Prêmio FNLIJ de Melhor Livro de Tradução e Adaptação para Criança em 2025 - Prêmio Monteiro Lobato. A obra “celebra o amor entre pais e filhos e homenageia pessoas que exercem a função de cuidado”, segundo a divulgação.