A história pode ser reescrita
Em palestra na Academia Pernambucana de Letras, George Cabral vai abordar os antecedentes e os desdobramentos do processo da Independência

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Se o conhecimento científico se aprimora a partir da negação e da crítica do conhecimento anterior, a leitura dos fatos históricos também não é imutável. O passado que não muda é submetido ao olhar diferente que atravessa o tempo na compreensão de sucessivas gerações. Cada perspectiva atual oferece oportunidades de interpretação, seja por novos enfoques, seja na ressignificação de informações estabelecidas numa tradição, mas nem por isso menos incompletas, ou mesmo equivocadas.
É o que se dá com a história do Brasil. Os movimentos que antecederam a Independência, por exemplo, são pouco valorizados, em favor de uma versão quase caricatural de ufanismo forjado, não por uma conquista, mas pela concessão de um monarca rebelde. “O processo de Independência do Brasil foi mais complexo e violento do que tradicionalmente se considera”, explica o professor George Cabral, presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP). “Projetos alternativos e interesses locais se confrontaram com o modelo de emancipação proposto no Rio de Janeiro e encabeçado pelo príncipe português Pedro de Alcântara”, enfatiza.
Nesta segunda, 8, George Cabral, que coordenou a edição da coleção “Pernambuco na Independência”, publicada pela Cepe em dez volumes, faz palestra na Academia Pernambucana de Letras (APL), da qual é membro. O tema será “O processo de Independência do Brasil: questões e debates”. Segundo ele, “a comunicação vai focar especialmente os antecedentes e os desdobramentos do processo em Pernambuco, ressaltando acontecimentos e personagens daquele contexto histórico”.
A partir das 3 da tarde, na sede da APL, no Recife.
Um percurso literário
O escritor e tradutor Fernando Dourado Filho, autor dos livros “O halo âmbar” e “A viagem imóvel”, faz palestra na terça, 9, no Recife, sobre o tema “Entre o Capibaribe e o Sena: um Percurso Literário”. Será na AABB, a partir das 19h45. Ele concedeu breve entrevista à coluna:
O que o ato da escrita significa para você?
Fernando Dourado Filho - Escrever representa o melhor caminho para me distanciar dos temores que nos afligem no inverno da vida. Pela escrita, consigo me debruçar sobre o passado, nele identificando zonas de luz e sombras. Nenhuma conversa me permitiria alcançar as nuances que consigo com o texto - muito mais desafiador. Por fim, eu eternizo os momentos - mesmo os mais fortuitos - quando lavro no papel impressões que só ganham nitidez depois de escritas. Privado de escrever, minha vida perderia a viga mor de sustentação. Eu morreria em pouco tempo.
Você também é tradutor. Até que ponto a tradução recria a obra traduzida?
Fernando Dourado Filho - A principal lição que tirei do nobre ofício da tradução - bastante ameaçado pela IA - é que é fundamental conhecer o autor. Trocar impressões sobre a obra dele na língua em que foi publicado e assistir a participações suas em talk shows e podcasts. Isso porque chega um momento da tradução da literatura contemporânea em que você precisa captar que expressão combina mais com o autor. No fundo, é uma forma de juntar subsídios para os impasses narrativos que são inevitáveis. Gosto de traduzir do inglês, francês, espanhol, italiano e alemão - nesta ordem.
Os clubes de leitura reúnem pessoas em torno de livros. Qual a importância social da literatura?
Fernando Dourado Filho - É desesperador assistir à deterioração da capacidade dos leitores de se concentrar num livro. Os estímulos externos esmagam a vontade interna. Da mesma forma que a comida processada gera obesidade e má nutrição, o whatsapp e os textos compactados para consumo em larga escala são puro veneno. Sou muito pessimista quanto ao futuro do mundo da leitura em termos absolutos. Mas creio, por outro lado, na formação de núcleos pequenos e sólidos. Tenho leitores dos meus dois livros mais recentes que já os estão relendo pela terceira vez. É sinal de que nem todo mundo se deixa contaminar pelo pret-a-porter literário.
Luna Vitrolira
Poeta, performer e pesquisadora, Luna Vitrolira vai a São Paulo esta semana, em intensa programação a partir da terça, 9, participando de debates, oficinas e performances. Na sexta, 12, estará em Juazeiro do Norte, no Ceará, na Balada Literária do Cariri. Depois segue para Niterói, no Rio de Janeiro, onde permanece de 17 a 20 de setembro, com o grupo Mulheres de Repente. Em seguida, parte para sua primeira tour literária na Europa – passando por Portugal, França, Inglaterra, Alemanha e Espanha para lançar seu novo livro, “Memória Tem Águas Espessas”, com “reflexões sobre negritude, ancestralidade e as marcas da colonização”, de acordo com a divulgação. “Não estou indo no porão de um navio negreiro, mas como artista, levando a palavra poética de Pernambuco e do Brasil para ser ouvida na Europa do século XXI”, diz Luna.
Coisas distantes
Fábio Andrade lança o seu primeiro romance na quarta, 10, no Museu do Estado de Pernambuco, no Recife, a partir das 7 da noite, em bate papo com Ariana Pacheco. A noite de autógrafos em São Paulo também já está marcada: na Livraria Ponta de Lança, onde o autor de “Coisas distantes” conversa com Cristhiano Aguiar, também às 19h.
A escolha da coragem
A editora Reflexão promove o lançamento do livro de Flora Singer na quarta, 10, em São Paulo. Trata-se de um relato de sua experiência como paciente de câncer, do diagnóstico até a cura. “A escolha da coragem” é “um relato sincero, espontâneo e absolutamente digno de alguém que buscou superar a notícia ruim, o tratamento sofrido e a angústia do que poderá acontecer amanhã”, escreve Ricardo Viveiros no prefácio. O evento será na Travessa do Shopping Villa Lobos, a partir das 7 da noite.
Domitila
A Record está lançando nova edição revista de obra de Paulo Rezzutti: “Domitila: A história não contada”, quarto volume da série em que o autor traz à luz personagens importantes da história do Brasil nos tempos do Império. A biografia da Marquesa de Santos tem prefácios de Mary Del Priore e Isabelle Anchieta. Para Del Priore, a obra “atravessa o enigma do mito, escuta, interroga e corrobora as vozes do passado, encaixa peças de um quebra-cabeça que açodava os historiadores havia muito tempo”.
Casa de família
A escritora Paula Fábrio esteve na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro, para apresentar seu livro “Casa de família”, publicado pela Companhia das Letras. “Autora de livros premiados e uma das vozes mais interessantes da ficção brasileira contemporânea”, para Micheliny Verunschk, Paula Fábrio “constrói um retrato sem retoques e concessões em seu mais novo romance”. A obra utiliza as relações no ambiente doméstico para abordar temas da contemporaneidade brasileira.
Maresia corrói os dentes
Érica Magni lança seu terceiro livro no sábado, 13, no Rio de Janeiro. Em “Maresia corrói os dentes”, a escritora mescla prosa e poesia “num exercício de olhar para fora olhando para dentro — e vice-versa”, segundo Bruna Mitrano, que assina o posfácio. A publicação é da Sophia Editora. A sessão de autógrafos começa às 18h, no Partisan da Lapa.
Onde está a Poesia?
Melina Galete lança o livro dedicado à sua filha, Maria Clara, no sábado, 13, em Niterói (RJ). Com ilustrações de Jonathas Martins, em publicação da Cambucá, “Onde está a Poesia?” narra “a história que tenta explicar o que sente uma mãe ao retornar para casa após sepultar a filha, e o que sente uma pessoa ao não conseguir explicar para a gata que a humana preferida não está mais aqui”, diz a autora. Na Livraria Ponte a partir das 3 da tarde.
A culpa deve ser do sol
Publicação da 7Letras, “A culpa deve ser do sol”, segundo livro de Gustavo Alkmim, mostra que o autor “prolonga a notável geração de contistas do Modernismo”, sustenta Ivan C. Proença no prefácio. Desembargador no Rio de Janeiro, Alkmim é mestre e doutor em Literatura e Estudos Culturais pela PUC-RJ.
Fernanda Caleffi Barbetta
Vencedora do Prêmio Cepe Nacional de Literatura em 2022, na categoria romance, Fernanda Caleffi Barbetta está lançando “Maçã. Mesa. Moeda” pela Laranja Original. O livro de contos narra histórias de pessoas que lidam com doenças do cérebro, como Alzheimer e Parkinson. A escritora também tem novo romance em e-book, “Quase dois centímetros”, disponível na Amazon.