Literária | Notícia

Traduzir um livro noutro livro

Coletivo de mulheres tradutoras lança manifesto pelos direitos dos profissionais que fazem as obras em outras línguas chegarem ao leitor brasileiro

Por Fábio Lucas Publicado em 18/06/2025 às 17:53

A leitura não basta: a releitura é impositiva, e cada vez que se lê, um detalhe ou um sentido podem saltar e se incorporar ao que se leu primeiro. O ofício da tradução é criativo. E também rigoroso, pois se há diferentes formas de traduzir, a compreensão não pode alterar a essência da escrita original. A atividade precisa de valorização, tanto pelo mercado editorial, ao qual os tradutores e tradutoras prestam serviço essencial, quanto pelos leitores, passando a enxergar no texto traduzido a qualidade original de quem transformou um livro em outro livro, sendo o mesmo, legitimado pelo direito autoral adquirido pela editora nacional.
Reconhecimento justo, contratos melhores, participação nas vendas e inclusão do nome na capa são algumas reivindicações do coletivo de tradutoras literárias Quem traduziu, em manifesto recente. “No Brasil, livros traduzidos respondem por parte significativa da produção editorial. Apesar da relevância deste ofício para a sociedade, o cenário para quem traduz é de precariedade laboral, com remuneração defasada e condições contratuais adversas, sem uma política de pagamento de royalties”, diz o texto. Entre as assinaturas, estão Bruna Beber, Nara Vidal, Paloma Vidal, Prisca Agustoni, Raquel Toledo e Stephanie Borges.
Mais informações no Instagram @quemtraduziu.

 

A Feira do Livro

O evento literário na Praça Charles Miller, em São Paulo, em frente ao estádio do Pacaembu, segue até o próximo domingo, 22. Trazemos alguns destaques na programação oficial.
Quinta, 19 - Fundador da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz conversa com Paulo Roberto Pires sobre o livro “O primeiro leitor”, de Schwarcz, no Auditório Armando Nogueira, às 14h15.
Sexta, 20 - Humberto Werneck e Luís Henrique Pellanda conduzem uma “Viagem ao país da crônica”, no Palco Petrobras, a partir do meio-dia. No mesmo palco, às 3 e meia da tarde, o português Afonso Cruz e o espanhol Jorge Carrión dialogam sobre “O vício dos livros”.
Sábado, 21 – A jornalista pernambucana Marilene Felinto lança o novo romance, “Corsária”, no Auditório Armando Nogueira, a partir das 10h30. No mesmo espaço, Eduardo Giannetti fala de sua nova obra, “Imortalidades”, em bate-papo com Márvio dos Anos às 12h15.
Domingo, 22 – A psicanalista, educadora e escritora Elisama Santos estará no Palco Petrobras ao meio-dia, para a palestra “Por que gritamos”, sobre a sobrecarga feminina no trabalho não remunerado. À tarde, no mesmo palco, o autor de “Na nossa pele”, Lázaro Ramos, conversa com Ronilso Pacheco, a partir das 15h30.


Lady Tempestade

Silvia Gomez e Samarone Lima conversam nesta quinta, 19, sobre o livro “Lady Tempestade”, dramaturgia de autoria de Silvia, publicado pela Cobogó. O livro traz ainda textos de Samarone, da diretora da peça, Yara de Novaes, e da atriz Andrea Beltrão, que encenou o monólogo. No Palco Petrobras da Feira do Livro, em São Paulo, a partir das 10h15 da manhã.

 

Marcelo de Jesus
João Barone lançando livro - Marcelo de Jesus


Os Paralamas do Sucesso

O baterista João Barone lança nesta quinta, 19, o livro “1,2,3,4! Contando o tempo com Os Paralamas do Sucesso”, publicado pela Máquina de Livros. No estande da editora no Pavilhão Verde da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, a partir das 3 da tarde. Quem comprar o livro na Bienal, em qualquer dia, irá concorrer a uma baqueta autografada pelo autor. Serão três baquetas sorteadas, após o evento, no dia 25.

 

Divulga�§�£o
Ursulla Mackenzie estar�¡ na Feira do Livro - Divulga�§�£o


Os acordados

A editora Rua do Sabão promove o lançamento do novo romance de ficção científica de Ursulla Mackenzie, neste sábado, 21, durante A Feira do Livro, em São Paulo. Em “Os acordados”, um pequeno grupo de pessoas vê o mundo ficar imobilizado “como em uma fotografia” após um fenômeno eletromagnético. No estande da editora, a partir das 2 da tarde.

 

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A jornalista portuguesa Alexandra Lucas Coelho - Divulgação


Gaza está em toda parte

Depois de passar pela Feira do Livro, em São Paulo, Alexandra Lucas Coelho dá continuidade à turnê no Brasil para divulgar o lançamento de “Gaza está em toda parte” pela Bazar do Tempo. A jornalista portuguesa estará no Café Literário Pólen da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, neste sábado, 21, ao meio-dia. Na terça, 24, faz sessão de autógrafos na Livraria Janela do Jardim Botânico, também no Rio, a partir das 7 da noite. No domingo, 29, vai a Porto Alegre, onde conversa com os leitores na Livraria Baleia às 4 da tarde. E em Salvador, o encontro será no Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, no sábado, 4 de julho, às 3 da tarde.

 

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A escritora Hanna Malta - Divulgação


Brisas filosóficas

Hanna Malta marca presença na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, neste final de semana, depois de passar pela Feira do Livro em São Paulo. A autora de “Brisas filosóficas para uma vida (extra)ordinária” concederá autógrafos no sábado, 21, das 16h às 22h, e no domingo, 22, das 10h às 16h, no estande Escreva, Garota, no pavilhão 4 do evento.

 

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Yara Fers com novo livro - Divulgação


Habeas Corpas

Será no estande da editora artesanal Arpillera o lançamento do novo livro de poemas de Yara Fers, “Habeas corpas”. De acordo com a divulgação, a estrutura dos poemas remete a uma forma de insubordinação: “Os versos rompem a linearidade, brincam com o espaço da página, desafiam as margens, como fazem os corpos que recusam caber nos limites impostos”. Autógrafos no sábado, 21, na Calçada Literária do Pavilhão 4, a partir das 2 da tarde.

 

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Marcella Rossetti venceu o Prêmio Amazon - Divulgação


Caixa de silêncios

Dentre mais de 1.600 inscrições, Marcella Rossetti é a vencedora do Prêmio Amazon de Literatura Jovem, com uma obra que expõe e chama a atenção para a violência sexual contra meninos. Além de R$ 35 mil da premiação, “Caixa de silêncios” será publicado pelo selo Pitaya da HarperCollins Brasil.


Orbital

No livro de Samantha Harvey, vencedor do The Booker Prize de 2024, publicado no Brasil pela DBA, com tradução de Adriano Scandolara, o cotidiano a bordo da estação espacial é descrito com inventividade e poesia, combinando observações descritivas com reflexões filosóficas inescapáveis para quem presencia, num período de 24 horas, o sol nascendo e se pondo 16 vezes seguidas, nas voltas dadas ao redor da Terra nesse período. E isso diariamente, por vários meses. Afastados do planeta-mãe e isolados numa caixa metálica para ver o que poucos podem ver em vida, os moradores da órbita terrestre experimentam sentimentos contraditórias, como o alheamento e a integração aos habitantes do planeta que não podem pisar. “A humanidade, reduzida à sua essência nesse punhado de pessoas, não é mais uma espécie de diferença e distância que causa perplexidade, mas uma coisa próxima, ao alcance da mão”, podemos ler em “Orbital”. O estranhamento se aprofunda: “Ocorre-lhes um pensamento surpreendente às vezes: estão encapsulados, um submarino que se move sozinho pelas profundezas do vácuo, e vão se sentir menos seguros quando saírem. Vão reaparecer sobre a superfície da Terra feito estranhos, em certo sentido. Alienígenas conhecendo um novo e desvairado mundo”.

 

Pritty Reis
Thainá Carvalho publica pela Macabéa - Pritty Reis


A intacta natureza dos dias

Em campanha de financiamento coletivo o novo livro de poemas de Thainá Carvalho, “A intacta natureza dos dias”, pela Macabéa Edições. Com prefácio de Christina Ramalho, posfácio de Tatianne Santos Dantas e orelha de Tatiana Lazzarotto, a obra tem projeto gráfico e aquarelas de Lila Marques de Souza. Para saber mais e apoiar: https://benfeitoria.com/projeto/a-intacta-natureza-dos-dias-thaina-carvalho-1ymf.

 

Não cabe nas mãos

Com projeto gráfico e capa de Isabela Sancho, está em pré-venda até o final de junho o novo livro de Renata Ettinger, “]Não cabe nas mãos[” em publicação da Mormaço Editorial. Para apoiar, acesse https://mormacoeditorial.com/produtos/pre-venda-nao-cabe-nas-maos-de-renata-ettinger/. A autora oferece à coluna a degustação de um dos poemas, “esqueci o nome da palavra”:

como é que vou dizer se

fugiu a palavra
tá aqui           na beira da língua
mas não sai

como é que vou sentir se
esqueci o nome

e se não tem nome
como é que eu vou saber?

*

o pior é que eu sei
que quando não tem nome
dói mais

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