Ironia rima com poesia
Em "Como matar seu marido", publicado pela Cepe, Laura Cohen oferece o riso como bálsamo literário para tratar de temas difíceis – e necessários

Autora de romances, premiada pela Academia Mineira de Letras por “Caruncho”, a escritora Laura Cohen Rabelo está lançando seu primeiro livro de poesia pela Cepe. Uma autora mineira, publicando por editora pernambucana, lançou o livro em São Paulo – o evento foi no Mercadinho Simples, da Livraria Simples, na sexta, 13. “Como matar seu marido” surgiu de relatos em um diário, após o conselho de uma amiga para utilizar a forma de poemas. Apesar de ser obra poética, a autora enxerga uma narrativa, uma dramaturgia no texto desenvolvido como “autocrítica da mulher que quer casar”, de acordo com ela, após sua separação. “A gente é educada a casar, numa coisa muito heteronormativa, sem espaço para nada. Fui escrevendo tirando sarro de mim, e dos homens”. Os poemas também carregam vozes masculinas.
Em conversa com o JC, por ocasião do evento, a escritora disse que vê necessidade de “matar uma ideia de casamento para ter um casamento”. E contou que o livro a melhorou. “Vejo uma saída do sofrimento pelo riso. Falar disso (a separação) com uma certa leveza me ajudou”. Para Laura, é difícil reler os romances que escreve, mas o livro de poemas, ela relê e dá risadas. “Porque parece que além da minha voz, há outras vozes ali dentro”.
Sobre os pernambucanos, Laura recorda de uma oficina que fez no estado, e conta a surpresa com o resultado. “Parece que todo mundo é escritor em Pernambuco. Gosto muito do leitor que também escreve. Todo livro convida a gente a escrever”.
O livro tem ilustrações de Laura Morgado e pode ser encontrado nas livrarias da Cepe e no site www.cepe.com.br.
A Feira do Livro
Entre os destaques da programação do evento em São Paulo, A Feira do Livro recebe neste domingo, 15, a escritora portuguesa Lídia Jorge, que conversa sobre seu novo livro, “Diante da manta do soldado”, publicado pela Autêntica, com a mediação de Luana Chnaiderman, no Palco Petrobras, ao meio-dia.
Quase na mesma hora, às 12h15, o poeta mineiro Edimilson de Almeida Pereira fala sobre seus 40 anos de literatura, no Auditório Armando Nogueira.
Pouco depois, às 13h45, no Palco Petrobras, a jornalista Aline Midlej e o empreendedor social Edu Lyra falam sobre o livro “De Marte à favela”, escrito por ambos e publicado pela Planeta.
A portuguesa Alexandra Lucas Coelho apresenta o livro “Gaza está em toda parte”, em que denuncia o genocídio dos palestinos por Israel, a partir das 14h15. A mediação é de Eduardo Sterzi.
Diário de Pilar no México
Neste domingo, 15, a Bienal do Livro do Rio de Janeiro terá o lançamento de Flávia Lins e Silva, com ilustrações de Joana Penna: “Diário de Pilar no México” é o oitavo volume da coleção que já vendeu quase um milhão de exemplares. Publicação da Pequena Zahar para o público infantojuvenil. Os autógrafos acontecem no estande da Companhia das Letras, no Pavilhão 3, a partir das 4 da tarde. Acompanhe a autora no Instagram @flavialinsesilvaescritora.
Cinema e juventude contra a ditadura
A Letra Capital lança “O Super-8 no AI-5: memórias de cinema e juventude nos anos 1970”, de Mayra Jucá, neste domingo, 15, durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro. A autora é jornalista, escritora, pesquisadora e criadora audiovisual, e oferece aos leitores uma historiografia da produção de filmes experimentais realizados em ambientes urbanos no período da ditadura militar. O lançamento será no estande 47 do Pavilhão 4, a partir das 5 da tarde.
Tá pensando que tudo é futebol?
O jornalista baiano Franciel Cruz entra em campo neste domingo, 15, para lançar seu livro de crônicas “Tá pensando que tudo é futebol? - Reminiscências & contradições”. Em entrevista para Roberto Azoubel ao Livronews, o autor diz que “o Sertão não saiu de mim, inclusive do ponto de vista literário. Tudo o que escrevo, de algum modo, tá ligado ao que aprendi com os cantadores das feiras livres, uma espécie de amor à cacofonia e à mistura de histórias fabulosas com situações do cotidiano”. O lançamento será no Orora Bar de Esquina, no Recife, a partir das 3 da tarde.
Diálogo universal
Na mesma entrevista, Franciel Cruz fala de sua escrita: “O que alimenta minhas crônicas é meu alimento diário, as ruas. Não consigo conceber a escrita afastada da vivência, do quente, do cotidiano, da labuta. Pode-se lambuzar com um naco de erudição, mas se não tiver o diálogo com as pessoas, creio que não rola. E o diálogo, ou a tentativa de, é algo universal”. Leia na íntegra em www.livronews.com.br.
O mistério das duas cabeças
A produtora cultural Karina Galindo lança “O mistério das duas cabeças” em São Paulo e no Rio de Janeiro. A obra traz os desafios de ser mãe, para leitores adolescentes e adultos. “Autoconhecimento, bullying, diversidade, inclusão, respeito às diferenças e autoaceitação são temas marcantes da história”, de acordo com a divulgação. A capa é impressa em braile e QR Code para acesso à locução de audiodescrição das ilustrações. Neste domingo, 15, a partir das 18h, e na segunda, 16, das 10h às 13h30, a autora estará na Feira do Livro, na capital paulista, no Espaço Escreva Garota. E de sexta, 20, a domingo, 22, na Bienal do Rio. Siga a autora no Instagram em @karinagalindo.oficial.
Memória nacional
Será no estande do Senado, pavilhão 4 da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, o debate sobre “Metodologias digitais para políticas de memória nacional”. Participam Talita Azevedo, Denise G. Porto, Douglas Liborio e João Carlos Nara Jr. A partir das 3 da tarde.
Talita Azevedo, da Unicamp, realiza o mapeamento digital da diáspora africana pelo projeto Oná.
Sport, uma razão para viver
Na terça, 17, Beto Lago faz o lançamento da segunda edição de “Sport, uma razão para viver”, no Recife. A nova edição tem dois volumes e celebra os 120 anos do Leão da Ilha, reunindo todos os resultados dos jogos do time masculino de futebol até o campeonato pernambucano deste ano. Na churrascaria Boi & Brasa, às 18h.
Os anos de vidro
Autora do recém-lançado livro de contos “Os anos de vidro”, em publicação da Nós, Mateus Baldi participa de dois momentos da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, na quarta, 18. Na mesa sobre “Literatura e Gênero”, com Inez Viana, no estande Rio Capital Mundial do Livro, às 4 da tarde. E no debate sobre “Escrever o Brasil: Cartografias literárias” com Ian Fraser, Alê Motta e Vinícius Neves Mariano, no Café Literário às 18h.
Tobias Barreto criminalista
Rafael Fonseca de Melo lança “Tobias Barreto criminalista” na quarta, 18, no Recife. O prefácio é de Eugenio Raúl Zaffaroni, juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que faz palestra no mesmo dia, logo após o lançamento. Na sede da OAB-PE a partir das 18h.
Artes aéreas
Foi no sábado, 14, na Livraria do Jardim, no Recife, a sessão de autógrafos da mestra em Letras e acrobata Malu Vieira, fundadora do Casulo Artes Circenses. Seu livro “Anatomia aplicada às Artes Aéreas - Um guia ilustrado de força, flexibilidade, treinamento e prevenção de lesões” foi publicado com apoio do Funcultura, do governo de Pernambuco. Trata-se de projeto de tradução do inglês de obra da fisioterapeuta Emily Scherb. Dos 1.000 exemplares impressos, 150 serão doados a escolas de circo, companhias e circos itinerantes, além de profissionais da saúde.
Cultura literária
No livro “Cultura – Sobre a diversidade de um conceito”, organizado por Flávio Brayner e lançado recentemente pela Cepe, Lucilo Varejão Neto discorre sobre a cultura literária: “A literatura preenche a vida daquilo que esta não ofereceu e serve ao mesmo tempo como testemunha de uma época e da observação do autor. A literatura é fundamental para desenvolver tanto a atividade intelectual como a capacidade emocional do homem. A atividade literária proporciona uma soma invencível de conhecimentos assim como fortalece a uma geração”.
Poeta: infantil ou louco
Na mesma obra com organização de Flávio Brayner, Paulo Gustavo Oliveira assina texto sobre “Poesia e Cultura: Entre a inocência e o perigo”. Passeando por citações de George Orwell, Martin Heidegger, Hannah Arendt, Martin Puchner, Ernst Curtius, Ortega y Gasset e Ludwig Wittgenstein, Paulo Gustavo chama atenção para a percepção que subestima a poesia e os poetas: “Não sem alguma razão, o senso comum percebe o poeta como alguém infantil ou louco. Uma perversão fatal alimenta o seu espírito atormentado. O poeta não é confiável: sua “fantasia” é um sintoma ou uma evasão. (...) Muitos poetas pensam dessa mesma forma. Ou melhor: sentem, por assim dizer, uma angústia identitária que os posiciona no mundo de uma forma diferente das demais pessoas”.