Expectativa dupla: Bienal do Rio e A Feira do Livro em São Paulo
Eventos paralelos nas duas maiores cidades do país dividem as atenções do mercado editorial – e atraem leitores: livro no Brasil tem público

A Bienal do Livro do Rio de Janeiro começa na próxima sexta, 13, com a proposta de apresentar ao público uma espécie de parque temático da literatura, com atrações imersivas e atividades com o livro sendo o mote. No sábado, 14, tem início a Feira do Livro, em São Paulo, evento de menor porte instalado pela quarta vez na frente do Estádio do Pacaembu, na Praça Charles Miller. São iniciativas diferentes, de portes distintos. Mas a coincidência de datas mexeu com o mercado editorial, gerando reações de espanto e desconfiança, que depois podem se transformar em uma bela história para ser contada. Vale documentário, vale curta, e até colagem de registros que serão certamente postados à exaustão pelas editoras, pelas escritoras e escritores, e sobretudo pelo público que terá oportunidade, até, de ir a ambas, pois a distância não é tão grande quanto a paixão pela literatura e o prazer dos eventos literários.
Em 2025, o Rio de Janeiro é a Capital Mundial do Livro, e a Bienal vai capitalizar a denominação da Unesco com toda a pompa possível. A expectativa é saber se o conceito de Book Park vai estabelecer um novo padrão para os megaeventos literários, em especial, na Bienal do Livro de São Paulo, no ano que vem. Pelo lado paulistano, o que se espera é ver quais os impactos – positivos e negativos – da Bienal carioca sobre a Feira do Livro da 451, que vem numa crescente desde a primeira edição, e é realizada anualmente. As programações das duas são extensas, recheadas de estrelas da cena literária nacional e internacional. Vale a pena ir a qualquer um dos dois eventos, até porque as duas cidades concentram, mesmo, editoras, livrarias, gráficas e autores em busca de espaço.
Poesia nossa de cada dia
A Praça Copérnico no Centro da Pavuna, no Rio de Janeiro, será o palco do sarau de lançamento de “Poesia Nossa de Cada Dia – Alimentos Poéticos para Inspirar o Cotidiano”, de Pedro Poeta, neste domingo, 8. Em entrevista para a Agência de Notícias das Favelas, o escritor disse esperar que o leitor “desperte a vontade de viver. A autenticidade. Que as pessoas se conectem com quem elas são, com sua singularidade. Não precisam ser poetas. Precisam ser elas mesmas”. O evento começa às 2 da tarde. Saiba mais em Da Pavuna para o mundo: Pedro Poeta lança seu primeiro livro de poesias - ANF - Agência de Notícias das Favelas.
As pessoas dos livros
Com produção, roteiro e reportagem de Luiza Schiff, estreia neste domingo, 8, uma série em três episódios sobre a importância da leitura no Brasil. “As pessoas dos livros” irá abordar o trabalho de profissionais do mercado editorial, apresentando “o papel das bibliotecas comunitárias, o direito ao acesso à literatura e as iniciativas que buscam manter vivo o interesse pelos livros em um cenário de transformações culturais e tecnológicas”. A coordenadora da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, Zoara Failla, e a escritora e educadora social Bel Santos Mayer são destaques no primeiro episódio, que vai ao ar à noite, na Globonews, dentro do Especial de Domingo.
Noite poética no Rio
Na segunda-feira, 9, Adriana Lisboa e Claudia Roquette-Pinto conversam sobre poesia, literatura e seus processos de escrita na Janela Livraria do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. O papo marca o lançamento de seus novos livros de poesia: “Antes de dar nomes ao mundo”, de Adriana, publicado pela Relicário, e “A extração dos dias”, de Claudia, pelo Círculo de Poemas. A partir das 7 da noite.
Pássaros de giz
O publicitário cearense Paulo Fraga-Queiroz lança seu primeiro livro de poesia na terça, 10, em Fortaleza. “Pássaros de giz” tem a curadoria e posfácio de Adriano Espínola, professor e crítico literário, membro da Academia Carioca de Letras. No Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE), às 7 da noite.
Antologia erótica feminina
O primeiro livro do selo Pìranha, da editora Garoupa, será lançado na quarta, 11, em São Paulo. “Buraco quente” é uma antologia de contos e poemas escritos por 31 mulheres de vários estados do Brasil. No time de autoras estão Amara Moira, Ana Dos Santos, Geruza Zelnys, Kah Dantas, Lídia Codo, Márcia Barbieri e Monique Prado, além da própria organizadora, a editora e escritora Marina Ruivo. No Sacrilégio Bar, a partir das 7 da noite.
Escritoras brasileiras em Lisboa
Autora de “A filha primitiva”, premiado no Brasil e agora lançado em Portugal pela Língua Mátria, Vanessa Passos promoveu o I Encontro Internacional de Escritoras, com extensa programação de atividades na capital portuguesa. Na agenda, rodas de conversas na Feira do Livro de Lisboa. Entre as participantes, Cibele Laurentino, Irenà Rauda, Cristina Fontenele e Liz Negrão.
O lado humano da tecnologia
O engenheiro Antonio Gil, que atuou na IBM do Brasil e da Venezuela, lançou na Livraria Drummond, em São Paulo, “O lado humano da tecnologia – 60 anos de estórias” pela editora DISRUPTalks. O prefácio é de Ricardo Viveiros, que anota: “Estamos todos muito bem inseridos na aldeia global que o filósofo canadense Marshall McLuhan descreveu lá na década de 1960. E isso não teria sido possível sem o trabalho de pessoas como Antonio Gil, que, de modo apaixonado, inteligente e visionário, contribuíram para que o Brasil pudesse acompanhar as transformações tecnológicas em tempo real”.
Igualdade de direitos
A pernambucana Mary Elbe Queiroz é uma das co-autoras participantes de coletânea em homenagem à ministra Nancy Andrighi: “Construção de um legado para igualdade de direitos às mulheres” foi lançado em Brasília, no último dia 3, no Espaço Cultural do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O Brasil nos livros
Para debater o reconhecimento da identidade nacional nos livros, Bete Pacheco levou para o Balaio Globonews no sábado, 7, a escritora Eliana Alves Cruz e os escritores Cristhiano Aguiar e Stefano Volp. “Meu compromisso é com a vida e em retratá-la com a humanidade que lhe é devida – humanidade que a nossa sociedade, a todo momento, insiste em destituir”, afirmou Eliana.
Brazsilia
Nicolas Behr, Cacá Soares e Marco Miranda lançaram no dia 7, na capital federal, um livro que apresenta Brasília para crianças. “Nem sabe escrever Brazsilia” reúne poemas e ilustrações com bom-humor e interatividade, num convite à literatura e à ampliação do conhecimento sobre a cidade. O evento foi na Biblioteca Pública.
A realeza alegórica
Foi na sexta, 6, no Recife, o lançamento do novo romance de Giba Carvalheira. “A realeza alegórica” se desenvolve “na força afro dos grandes maracatus” da capital pernambucana, e homenageia o artista plástico e carnavalesco Valdson Silva (Val). A noite de autógrafos aconteceu na Galeria Raiz, na Rua da Moeda.
Ecos do silêncio
Na segunda, 2, Lucia Sousa reuniu amigos e leitores no lançamento de “Ecos do silêncio”, em noite de congraçamento na sede da União Brasileira de Escritores (UBE-PE) no Recife. O prefácio do livro é de Raimundo Carrero, e o epílogo, assinado por Margarida Cantarelli, os dois da Academia Pernambucana de Letras.
A ética poética de Montaigne
Na sua obra “Um homem livre: Montaigne”, publicado pela Astrolábio Edições, o presidente da Academia Pernambucana de Letras (APL), Lourival Holanda, chama a atenção da atualidade do filósofo francês do século 16 para os leitores contemporâneos: “A tônica de nosso tempo parece ser, sobretudo, a dispersão e a velocidade. Um retorno a si, ao discernimento próprio, pode ser pertinente; e o excesso de solicitações pede um repouso – não tanto do espírito, mas do ritmo maquinal do mundo diário. Montaigne convida, com os “Ensaios”, a uma retirada estratégica, para refletir sobre o sentido que toma a vida – e a refazer forças”. E acrescenta o professor Lourival Holanda: “Viver, de modo pleno, cada momento como uma descoberta. Essa, a ética poética de Montaigne”.